Segurança

Caos na segurança pública motiva série de paralisações

Foto: Lucas Colombo/Arquivo Clicatribuna

Foto: Lucas Colombo/Arquivo Clicatribuna

O aumento da criminalidade aliada ao baixo efetivo e à falta de valorização profissional. Esses são alguns dos motivos que geraram uma série de paralisações nos órgãos responsáveis pela segurança pública. Após a Polícia Federal, em nível nacional, deflagrar uma paralisação de três dias em busca de melhores condições de trabalho – atingindo a Delegacia de Criciúma -, a Polícia Civil catarinense, que vem se mobilizando desde 2012, anunciou para esta quinta-feira uma paralisação de 10 horas. Amanhã também deve ser decidido se os servidores do sistema prisional do estado irão paralisar as atividades em busca de melhores condições para prosseguir com as atividades.

Conforme o site Clicatribuna, a paralisação da Polícia Civil inicia às 8h e encerra às 18h. Segundo o diretor de assuntos profissionais e de divulgação do Sindicato dos Policiais Civis de Santa Catarina (Sinpol-SC), o agente de polícia lotado em Criciúma Arilson Nazário, serão paralisados todos os serviços da corporação, inclusive das unidades especializadas, como Detran, Ciretran’s e Citran’s. "Serão atendidos somente casos de emergência, prisões em flagrante ou por ordem judicial", explica.

Boletim de ocorrência somente em situações graves

Os boletins de ocorrência só irão ser registrados em caso de homicídio, tentativa de homicídio, suicídio, roubo seguido de morte, sequestro e cárcere privado, estupro, desaparecimento de pessoa, furto e roubo de veículo e recuperação de veículo furtado ou roubado. O motivo da paralisação, conforme Nazário, é o mesmo dos últimos anos. "Por conta da continuidade do descaso do Governo Estadual com a categoria, os salários defasados, o efetivo reduzido, as promoções atrasadas, a não aplicação da data-base, a extinção do sobreaviso não remunerado e a carreira de escrivão de Polícia Civil, o que desmotiva", completa o agente.

O Governo, no ano passado, segundo ele, não aceitou negociar com a corporação e aprovou proposta em que retirou os adicionais dos profissionais, como pós-graduação, periculosidade e adicional noturno. Em julho, uma greve foi deflagrada, mas, por considerar o movimento ilegal, a Justiça determinou o fim da paralisação sob multa diária de R$ 50 mil caso houvesse descumprimento.

Mobilização tomou força ano passado

A categoria começou a se unir em busca de melhorias há dois anos, mas, no ano passado, a mobilização foi intensificada com diversas manifestações. Uma delas foi uma passeata na Avenida Centenário, após uma assembleia na Associação Empresarial de Criciúma (Acic), até o Parque das Nações. Policiais de toda região estavam munidos com camisetas e cartazes denunciando o descaso e solicitando condições adequadas de trabalho.

Em Lages, também no ano passado, uma manifestação diferente ocorreu com o "enterro" da corporação, onde a bandeira da Polícia Civil foi colocada em cima de um caixão, percorrendo as ruas da região serrana.

Dobro do efetivo, seria o necessário

Segundo dados apresentados pelo Sinpol, desde 2007, a corporação perdeu 891 policiais. Um total de 1.217 ingressou neste mesmo período, resultando no acréscimo de somente 326 policiais, com o aumento significativo da criminalidade nesses seis anos. Em todo estado, o quadro de efetivo não chega a 4 mil policiais, sendo que o necessário seria o dobro.

O baixo efetivo é reflexo da questão salarial. "Estamos perdendo policiais para outras carreiras e muitos não se interessam pela atividade por conta da desvalorização salarial. Para estar na Polícia Civil, tem que ter curso superior, o que exige uma boa condição financeira do futuro policial. Como o concurso é em nível nacional, muitos vêm de outros estados, mas não conseguem se manter pelo custo de vida aliado ao salário não condizente. São motivos a mais para sair da corporação", diz o agente.

Criciúma conta com 81 policiais civis

Segundo a pesquisa do ano passado, com base no setor de recursos humanos do policial, em Santa Catarina, são 3.205 policiais civis ativos. Na Região Carbonífera, que compreende 12 municípios, o número é de 152. Em Criciúma são 81 policiais civis. "Queremos dignidade e só paramos quando ela chegar!", esbraveja Nazário, em nome de toda corporação.