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Brasil precisa ganhar competitividade em produtos acabados de metalurgia

Tendência de microestruturas metálicas mais leves e finas e de cerâmicas funcionais foram apresentadas em Workshop do SENAI no Sul do Estado

Margareth Spangler (Foto: Diogo Bilésimo)

Margareth Spangler (Foto: Diogo Bilésimo)

Grande exportador de minério de ferro, o Brasil precisa ganhar competitividade em produtos acabados de metalurgia. É a opinião de Margareth Spangler Andrade, diretora do Instituto SENAI de Inovação em Metalurgia e Ligas Especiais, de Minas Gerais. Ela foi uma das palestrantes do Workshop Internacional de Materiais, promovido pelo SENAI/SC, entidade da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), na sexta-feira (10), em Criciúma. O evento tratou do desenvolvimento de novos materiais, como ligas metálicas nobres ou cerâmicas funcionais.

"Há uma tendência básica na metalurgia na direção de microestruturas mais finas, de caminhar para o extremamente pequeno", afirmou Margareth, que é doutora na área pela universidade belga de Leuven. "Os produtos em geral exigem materiais mais resistentes, com mais tenacidade para absorver impactos, resistentes à corrosão e que atendam as necessidades e desejos das pessoas", acrescentou. Ela citou como exemplos de aplicação os eletroeletrônicos e o setor automobilístico. "Um carro produzido com metal mais resistente pode ser mais leve e, por isso, mais econômico; se tiver mais tenacidade absorverá mais energia nos impactos, oferecendo mais segurança", explicou.

A ampliação da competitividade brasileira no desenvolvimento e produção de ligas metálicas é a missão central do centro que Margareth dirige. "As ligas que envolvem níquel, alumínio, cobre titânio ou zinco são nobres, ou seja, possuem alto valor agregado". Com atuação em âmbito nacional, o Instituto de Inovação em Metalurgia e Ligas Especiais terá operação em parceria com outros institutos do SENAI, como o catarinense de Tecnologia em Materiais, do SENAI em Criciúma. A parceria pode contribuir para pesquisas que associem metais e cerâmica ou plásticos.

Cerâmica avançada

O doutor Xavier Granados, do Instituto de Ciências dos Materiais, da Espanha, apresentou as tendências em cerâmica avançada. "É uma tecnologia baseada em óxidos metálicos ou cristais que podem ser aplicados em diversas funções. Este tipo de tecnologia já é utilizado em telefones celulares, condutores elétricos e até mesmo na aplicação da cerâmica tradicional com impressões HD", explicou. Especialista no desenvolvimento de supercondutores cerâmicos, Granados tratou na palestra da aplicação de impressão de alta definição em revestimentos cerâmicos. O palestrante também destacou as possibilidades de parceria entre o SENAI e o órgão no qual trabalha, que é sediado no campus da Universidade Autônoma de Barcelona e subordinado diretamente ao Ministério de Economia e Competitividade da Espanha.

Inovações catarinenses

O Workshop também destacou duas inovações desenvolvidas pelo SENAI em Criciúma. Uma delas, vencedora da Mostra Inova SENAI (em âmbito nacional), é o fertilizante produzido a partir de resíduos de lavanderias industriais. Esses resíduos exigem tratamentos e são depositados em aterros industriais, mas não eliminam o passivo ambiental das indústrias. A pesquisa identificou nos resíduos a presença de nitrogênio, fósforo e potássio, os principais nutrientes de vegetais, que levou a equipe do SENAI em Criciúma a criar o fertilizante. "Do que era um problema, geramos a possibilidade de um novo produto", afirmou a pesquisadora Rosaura Piccoli.

A outra inovação foi a bisnaga biodegradável, desenvolvida em parceria com a C-Pack, de São José. Elaborada à base de resinas vegetais, a bisnaga, destinada ao setor de cosméticos, se deteriora em 200 dias em composteiras, explicou André Michel Kehrvald, da área de pesquisa e desenvolvimento de matérias-primas da empresa.

Parcerias

Os workshops internacionais integram o escopo da Rede SENAI/SC de Inovação e Tecnologia, composta por uma dezena de institutos, instalados em todas as regiões do Estado. Sua atuação compreende ainda a realização de parcerias com instituições nacionais e internacionais de referência. O Sul de Santa Catarina poderá se beneficiar com esses intercâmbios, na opinião do vice-presidente da FIESC para a região Sul, Diomício Vidal. "Hoje nós não perdemos mercado devido à qualidade. Este workshop vem promover e aprimorar conhecimentos em diversas áreas", comentou.

Colaboração: Paula Darós Darolt/Agência Novo Texto