Economia

Bacia leiteira de Braço do Norte aumenta a produção

O volume de leite produzido é de 800 mil litros por dia na região

Foto: Fernando Silva/Notisul

Foto: Fernando Silva/Notisul

Com a profissionalização de produtores e a melhoria genética das cabeças de gado, a região de Braço do Norte chega a uma importante marca: a produção de 800 mil litros de leite diários. Para alcançar esse nível, o vale recebe incentivo por parte dos governos federal, estadual e municipal, e conta com a determinação dos agricultores.

Com volume e qualidade, a região tornou-se referência nacional e internacional na criação de gado Jersey. Cerca de 95% de toda a produção vem de vacas da raça, que têm o leite mais rico em gordura e solidez em até 15%, o que garante maior aproveitamento dos laticínios. O valor do litro também favorece o desenvolvimento do produtor, que recebe pouco mais de R$ 1,00.

Conforme reportagem do jornal Notisul, Edésio Oenning foi o pioneiro na criação da raça e um dos maiores incentivadores das melhorias genéticas na região. “O agricultor descendente de alemão e de italiano, como os daqui da nossa região, é muito forte. Começamos a melhorar a genética e aí surgiram os laticínios, que aproveitam da qualidade que nós temos de sobra”, explica o produtor.

Sobre o valor do litro atual, Edésio, que já foi secretário municipal de agricultura e meio ambiente e diretor de desenvolvimento rural na secretaria estadual de agricultura, destaca a imponência da região, em relação ao resto do mundo. “Já viajei por 19 países onde há a mais alta tecnologia. Não devemos nos curvar para ninguém. O valor é bom, ele até mesmo passou o valor de US$ 0,50. No mundo, o leite chega a US$ 0,35 ou 40. Em nenhum lugar temos isso, considerando que os nossos laticínios ainda não pagam um valor diferenciado para o leite de Jersey como em outros países”, avalia. Braço do Norte deve também receber em breve o título de Capital Nacional do gado Jersey.

Destaque nacional e cuidado com o meio ambiente

O prefeito de Braço do Norte, Ademir Matos, destaca que a bacia leiteira deu uma grande visibilidade ao município em nível nacional. “Nossa genética é apurada e nós temos a determinação dos agricultores. Para se ter noção do nosso crescimento, hoje, do valor do Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural (FDR), destinado para financiamentos e projetos, 30% fica na região. Isso mostra o porquê de produtores de outros estados virem buscar a genética dos nossos animais”, evidencia o prefeito.

O secretário de agricultura de Braço do Norte, Wolnei Schueroff, explica que além do incentivo das produções, há também uma maior conscientização por parte dos agricultores em relação ao meio ambiente. “Nós temos um projeto para recuperar a parte nativa que foi desmatada em épocas passadas, quando não havia a conscientização dos produtores. Nesse projeto entramos com a parte técnica, a Afubra dá as sementes e a Moldurarte vai fornecer os viveiros para o cultivo das mudas. Nós temos incentivado, orientado e ajudado os nossos agricultores nesse fator, até porque com a fiscalização atual e o registro dos terrenos, quem não tiver os 20% de mata nativa necessários, não poderá fazer uma série de questões importantes, como pegar um financiamento, por exemplo”, completa o secretário.

Números animadores

Para se fazer uma conta grosseira, Edésio Oenning explica que pode-se tirar a média de cada animal. “Podemos pegar esses 800 mil litros e dividirmos por uma média de 16 litros por vaca. Um animal bem cuidado dá de 21 a 23 litros por dia. Um mais fraco dá 14 ou 15. Se fizermos 800 mil divididos por 16 temos 50 mil animais ordenhados. Desse número ainda temos mais 20% que são as chamadas vacas secas, que estão criando. De animais registrados, com PO, nós devemos ter perto de 5 mil cabeças. São números animadores para a região e para o produtor”, destaca o ex-presidente da Associação Catarinense de Criadores de Bovinos (ACCB).

Programa: um milhão de litros de leite

Lançado no ano passado, o programa do governo estadual visa beneficiar produtores de leite de Braço do Norte, Criciúma, Laguna e Tubarão. A ação foi feita em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e a secretaria de estado da agricultura e da pesca. O principal objetivo do programa é auxiliar os agricultores para melhorarem a pastagem e, consequentemente, dobrar a produção diária no período de cinco anos.