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Apae Criciúma: 46 anos de amor e solidariedade

Entidade comemora aniversário nesta quinta-feira, com festa julina para os alunos

Atenta, a mãe Ana Cláudia Barbosa acompanha os movimentos fisioterápicos realizados pela pequena Alice. A menina, de apenas cinco anos, possui hidrocefalia, também conhecida como “água no cérebro”. Trata-se de uma doença neurológica causada pelo acúmulo excessivo do líquido de proteção do cérebro e da medula espinhal. Por conta do inchaço na cabeça, o funcionamento da mente e do corpo foram gravemente afetados, mas a professora universitária tem esperança no desenvolvimento da filha, ainda mais após conhecer a Apae Criciúma. “Chegamos à entidade em março deste ano e os resultados já são visíveis. Por conta do excelente trabalho multidisciplinar oferecido, Alice está ativa, passou a interagir mais em casa e consegue permanecer maior tempo sentada, o que era bem complicado”, comemora.

Assim como Alice, outras 229 pessoas, de zero a 63 anos, com deficiência intelectual e múltipla e síndromes associadas (Rett, Down, West, Seckel, entre outras), são atendidas, diariamente, pela Apae Criciúma. Uma história de amor e solidariedade que vem sendo escrita há 46 anos, graças ao empenho de um pai, que, como Ana Cláudia, buscava uma vida melhor para duas filhas portadoras de deficiência mental.

Tudo começou em 1967 quando Elias Lindolfo Eufrásio, já falecido, escreveu para a esposa do Marechal Artur da Costa e Silva, então presidente do Brasil. A solicitação de ajuda foi prontamente atendida pelo Departamento de Saúde do Rio de Janeiro, que providenciou a ida do pai à Florianópolis para conhecer a Apae local. A história de Elias comoveu a assistente social Dolores De Luca, que organizou os primeiros documentos para a criação da entidade em Criciúma. Com a divulgação do projeto, logo surgiram os primeiros parceiros.

O prefeito da época, Dr. Ruy Hulse, determinou o levantamento dos alunos, enquanto o Dr. Benedito Narcizo da Rocha encabeçou a fundação da entidade no dia 17 de julho de 1968, com 19 beneficiados. Já a Escola Caminho da Luz iniciou as atividades um ano depois, no dia 01 de agosto de 1969, sendo batizada por Moacir Jardim de Menezes. “O apoio do Rotary e Lions, assim como da Maçonaria, por meio da loja Presidente Roosevelt, foram fundamentais para a instalação da Apae no município, colaboração que se mantém até hoje”, enfatiza o atual presidente da entidade, Luiz Sidney Citadin.

A primeira sede da Apae Criciúma foi cedida pela extinta CBCA, no bairro Santa Bárbara, em 1969. Vinte anos depois, em 1989, uma nova e ampla instalação foi disponibilizada pela Caixa Econômica Federal, no bairro Pinheirinho, local que, posteriormente, se tornou a sede própria.

Ao longo dos anos, a manutenção da entidade também se deu graças ao apoio da sociedade e de convênios, já que ela não possui fins lucrativos. Atualmente, a Apae Criciúma é mantida com recursos liberados pelo Governo do Estado, Fundação Catarinense de Educação Especial e Prefeitura de Criciúma.

Serviços oferecidos e diferenciais

Graças ao esforço e dedicação de 11 presidentes, todos voluntários, e de suas equipes, a Apae Criciúma se tornou uma das maiores do estado em termos de estrutura e número de atendimentos. A equipe multidisciplinar é composta por dois médicos (pediatra e psiquiatra), fisioterapeutas, dentistas, psicólogas, pedagogas, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, nutricionista e assistente social. Além disso, são oferecidas atividades nas áreas de educação física, música, artes e informática. “Todas as ações são voltadas ao desenvolvimento pleno das potencialidades dos alunos, para isso o atendimento e apoio às famílias também é necessário. Buscamos, diariamente, a construção da cidadania, inclusão social e educacional e a melhoria da qualidade de vida de cada um”, reforça a vice-presidente Maria Neiva Mezzari Borges, a colaboradora mais antiga da entidade, com 36 anos de voluntariado.

Ao todo, 60 funcionários atuam na Apae Criciúma nos períodos matutino e vespertino. Graças às merendeiras, por exemplo, os educandos recebem duas refeições completas, por período, mais de 20 mil são servidas por mês. Ao final do almoço ou jantar, os alunos deixam a escola de ônibus, transporte oferecido, gratuitamente, pelo Governo do Município.

Recentemente, a Apae Criciúma colocou em funcionamento duas importantes ferramentas, uma pedagógica e outra fisioterápica. A Casa de Habilidades da Vida Doméstica, doada pelo Clube da Decoração e Arquitetura (CDA), segunda do gênero no estado, tem possibilitado a prática de tarefas do dia a dia, para maior autonomia dos alunos. Já o Pediasuit, alia tecnologia e saúde. O equipamento, desenvolvido para reabilitação de astronautas da Nasa, atua no tratamento intensivo da diminuição da atrofia muscular, melhoria da consciência corporal e estabilidade postural, melhora do alinhamento biomecânico, equilíbrio, tônus e coordenação motora. O serviço é disponibilizado às Apaes de toda a região Carbonífera. “Os anos passaram e conseguimos acompanhar a evolução da educação especial. Antigamente, os alunos apenas brincavam e socializavam, era um local para passar o tempo, hoje não, com tantas ferramentas à disposição, nossos alunos estão cada dia mais independentes e com maior longevidade”, afirma a diretora pedagógica Laktiel dos Santos Alexandre.

Festa Julina vai marcar comemorações

Nesta quinta-feira, em comemoração aos 46 anos, a entidade vai se transformar em um grande arraial. Com todos os quitutes da época, alunos e funcionários vão confraternizar pela manhã, a partir das 8 horas, e a tarde, às 14 horas. Alguns pais foram convidados para colaborar e participar, mais ativamente, do ambiente escolar dos filhos.

Dados em destaque

230 alunos são atendidos diariamente

63 anos possui o aluno mais idoso atendido atualmente

60 funcionários atuam na entidade

20 mil refeições são servidas por mês

11 presidentes já passaram pela entidade

A Apae Criciúma foi fundada em 17 de julho de 1968

A Escola Caminho da Luz foi fundada em 01 de agosto de 1969

A Apae Criciúma está instalada no bairro Pinheirinho desde 04 de agosto de 1989

Colaboração: Caroline Bortot

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