Economia

Crise atinge setor da mineração e demissões em massa podem acontecer em carboníferas da região Sul

A Tractebel Energia tem repassado apenas a metade dos valores às carboníferas da região

Foto: Divulgação

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Efeito dominó: verbas do Tesouro Nacional não são repassadas à Eletrobrás que, por sua vez, não realiza em dia o pagamento da Tractebel Energia. Com isso, as carboníferas do Sul catarinense estão recebendo com atraso, provocando o início de uma crise no setor carbonífero.

Diante do impasse, a Tractebel Energia tem pagado apenas a metade da fatura no vencimento e a outra parte quando recebe da Eletrobrás. Até terça-feira, dia 11, a parcela de agosto ainda não havia sido quitada.

As carboníferas pagam os salários dos trabalhadores com o primeiro repasse da Tractebel. As demais despesas, como de fornecedores, serão pagas só depois que o segundo repasse sair. O caso tornou-se um processo em cadeia.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira do Carvão, Luiz Fernando Zancan, a regularização da situação depende da regulamentação da lei de diretrizes orçamentárias, que foi encaminhada ao Congresso. Em entrevista ao Portal Sul in Foco na tarde desta quinta-feira (13), o presidente afirmou que não há o que fazer por enquanto, se não aguardar a negociação de acordos políticos.

“A situação é complexa. Corre o risco de demissão em massa por conta da crise que se instalou no setor. Não só o carbonífero, mas todos os setores que dependem do repasse do Governo Federal estão na mesma situação”, explicou Zancan.

O presidente reuniu-se em Florianópolis com o ministro do Trabalho, Manoel Dias, para pedir a interferência junto à presidente Dilma Rousseff. O objetivo é evitar o risco de demissões no setor.

Zancan já tratou do assunto com o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo. Na quarta-feira, ele participou de reuniões no Rio Grande do Sul com deputados da Frente Parlamentar do Carvão e com o governador eleito do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori.

A reportagem do Portal Sul in Foco manteve contato com a Tractebel Energia, que até o momento (10h43min) não se manifestou sobre o assunto.

Mais de três mil empregos

Distribuídas em seis cidades da região (Siderópolis, Treviso, Lauro Muller,Criciúma, Içara e Forquilhinha), as onze empresas carboníferas empregam juntas mais de três mil funcionários de forma direta.

Carvão volta a ser alternativa para gerar energia elétrica

O site O Globo divulgou a pesquisa do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), do Instituto de Economia da UFRJ, e do Instituto Ilumina, que aponta o carvão como uma das alternativas para gerar energia elétrica a curto prazo. Assim, a atual crise do setor será amenizada.

O fato de os especialistas admitirem a possibilidade de utilizar o carvão como alternativa se dá por conta do nível cada vez mais baixo das usinas hidrelétricas, resultado do baixo volume de chuvas no país. Além da falta de uma capacidade adicional de gás natural.

Texto: Samuel Madeira e Ketully Beltrame/Sul in Foco com informações da coluna do jornalista Adelor Lessa do Jornal A Tribuna