Economia

Avicultores e trabalhadores da JBS protestam com máscaras de terror e caixão

Reajuste salarial, novo contrato, plano de saúde e equipamentos de segurança estão na pauta da reivindicação

Foto: Engeplus

Foto: Engeplus

De preto, com máscaras de terror e com um caixão integrantes da Associação dos Avicultores do Sul Catarinense (Acav) e do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Alimentação de Criciúma e Região (Sintiacr) estiveram em protesto na frente da empresa JBS, em Forquilhinha, nesta quarta-feira. A empresa é responsável por mais dois abatedouros de aves na região Sul; que se concentram nas cidades de Nova Veneza e Morro Grande. Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 6,59%, sendo 6% de ganho real mais o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), sendo que a empresa oferece 0,91% de aumento real.

Plano de Saúde – Além do reajuste, os trabalhadores lutam contra uma mudança drástica em relação ao Plano de Saúde, que poderá sofrer alteração no mês de janeiro. Conforme o presidente do Sintiacr, Célio Elias, atualmente, cada trabalhador paga R$ 28 pelo Plano de Saúde, no entanto, a empresa apresentou um reajuste deste valor para R$ 52, em uma reunião no fim de agosto.

“Hoje, se eu colocar meu filho como dependente pagarei R$ 8 a mais, se colocar minha esposa pagarei mais R$ 8, somando R$ 44, o valor máximo pago. Na colocação de mais um filho, por exemplo, o valor a ser cobrado será o mesmo, pois o limite é R$ 44. Com a mudança, será pago R$ 58 por trabalhador e será acrescentado R$ 104 por dependente. Ou seja, se colocar meu filho e minha esposa será pago R$ 108, mais os meus R$ 58, totalizando R$ 166. Um valor muito alto, um absurdo”, destaca o presidente do sindicato, em entrevista ao site Engeplus.

EPIs – Além destas questões, os trabalhadores lutam por melhorias na redução do ritmo de produção, aumento ao auxílio-maternidade para 180 dias, direito de 48 horas para as mães levarem seus filhos ao médico no período de um ano, além de maior qualidade dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “O material, como as luvas disponibilizadas aos trabalhadores está muito abaixo do ideal, colocando a segurança dos trabalhadores em jogo”, frisa Elias.

Em solidariedade aos trabalhadores, representantes do Sindicato dos Avicultores da Região Sul, que possui mais de 500 associados, estiveram presentes na frente da empresa. De acordo com a segunda secretária da associação, Roziléia Inocente, a iniciativa também ocorre para que um canal de comunicação com a empresa seja aberto. “A última reunião ocorreu no dia 7 de maio e desde então foi deixado claro para os avicultores que não haveria mais nenhum diálogo. No último sábado representamos um repúdio ao novo contrato estabelecido pela empresa”, frisa.

Segundo o tesoureiro da associação, Janir Ghisoni, de dez cláusulas do contrato, oito são de benefício da empresa. “Não existe preço mínimo para o frango e em caso de doenças, por exemplo, os produtores devem arcar com os prejuízos, levando em consideração que é a empresa que disponibiliza os pintos para a criação”, destaca o tesoureiro. Integrados do abatedouro  de Morro Grande e Nova Veneza já assinaram o contrato. Em Forquilhinha, o documento ainda não foi assinado. Até o momento, 19 produtores foram desligados da empresa por alegação de quebra de contrato.

A empresa – Segundo o gerente corporativo da empresa JBS, José Antônio Ribas Júnior, a empresa cumpriu com todos os compromissos junto com os trabalhadores. “Estivemos reunidos com os prefeitos das três cidades, onde estão instaladas as empresas. Trouxemos melhorias no contrato, sendo que todos foram assinados. Estamos focados no bem dos nossos produtores, inclusive, a renda das três empresas melhoraram. Estamos convictos que estamos certos”, frisa. Ainda de acordo com Júnior, foram investidos R$ 20 milhões na fábrica de Forquilhinha nos últimos meses.

Em relação ao estudo da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), que apontou que os produtores gastam mais na produção do frango e recebem menos com a venda deles, o gerente corporativo, ressaltou que ainda não teve acesso aos números, porém, já marcou uma agenda entre a empresa e o reitor da universidade para a apreciação dos dados. 

Júnior ainda ressaltou que os trabalhadores não são colocados a insalubridade. “Isso é um desconexo de toda a nossa estratégia cometer este tipo de evento”, frisa. A JBS adquiriu o abatedouro de Forquilhinha em outubro de 2013. Já o de Morro Grande e o de Nova Veneza em março do ano passado.

Protesto na frente da empresa JBS (vídeo Douglas Saviato):