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Antigos foliões guardam na memória os primeiros carnavais de Laguna

Foto: Secom Laguna

Foto: Secom Laguna

O carnaval de Laguna começou com o famoso “Zé Pereira”, no século 18. Grupo que tocava um bumbo, uma caixa de rufo e um par de pratos e saiam pelas ruas cantarolando. 

Logo surgiram as sociedades carnavalescas como Tenentes do Diabo, Guaranis e tantas outras. A partir daí, Laguna iniciou sua tradição no carnaval.

Os carros de mutação, alegóricos ou de crítica, eram o máximo em beleza e criatividade. As guardas de honra com seus cavaleiros e suas indumentárias originais, buscando vestes ora da época da cavalaria da idade média, ora trazendo fardas das guardas que montavam a segurança dos maiores reinados.

A frente desta guarda de honra, apareciam quarenta ou mais cavaleiros. No ano de 1924 surgiram os “Pingos e Respingos” e os “Respingados”. 

Não perdia um baile 

Nesta época, a dona Otília Correa da Silva, a Tilinha, hoje com 92 anos, estava com poucos anos de vida.  Mas não demoraria muito para ela vestir uma fantasia e brincar junto com os blocos, que inicialmente, participavam nos clubes e realizam alguns desfiles na rua para mostrar as fantasias para o público. Na juventude, a rotina era participar dos bailes no Clube 3 de Maio, Blondin, Congresso e Anita Garibaldi, este último, já não existe mais. 

Não mais solteira, vestia a fantasia dos blocos dos casais amigos e não cansava antes das cinco horas da manhã. Atualmente, todas as quintas-feiras são sinônimos de alegria com cantigas de carnaval para dona Tilinha, ela tem fôlego e disposição para participar dos bailes da terceira idade e da janela de casa aprecia a folia de hoje. 

Blocos tradicionais

Período dos blocos de salão como o “Pavão Branco”, que ficou conhecido em todo o Sul do Estado. Foram rivais os blocos de mais beleza: “Toureiros” e “Damas Antigas”, sendo que o primeiro pertencia ao Clube Blondin e o segundo ao Congresso.

Outros blocos se organizaram, como o “Bambo”, que deixou para Laguna seu nome plantado como famoso nas artes carnavalescas.

Após a década de trinta, os blocos não só eram organizados para os salões como também para animar as ruas da cidade com belíssimas fantasias e músicas próprias para o carnaval. A batalha de confete também foi um grande momento da folia lagunense.

O carnaval de Laguna tomou um novo impulso após a segunda-guerra mundial transformando-se num dos maiores eventos turísticos do Sul do Brasil.

Veio a fase dos “Bola Branca e Bola Preta”, num duelo de grandes proporções: a luta pela apresentação da melhor fantasia, disputando o título do melhor bloco carnavalesco de salão. Surgiram também outras entidades da mesma categoria como: “Bola Azul”, “Pingo de Ouro” e “Pingo de Prata”, bem como, blocos rancho e escolas de samba, influenciadas pelo carnaval do Rio de Janeiro. Neste período veio a fase dos “Bolas”: “Bola Branca” e “Bola Preta”, os dois mais famosos Blocos de Salão de todos os tempos, disputavam o título de Melhor Bloco da Cidade, com as mais belas fantasias. 

O “Bola Azul” do Magalhães e o “Pingo de Prata” do Campo de Fora também eram rivais. O “Pingo de Ouro” foi outro Bloco de Salão que surgiu por aqui. A era dos Blocos de Salão acabou nos anos 70, quando acabaram o “Bola Branca” e o “Bola Preta”. Os outros blocos já haviam acabado antes.

Em 22 de fevereiro de 1946 foi fundado o primeiro grande bloco de rua de Laguna, hoje transformado em escola de samba. O “Clube Carnavalesco Xavante”, que foi criado no Centro, fixou-se no Magalhães, onde está erguida a sua sede.

Em fevereiro de 1947 foi fundado o “Bloco do Brinca Quem Pode” no bairro Campo de Fora. Mais tarde, sua sede foi erguida na Roseta, atual bairro Progresso.

Xavante e Brinca Quem Pode travaram ao longo dos anos uma acirrada disputa pela hegemonia no carnaval lagunense. O Xavantes puxava o “Bola Preta” em seu desfile, já o Brinca Quem Pode puxava o “Bola Branca”.

 A “Escola de Samba Bem Amado”, fundada no Centro em 1947, foi a principal responsável pela mudança, postura e visual das nossas escolas. Ela teve vida curta, deixando de participar por longos anos, ressurgindo na década de 90 e logo sendo desativada.

Em 1954 surgiu no morro a “Escola de Samba Mangueira”. A escola já não existe mais. No ano de 1958, surgiu a “Sociedade Recreativa e Cultural Escola de Samba Vila Isabel”.

O “Grêmio Carnavalesco Os Democratas” surgiu em 1958 no bairro Campo de Fora e existe até hoje. A “Sociedade Cultural e Recreativa Os Amigos da Onça” iniciou como entidade mirim, depois passando para entidade adulta. Em 1971 surgiu a “Escola de Samba Os Acadêmicos do Magalhães”.

Nos anos seguintes outros blocos foram surgindo, hoje, cadastrados na Secretaria de Turismo são treze. Mas tradicionalmente, famílias e amigos reúnem-se e montam pequenos blocos para cair na folia. 

As amigas Marciele Souza e Ana Beatriz, de Criciúma, há cinco anos, vão atrás do bloco da Pracinha, vestidas da heroína Mulher Maravilha. “Rimos muito”, conta Marciele, que está na expectativa de mais um carnaval em sua vida com muita história para contar.