Segurança

Casep de Tubarão e região continua carente de vagas

Por falta de disponibilidade, apreendidos na Amurel são encaminhados até Curitibanos ou Lages. Obras que resultarão em mais 60 vagas no Sul ainda não iniciaram.

Foto: Kalil de Oliveira/Notisul

Foto: Kalil de Oliveira/Notisul

Nem sempre é possível manter adolescentes apreendidos próximos de suas famílias. Segundo a Polícia Civil de Sangão, a medida socioeducativa de um adolescente precisou ser iniciada em Curitibanos, devido à indisponibilidade de vagas no Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório – Casep de Tubarão e região. Na Cidade Azul, são oferecidas 12 internações de no máximo 45 dias. Todos esses adolescenetes precisam ser de um dos municípios da Associação da Região de Laguna – Amurel.

Uma solução, segundo o gerente do departamento de Administração Socioeducativa – Dease, órgão responsável pela administração dos Caseps, Roberto Lajius, de Florianópolis, é a construção do Centro de Atendimento Socioeducativo – Case de Criciúma, mas, as obras ainda não iniciaram. Neste novo local serão oferecidas 60 vagas. “O ideal é que cada comarca tivesse o seu centro. Mas acredito que não haveria essa necessidade. Custaria muito caro e o estado não está preparado. Com o Case Sul, a região ficará muito bem atendida”, projeta Roberto. Se a empresa vencedora da licitação fosse conhecida amanhã, em torno de 18 meses seria o prazo para conclusão das obras.

Segundo o gerente, outras saídas para evitar a lotação do sistema já são encontradas pelo próprio judiciário, quando os magistrados optam pela prestação de serviço comunitário, o que é bastante comum, em um processo que recebe a participação das prefeituras das cidades nas quais o adolescente reside.

Para as vagas nos Caseps, são oferecidos atendimentos especiais voltados à ressocialização dos adolescentes em conflito com a lei. O estado mantém pedagogo, assistente social, psicólogo e educadores sociais treinados. Estes últimos acompanham o rendimento do interno diariamente. O desafio fica ainda maior quando o caso envolve dependência química. Quase sempre é necessário envolver também os pais e irmãos, como um resgate familiar.

12 estão internados em Tubarão

O coordenador do Casep em Tubarão, Ezequiel Bitencourt, reconhece o problema das vagas. Todas as segundas-feiras a unidade informa a lista de ocupação. Na última semana, os 12 quartos individuais estavam cheios. 

“Um caso que cito é de um adolescente de Laguna, que está conosco em Tubarão. Oferecemos a passagem para os pais visitarem. Tem situações dos pais saberem que o filho está fora de casa quando ele está internado na unidade e a gente liga. Eu não culpo o adolescente, culpo a sociedade. Ele vem de um meio impróprio”, aponta Ezequiel, que também atua como psicólogo na Comunidade Terapêutica Desafio Jovem, em Tubarão.

Ele explica, ainda, que um adolescente em conflito com a lei internado no Casep segue uma rotina de bastante ocupação e que neste aspecto a unidade tubaronense é referência em Santa Catarina. Nas partes da manhã, há aulas de informática, curso de DJ, oficina de música, jogos lúdicos, atividades físicas e oficinas de higiene. 

Por lei, os Cases recebem adolescentes entre 14 a 18 anos, mas um interno pode cumprir sua medida socioeducativa até os 21 anos. “Não vai adiantar reduzir a maioridade penal. Mesmo que isso ocorra, os adolescentes não deverão ficar junto com os presos. As pessoas têm que entender isso”, critica o psicólogo.

Com informações do Jornal Notisul