Economia

Clima atrasa colheita da maçã na Serra Catarinense

O maior produtor do Estado é São Joaquim, com cerca de 8 mil hectares plantados

Foto: Glauco Silvestre da Silva

Foto: Glauco Silvestre da Silva

Os agricultores de São Joaquim estão fazendo a colheita da maça, que nesta safra atrasou em cerca de 20 dias em função de problemas climáticos. A variedade gala é a primeira. A colheita, que ainda está tímida, deve seguir pelos próximos 30 dias. A partir de março, inicia a colheita da variedade fugi.

De acordo com o secretário Executivo da Associação dos Produtores de Maçã e Pêra (Amap), Josemar Morais, o clima foi o único responsável pelo atraso na colheita, que ainda está fraca mas que deve se intensificar nos próximos dias.

"No ano passado, tivemos dias frios durante o verão. Isso acabou interferindo no desenvolvimento da planta. Ou seja, a falta de calor atrasou um pouco a maturação e a coloração dos frutos”, comenta, observando, porém, que a qualidade da maçã é boa.

Segundo o Correio Lageano, nesta safra, a produção em São Joaquim deve ficar em torno de 240 mil toneladas. Esse volume, contudo, deverá ser menor por causa do granizo que atingiu alguns pomares. O balanço ainda não é preciso, mas a Amap estima que cerca de 70% dos 1.500 produtores tiveram seus pomares afetados.

Em Santa Catarina, a expectativa é que as macieiras catarinenses rendam 600 mil toneladas. A área plantada é de 17.800 hectares. Na Serra Catarinense, a estimativa de colheita é de 350 mil toneladas. São Joaquim responde por cerca de 50% da produção estadual.

O agrônomo da Cooperserra Márcio Ferreira Beckhauser afirma que que está será uma das maiores safra da história. Segundo ele, a maçã é boa qualidade e diz que, ao contrário de muita gente que ainda não começou a colheita.

"A história dos nossos sócios é diferente. Praticamente todos começaram a colher em janeiro, igual a safra passada. Alguns iniciaram ainda antes”, informa, discordando que os problemas climáticos interferiram na maturação da fruta.

Ele explica que a colheita dos pomares das regiões altas teve início entre cinco a sete dias antes que o esperado. Já as plantas cultivadas nas propriedades de altitude menor, a colheita começou na mesma época da safra passada.

Beckhauser sustenta que o clima contribuiu com esta safra, com frio à noite e calor durante o dia. Aliado à altitude, tais fatores foram muito importantes ao fruto, ajudando no desenvolvimento do formato, cor e sabor. Ao contrário do que diz a Amap, ele estima que o granizo será responsável por cerca de 30% da queda da produção.

Para ele, o granizo foi único problema climatico responsável pela redução na safra. Dos 103 sócios da cooperativa, distribuídos nos municípios de São Joaquim, Urupema, Urubici, Bom Jardim da Serra e São José dos Ausentes (RS), cerca de 30% foram afetados pelas pedras de gelo, principalmente no final do ano passado.

As maçãs atingidas não caem do pé, mas ficam estragadas. Um vez afetado, o fruto só pode ser vendido para a indústria de doces e sucos a preços inferiores aos de produção. Assim, os produtores acabam acumulando prejuízos em comparação às despesas operacionais.

Produtor está ansioso

O produtor Glauco Silvestre da Silva cultiva maças das variedades gala e fugi em uma área de 8,5 hectares na localidade de Monte Alegre. Ele também está com a colheita atrasada.  “Essa demora deixa a gente agoniado e ansioso, pois nesta época do ano passado a gente já estava colhendo, mas agora temos que esperar mais um pouco”, lembra, observando que espera começar a colheita em no máximo 20 dias.

Fora o granizo, o produtor reclama de outros fatores que podem prejudicar a safra, como a situação das estradas do interior, que são responsáveis pelo escoamento da produção. Segundo ele, maioria das vias está em péssimas condições de tráfego.

“As estradas estão muito ruins e devem prejudicar o escoamento da produção. O problema é que durante o transporte, a maça vai batendo nas caixas e acaba estragando muita coisa”, reclama.

Quando aos pomares atingidas pelo gelo, ele diz que o valor do quilo da fruta perde valor. O preço médio é de apenas R$ 0,6, enquanto o quilo da fruta, sem granizo, é vendida entre R$ 0,60 a R$ 0,80 o quilo. Seus pomares, contudo, não foram atingidos pelo granizo.

Estimativas

Produção

– Santa Catarina deve colher 600 mil toneladas;

– A Serra Catarinense é um dos maiores produtores, e a estimativa é que o volume colhido fique em torno de 240 mil toneladas;

– São Joaquim, um dos maiores produtores, responde com aproximadamente 50% da produção estadual.

Prejuízos

– A Amap avalia que cerca de 70% da safra foi atingida pelo granizo. Já a Cooperserra prevê um perda de 30%;

– Uma vez granizada, a maçã só pode ser vendida para a indústria de suco e doce a um preço inferior ao de produção;

Enquanto o quilo do fruto sem granizo é vendido entre R$ 0,60 e R$ 0,80, o afetado custa, em média, apenas R$ 0,6.