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Altas temperaturas já afetam agricultura da região

Culturas da época como o milho e o arroz já registram perda de 50% da produção

Foto: Deize Felisberto/Clicatribuna

Foto: Deize Felisberto/Clicatribuna

As altas temperaturas registradas nos últimos dias e, principalmente, no feriado de Natal, quando os termômetros chegaram a registram 43,5°C prejudicaram ainda mais as lavouras. Na propriedade do agricultor Sérgio Novak, do Bairro Linha Batista, o sol forte da última terça-feira chegou a queimar as hortaliças. “O alface teve suas folhas sapecadas. Passei o dia todo molhando e em apenas uma hora sem irrigar as folhas queimaram”, lamenta o agricultor.

A lavoura de couve-flor também não resistiu ao calor (a sensação térmica ontem à tarde era de 56°C) e murchou. “O que está salvando a plantação são os reservatórios de água. Tenho sete açudes que estão aguentando a lavoura nos últimos três meses. Se não tivéssemos os reservatórios já teríamos perdido tudo”, desabafou Novak em entrevista ao site Clicatribuna. Conforme ele, no último sábado, as mudas de alface que foram plantadas acabaram não resistindo ao calor e secaram todas. Além do socorro aos açudes, o agricultor está plantando algumas hortaliças em abrigos como estufas e utilizando sombrites (uma espécie de rede protetora).

Perda de 50% da produção

As culturas da época como o milho e o arroz continuam sofrendo muito. O agricultor Márcio Demboski, também da Linha Batista, diz que já deveria ter começado o plantio da safrinha de milho, mas que a estiagem adiou o início da plantação. A perda na safra chegará a 50%. “A expectativa era colher 120 a 150 sacas por hectares, acredito que chegará somente a 50 sacas por hectare”, contabiliza Demboski, que possui 30 hectares plantados.
Outro agricultor Cassemiro Novak, de 67 anos, estima que a perda fique entre 50% a 60%.

“O calor da última terça-feira terminou de secar tudo. Teremos de colheita o que conseguimos até agora, o restante está perdido”, comenta. O aumento do preço do grão ao consumidor final ainda não é uma certeza. “A produção de Santa Catarina é pequena. Não temos nem o suficiente para o consumo. Temos que esperar para ver como o mercado irá reagir”, esclarece o agricultor, que colherá o grão no final do mês de janeiro.

Preocupação maior com o arroz

Conforme o climatologista Ronaldo Coutinho, todas as culturas em curso estão sofrendo com a falta de chuva e o forte calor, mas, a de arroz a preocupação é ainda maior. “O arroz precisa de água mesmo e tem que ser bastante chuva, já que está ficando no limite e ai será irreversível”, explica Coutinho. O climatologista diz que o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (CIRAM) aponta 100 mm de chuva para os próximos dias. “Acreditamos que chova entre 40 mm a 50 mm. É uma chuva boa. Se chover 60 mm molhará somente de quatro a cinco dedos de solo, para o arroz isso não resolve”, expõe Coutinho.

O rizicultor Eduardo Arns, 42 anos, de Forquilhinha, uma das cidades que mais produz no estado, conta que a falta de água prejudica a floração do arroz. “Os grãos ficarão falhados”, reforça Arns. O abastecimento para os 36 hectares plantados está chegando através dos canais da cooperativa de irrigação. “Estamos recebendo água em dias alternados. Temos certeza que teremos prejuízo, só não sabemos avaliar ainda quanto”, lastima.

Altas temperaturas forçam maturação da uva

Até a uva que se desenvolve em clima mais quente não suporta as altas temperaturas dos últimos dias. “Altas temperaturas como as registradas atualmente forçam a maturação, prejudicando a fruta. Elas ficam muito desidratadas”, anota o engenheiro agrônomo e pesquisador de fruticultura da Epagri, Emílio Della Bruna.

Aves não resistem ao calor excessivo

Avicultores da região já tiveram a perda de aves em função das altas temperaturas. De acordo com o climatologista, Ronaldo Coutinho, as aves e os suínos são muito sensíveis e sofrem com o alto calor. O avicultor Clodoaldo Zanelatto, de Treviso, diz que a sua propriedade não sofreu tanto porque as aves estão pequenas e não conseguem tanta água. “Também estou com um reservatório de água que ainda está sendo suficiente, mas estamos torcendo para que chegue bastante chuva”, espera.

“Para que a situação se normalize iremos até a metade do próximo ano. Existem períodos que chove melhor, mas para corrigirmos este déficit não é de uma hora para outra. Em Criciúma deveria ter chovido 1,6 mm e choveu menos de 1,2 mm este ano”, conta Coutinho. Segundo o especialista, teria que chover de 30% a 40% acima da média nos meses de janeiro, fevereiro e março para que a situação se normalize.