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Antigas reivindicações nos Correios podem ser motivo de greve

Foto: Divulgação

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Profissionais dos Correios da região estão unidos em prol de um mesmo objetivo: conseguir melhores condições de trabalho. Entre as reclamações está a falta de profissionais no quadro da instituição, que não abre concurso para contratação desde 2011. "Muito pelo contrário. A empresa tem um plano de demissão e já demitiu quase 300 pessoas desde 2014, sendo que nenhuma função foi reposta, ou seja, o trabalho só aumenta e se acumula", afirmou o carteiro Samuel de Matos, membro do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Criciúma.

Conforme Matos, após a baixa nas agências de Criciúma, foi necessária a reformulação dos quadros e alguns profissionais das cidades vizinhas precisaram ser deslocados para cobrir os faltantes. "Ainda assim, estamos tendo que fazer a alternância de ruas. Quem antes fazia a entrega em uma região agora faz em duas e precisa se desdobrar para conseguir. Queremos voltar a ser aquele prestador de serviços eficiente que éramos um dia", comentou.

O reflexo dessa diminuição no número de funcionários, de acordo com o trabalhador, tem sido a revolta das pessoas que acabam recebendo contas e demais correspondências com atraso e descontam sua insatisfação nos profissionais dos Correios. "Somos muito xingados nas ruas, mas queremos que as pessoas saibam que não é nossa culpa. Nós nos dividimos para conseguir atender todas as ruas. É um esforço muito grande e que nem sempre dá certo. As cartas estão mesmo chegando com atraso, as pessoas estão pagando juros em suas contas que não chegam em dia e isso está fora do nosso controle", disse.

Com o cenário conturbado, os trabalhadores ameaçam iniciar uma grande greve no dia 14 de setembro, inclusive com a possibilidade de envolver os serviços bancários na paralisação. "Estamos conversando com os servidores dos bancos, pois alguns também sofrerão com as questões de privatização das empresas. Precisamos do entendimento e do apoio da comunidade para isso", afirmou.

Serviços bancários como empecilho

Desde 2012, as agências dos Correios atuam também como Banco Postal, oferecendo diversos serviços do Banco do Brasil. Tal fato, para o atendente comercial Carlos Alberto Raupp Júnior, é um grande chamariz para que pessoas utilizem os serviços das agências, mas tem causado grandes filas e exigido da equipe uma dedicação inviável. "Não temos estrutura para isso. Além do grande movimento, não temos a segurança para lidar com tanto dinheiro nas agências. Sem seguranças ou portas giratórias é um perigo diário. Em Santa Catarina, apenas este ano, já tivemos mais de 30 assaltos", afirmou.

Objetivo social em segundo plano

Com o processo de privatização dos Correios em andamento, conforme Júnior, o entendimento dos trabalhadores é de que a situação deve ficar ainda pior. Com o cenário atual, a ordem aos funcionários é que sejam priorizados os serviços de Sedex e encomendas, ou seja, os que têm maior custo. "Correspondências simples estão sendo deixadas de lado e isso caracteriza que estamos perdendo o objetivo social que a empresa ainda afirma possuir. Sendo privatizada, o foco vai ser ainda mais voltado para o lucro, fazendo mais o papel de uma transportadora", comentou.

O valor levantado como prejuízo da empresa em 2015, de R$ 2,1 bilhões, é contestado pelos trabalhores, que defendem a ideia de que, ao mesmo tempo, R$ 6 bilhões foram repassados ao Governo Federal e que a queda nas arrecadações anunciada seria uma forma de driblar as manifestações contra a privatização.

Com informações de Mayara Cardoso / Clicatribuna