Segurança

Caso Mirella: Primeira audiência ocorre hoje

Pai Amélio Peruchi - Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

Pai Amélio Peruchi – Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

O crime que mobilizou Criciúma e toda a região nos últimos meses terá mais um capítulo na tarde de hoje. A partir das 13h50min será realizada a primeira audiência de instrução e julgamento no caso da médica Mirella Maccarini Peruchi, que foi assassinada na noite do dia 27 de abril após uma tentativa de assalto no Bairro Michel, na Primeira Vara Criminal de Criciúma. Deverão ser ouvidas dez testemunhas.

Em junho, a 1ª Vara Criminal de Criciúma aceitou a denúncia do Ministério Público, que determinou a condição de réu a G.A.F., de 22 anos, um dos autores do crime. Ele pode pegar mais de 30 anos de prisão por ter cometido dois crimes. De 20 a 30 anos por latrocínio e de 1 a 4 anos por corrupção de menores. Já o julgamento do menor, que confessou ter disparado contra Mirella e que estava com G. na hora do crime, está em segredo de Justiça. A pena máxima é o cumprimento de medida socioeducativa por três anos. Na audiência de hoje deverão ser ouvidas dez testemunhas, entre elas o marido, o médico Jaime Lin, que estava com Mirella no momento do crime.

A reportagem do Jornal A Tribuna entrou em contato com a defensora pública do réu, Otávia Garcez Marroni, para saber sobre as estratégias da defesa na primeira audiência, mas ela preferiu não se manifestar.

Pai fala da tristeza e do cumprimento de Justiça

Após pouco mais de 90 dias do crime, entre os familiares, o sentimento é de pedido de Justiça. Para o pai de Mirella, Amélio Peruchi, qualquer que seja o resultado do julgamento isso não substituirá a perda da filha. Ele vai acompanhar o julgamento no Fórum, junto com os outros parentes e amigos. “O que os caras fizeram não tem advogado. Estou atento a todo o processo e quero que a Justiça seja feita”, enfatizou Peruchi, em entrevista concedida à reportagem do Jornal A Tribuna em sua casa.

Ele ressalta também toda a mobilização da cidade quanto ao caso.  “Criciúma toda está dolorida. Infelizmente perdi minha filha e, com isso, se desencadeou uma força tarefa na cidade. Foi bem vinda, mas não estamos totalmente seguros. A gente agradece o apoio de toda população para superar e ter forças”, declarou.

Apesar da perda, o pai não semeia o desejo de vingança. “O que aconteceu com minha filha, serviu de alerta. Não queremos que aconteçam com outras pessoas de bem. Para não destruir outras famílias. Pela Mirella não podemos fazer mais nada, a gente quer fazer com que em outras casas isso não se repita”, destacou.  Para ele, a falta de estrutura que os governos oferecem para as pessoas menos assistidas tem contribuído para o aumento da criminalidade. Em relação aos autores dos crimes, Amélio afirma que eles paguem o que cometeram. “Quero que eles cumpram a pena durante um bom tempo, mas não desejo a morte. Fui ensinado durante toda a minha vida a agir pela vida. E agora não seria diferente”, afirmou.

Mobilização será feita durante a audiência

Durante todo o dia, familiares de Mirella estarão de prontidão em frente ao fórum. “Vamos ver quantas pessoas podem entrar na sala do julgamento. O restante ficará no lado de fora fazendo pressão para que a Justiça seja feita”, afirmou Nilson Olivo, tio de Mirella, que está coordenando a mobilização nas redes sociais e na imprensa nos últimos meses. Ele ressalta ainda a eficiência da Justiça no andamento do caso e que a mobilização popular pode fazer a diferença. “Queremos que a população de bem esteja toda aqui fazendo força para que a Justiça seja feita. Chega de injustiça neste país”, afirmou. Não está descartado ainda que, após a primeira audiência, os familiares se desloquem ao Centro de Atendimento Sócioeducativo (CASEP) de Criciúma em forma de protesto, onde um dos réus está internado. “Queremos fazer uma ‘visitinha’, desabafou Nilson. No sábado, outro ato deverá ser realizado pela família em memória de Mirella.

Cinzas da médica serão espalhadas no Caminho de Santiago

Enquanto ocorre todo o trâmite jurídico em relação ao caso, a família de Mirella prepara uma homenagem. Amélio é adepto a caminhadas de longa duração. Ele já fez duas vezes o Caminho de Santiago de Compostela, rota medieval de peregrinação com mais de 11 séculos de existência, que mobiliza diversas pessoas no mundo, entre os países da França e Espanha.

Em setembro deste ano, Amélio faria pela terceira vez a missão de mais de 800 km a pé, junto com Mirella. Ela iria pela primeira vez. Na terceira vez, Amélio deve ir com dois filhos e um sobrinho fazer o percurso e prestar uma homenagem para Mirella. Ele vai jogar parte das cinzas de Mirella durante o trajeto. A viagem começa em setembro e deve durar cerca de três semanas. “A primeira vez que eu fui, foi para pedir, a segunda, para agradecer. Agora, vim para oferecer as cinzas de Mirella e voltar energizado. Queria que ela fosse comigo, mas vai estar lá no céu nos acompanhando”, afirmou emocionado.

Mesmo que ainda não tenha feito a terceira, a quarta viagem ao local já está programada. Deve acontecer em 2017. “Quero colher as energias dessa viagem que farei em setembro, em 2017”, declarou.

Com informações do Portal Clicatribuna