Saúde

Diagnóstico precoce do câncer infantil também é lembrado em novembro

Foto: Liga Contra o Câncer/Divulgação

Foto: Liga Contra o Câncer/Divulgação

Além do Novembro Azul, voltado para os cuidados da saúde do homem, o penúltimo mês do ano também tem outra ação importante sobre o combate ao câncer infantil. Trata-se do Novembro Dourado, que tem diversas atividades programadas para divulgar dados sobre a doença, formas de tratamento e a importância do diagnóstico precoce.

A Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope) revela que nos últimos anos houve, no país, uma melhora expressiva na taxa de sobrevida das crianças portadoras de câncer, que pode chegar a 80% em países desenvolvidos. No período de 2009 a 2013, a taxa alcançou 73% entre os pacientes do Serviço de Oncohematologia do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), em Florianópolis, que é referência estadual no tratamento do câncer infantil.

Para a pediatra Denise Bousfield da Silva, chefe do Serviço de Oncohematologia do HIJG e Presidente do Departamento de Oncohematologia da Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP), as boas taxas de sobrevida se devem ao diagnóstico precoce e à utilização de protocolos cooperativos de tratamento. “No nosso país, o câncer representa a primeira causa de morte por doença entre as crianças e adolescentes de um a 19 anos. Infelizmente, muitos pacientes ainda são encaminhados para os centros de tratamento com a doença em estágio avançado”, explica a médica.

As neoplasias malignas mais frequentes em crianças são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas. Com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, a população na faixa etária de zero a 14 anos em Santa Catarina é de 1,3 milhões de pessoas. “Se considerarmos uma média de 100 casos novos para cada milhão de população, estima-se que nosso Estado tenha de 130 a 140 novos casos de câncer em crianças nessa idade por ano”, ressalta Denise. Só no HIJG são atendidos cerca de 100 pacientes por ano.

Os tumores malignos na criança tendem a apresentar menores períodos de latência, crescem quase sempre rapidamente, são geralmente invasivos e respondem melhor à quimioterapia. Diferentemente do câncer do adulto, na criança as neoplasias geralmente afetam as células do sistema sangüíneo e os tecidos de sustentação, enquanto que no adulto compromete as células do epitélio, que recobre os diferentes órgãos.

Diagnóstico precoce

O Registro Hospitalar de Câncer do HIJG indica que, de 2004 a 2008, 87% dos casos que resultaram em morte, os pacientes não tinham a doença localizada. O diagnóstico precoce possibilita a detecção da neoplasia em estádios mais específicos, reduzindo as complicações agudas e tardias do tratamento e contribuindo para a maior porcentagem de cura.

Nesse contexto, o pediatra tem papel fundamental, pois lhe compete incluir e investigar a hipótese de câncer em algumas situações clínicas da prática pediátrica. As chances de cura, a sobrevida, a qualidade de vida do paciente, bem como a relação efetividade/custo da doença é maior quanto mais precoce for o diagnóstico do câncer.

Sinais e sintomas de alerta

A história clínica e o exame físico são os primeiros passos no processo de diagnóstico do câncer. A história familiar e a presença de doenças genéticas ou constitucionais também auxiliam nas orientações para o diagnóstico. Na maioria das vezes, os sintomas são similares aos de doenças benignas comuns da infância, motivo pelo qual o pediatra deve estar atento. 

Os principais sinais de câncer infantil estão associados a mancha branca nos olhos, perda recente de visão, estrabismo, protrusão do globo ocular, aumento de volume (massa) do abdome e pelve, cabeça e pescoço, membros, testículos e glândulas. Os pais devem ficar atentos também aos casos de sintomas sem explicação como febre prolongada, perda de peso, palidez, fadiga, manchas roxas pelo corpo e sangramentos.

Situações em que ocorrem dores nos ossos, nas articulações, nas costas e fraturas sem trauma proporcional devem ser observadas. Outros sinais neurológicos que merecem atenção estão relacionados ao desequilíbrio, alteração da marcha e fala, perda de habilidades desenvolvidas, dor de cabeça por mais de uma semana com ou sem vômitos e aumento do perímetro cefálico.

Colaboração: Ana Paula Bandeira/Secretaria de Estado da Saúde/SC