Segurança

Casos de crimes sexuais pela internet aumentam nos últimos anos na região

Foto: Maycon Vianna/Jornal Notisul

Foto: Maycon Vianna/Jornal Notisul

De longe é possível ouvir os toques suaves dos dedos no teclado do computador. A porta do quarto está fechada, afinal, eles querem privacidade. Não pretendem ser importunados de forma alguma, nem mesmo para fazer um lanche. Do outro lado, um desconhecido, não se sabe qual a sua idade, a sua procedência. No papo pelo celular, só murmúrio. É justamente aí que começa o perigo. A situação que antes só parecia ficção, talvez um filme de Hollywood, ou um enredo de best-seller, passa a virar uma traumática história da vida real. Os casos de crimes sexuais pela internet aumentam nos últimos anos na região.
 
Uma adolescente de Tubarão conheceu um suposto amigo nas redes sociais. Eles marcaram um encontro em um terreno baldio no bairro São Martinho para se conhecerem fora do mundo virtual. Os pais, desconfiados da atitude suspeita e da mudança no comportamento da jovem, de somente 15 anos, impediram que ela fosse até o local. Tempos depois, descobriram que o rapaz, na verdade, era um homem de 43 anos.

Conforme o jornal Notisul, situações como esta, muitas vezes nem chegam ao conhecimento dos policiais, que investigam os crimes sexuais (como por exemplo, a pedofilia). “Os familiares e as próprias vítimas precisam colaborar. Existe um canal no site da Polícia Federal (PF) para fazer denúncia de forma rápida e anônima. Só assim podemos chegar aos criminosos”, afirma o delegado da PF de Criciúma, Edgard Butze Grüdtner, que confirma que casos de prostituição infantil pela internet estão sob investigação na região de Tubarão.
 
De acordo com o delegado, as averiguações levam um pouco mais de tempo devido aos dados processados pelos provedores de internet. “Conseguimos a identificação por meio dos IPs das máquinas, principalmente quando há o compartilhamento de fotos, conversas e vídeos. Temos policiais técnicos especializados que fazem constantes cursos de aprimoramento em informática em Brasília”, informa Edgard.
 
Excesso de exposição na rede pode prejudicar

A titular da Delegacia da Criança, do Adolescente e de Proteção à Mulher e ao Idoso de Tubarão, Vivian Garcia Selig, confirma que os casos de crimes sexuais envolvendo menores expostos na internet preocupam as autoridades. “O número de internautas aumenta a cada dia. Há gente de má índole neste meio, que atrai os mais inocentes. Isto requer um cuidado especial na forma de exposição da criança e do jovem na internet”, alerta Vivian.
Para a delegada Madge Branco, da Polícia Civil de Laguna, não existe um controle por cidade, pois o problema via internet é internacional. “Normalmente, a realidade daqui é prendermos abusadores de crianças que tem algum vínculo com a criança, pai, padrasto, ou seja, algum homem com vínculo parental ou próximo da família”, enfatiza.
Ainda segundo Madge, o pedófilo, seja ele aliciador virtual ou do mundo real, normalmente não tem preferência por menino ou menina. “A excitação doentio é por pele lisa, ou seja, criança que ainda não tenha pelos pubianos, esta é uma das taras, ou mais tecnicamente desvio comportamental com relação à sexualidade. Os casos mais difíceis são os que envolvem meninos, pois eles não denunciam por questões culturais”, destaca.
 
Casos de pedofilia pela internet

Em 2008, a pedido da Polícia Federal, a justiça decretou a prisão de um acusado de crime de pedofilia via internet, em Laguna, por compartilhar vídeos e fotografias por meio do Programa e-Mule. Ele foi descoberto pelos IPs dos computadores que utilizava. Em outubro do ano passado, três boletins de ocorrência foram registrados, dois em Capivari de Baixo e outro em Pescaria Brava. Adolescentes de 13 anos foram vítimas de falsos amigos do Facebook, que solicitavam que elas enviassem vídeos eróticos. Uma delas não manou o conteúdo e falou do crime para os pais. Um homem de 29 anos foi preso em flagrante por pedofilia, em julho do ano passado, em Tubarão. A investigação foi feita pelos policiais civis de Blumenau, onde as vítimas de 9, 13 e 14 anos procuraram a polícia. 
 
 Bate-papos podem gerar o início de um grave crime

O grande número de adolescentes que sofrem o abuso sexual tem a causa relacionada com o uso indiscriminado da internet, sem o acompanhamento dos pais. Segundo o coordenador do Programa SOS Desaparecidos, major Marcus Roberto Claudino, os menores são influenciados a fugir de casa, iludidos por pessoas de má fé, aventura da qual muitas vezes retornam traumatizados ou sem vida. “Os especialistas na área sempre dizem: uma criança na internet às 14 horas, por exemplo, é muito mais perigoso do que outra na rua às 3 horas. Na internet, a criança está sozinha com o seu aliciador”, alerta!
O major ainda detalha algumas dicas de segurança. “Não deixe o computador no quarto, mas na sala. Acompanhe o que seu filho faz online. Determine horas de acesso, enfim, converse com os filhos e esteja próximo deles quando estiverem na internet”.

Rede de pedófilos na mira dos policiais

Os policiais estão atentos às redes de pedofilia pela internet. Nada escapa ao olhar atento dos investigadores. O trabalho é constante e hoje focado também nas mídias sociais. Com as novas tecnologias, a pornografia infantil se transformou em uma indústria bilionária e está entre os negócios que mais cresce na rede mundial de computadores.
Com o uso de câmeras digitais e webcams, a produção de material pornográfico se tornou mais fácil e barata, enquanto à sua distribuição, há um grande número de internautas facilitados pelos compartilhamentos, inclusive, também pela possibilidade do uso de cartão de crédito para a compra de fotos e vídeos. “Quando envolve adolescentes em crimes de repercussão internacional que estão envolvidas pessoas de outros países, os policiais federais entram em ação. Nosso trabalho é muito importante, além de orientar e prevenir que este tipo de delito ocorra”, informa o delegado da Polícia Federal de Criciúma, Alcimar João Rachadel.