Afasc e Satc conhecem a Scuola Mosaicisti Del Friuli, em Spilimbergo, e estudam a possibilidade da parceria para a criação do curso profissional
Fotos: Jussi Moraes
Em 2009 as gêmeas urussanguenses Michele e Mariele Bonetti, conhecidas na região como Manas Bonetti, participaram de uma seleção para ingressar na Scuola Mosaicisti Del Friuli. A tentativa foi frustrada, mas em 2010 elas receberam a carta de aprovação. Com a oportunidade, elas abriram mão de um trabalho de dez anos na empresa de revestimento cerâmico Eliane para estudarem mosaico na pequena cidade de Spilimbergo, na Itália. Na tarde desta quarta-feira (7) a presidente da Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma (Afasc), Izabel Cristina Grijó Búrigo, o diretor da Faculdade Satc, Carlos Antônio Ferreira e o presidente do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas), Renato Carvalho, conheceram a escola, as irmãs, e estudam a possibilidade da abertura do curso profissional em Criciúma.
Do chão ao teto a estrutura é revestida de mosaico, sendo a única escola no mundo que prepara profissionais desta arte. Em 1500 muitas pessoas da região do Friuli trabalharam em Veneza, na produção de mosaico. O diretor da escola, Gian Piero Brovedani, conta que com o fim da república em Veneza alguns artistas retornaram a Spilimbergo e outros se espalharam pelo mundo levando todo o conhecimento. “Em 1900 pensou-se em profissionalizar os jovens que possuíam alta capacidade de produção. Por isso, em 1922 foi fundada a nossa escola com mentalidade de empresa. Além de ensinar, nós vendemos os produtos e todo recurso retorna à escola”, explicou.
As Manas Bonetti, ao completarem três anos de estudo teórico e prático, pretendem retornar ao Brasil no início de julho. “Nossa meta sempre foi retornar e criar um grupo de mosaico para embelezar a nossa região. Pelo que conhecemos do Sul, temos potencial e matéria prima para funcionamento de uma escola”, avaliaram as irmãs emocionadas com a visita das instituições. Mariele e Michele contaram que o custo para a realização do curso é de 600 euros por ano, porém o investimento maior é para se manter na Itália. “Nós viemos com o dinheiro apenas para o primeiro ano de curso. No segundo ano, como fomos premiadas com uma obra, recebemos bolsa e neste terceiro ano juntamos dinheiro nas férias trabalhando em uma sorveteria, mas não sabemos como vamos nos manter até julho”, revelou Mariele.
A presidente da Afasc ficou encantada com a estrutura e materiais produzidos pela escola. “Nós realizamos a oficina de mosaico no Parque das Nações, mas sabemos que devemos avançar. A visita foi mais que positiva e o retorno das irmãs será muito esperado em Criciúma para iniciarmos um grande projeto na cidade”, salientou. Para Izabel, caso a escola seja criada na parceria com a Satc, o social também fará parte do projeto. “Além de embelezar a nossa cidade também queremos profissionalizar as mães que já trabalham com o mosaico em cerâmica”, garantiu.
Funcionamento da escola
A Scuola Mosaicisti Del Friuli, em Spilimbergo, trabalha com três objetivos: a formação de profissionais; a promoção (com exposições e mostras pelo mundo todo); e a produção (comercialização). As irmãs, que participaram da visita ao lado do presidente Alido Gerussi, contaram de que forma funciona o ensino. Segundo eles, no primeiro ano os alunos estudam a técnica romana, com a confecção de cópias. “Se o aluno não vai bem neste primeiro ano, sabemos que não deverá continuar o ensino”, pontuou o presidente. No segundo ano começa a produção do mosaico moderno, com fundos em ouro e colocação de forma diferenciada. “Nesta etapa do curso nós aprendemos a construir as cores. Nos retratos cada aluno já consegue colocar a sua característica”, ressaltou Mariele. No terceiro ano é trabalhada com os alunos a arte contemporânea. “Nós interpretamos artistas famosos, porém usando outras peças como vidro, madeira, chumbo, cerâmica, entre outros materiais”, detalhou Michele. “Costumam dizer que no terceiro ano devemos esquecer tudo e iniciar uma nova técnica, mas consideramos uma evolução”, completou.
Após a visita, o diretor da faculdade Satc solicitou ao presidente da escola o intercâmbio de profissionais. Conforme o presidente, a escola está aberta a parcerias e possui interesse. “Caso venha nascer uma escola em Criciúma queremos que exista uma ligação conosco. Para nós é um novo mercado e precisamos ver de que forma poderá acontecer”, enalteceu. A escola de mosaico funciona em período integral e oferece por ano 50 vagas. De acordo com o presidente, as vagas não são todas preenchidas devido as seleções realizadas. A escola é particular, porém mantida pelas prefeituras da região. Hoje a unidade atende 80 alunos.
Colaboração: Jussi Moraes