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Duplicação da BR-101: uma luz no fim do túnel…

Com o término desta obra no Morro do Formigão, é dado um importante passo para o desenvolvimento da Amurel

Foto: Divulgação

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Do lado de fora, um sol de rachar. Dentro, máquinas perfuram as rochas, sistema de ventilação com toda intensidade. Homens entram e saem, escavam, tiram os excessos e o mais impressionante: são 24 horas ininterruptas de trabalho, que fazem do túnel do Morro do Formigão uma das obras mais complexas e desafiadoras da duplicação do trecho sul da BR-101.

São 236 funcionários que se revezam em três períodos. Folga para eles, somente aos domingos, afinal, como mesmo costumam dizer, também são filhos de Deus!
“Em volume de serviços, estamos com 40% da obra total. Nas escavações, são 20%. Os trabalhos seguem o prazo. A ideia é de entregar o túnel pronto com os acabamentos o quanto antes”, planeja o engenheiro civil responsável pela obra, Antônio Vitor Souza Sobrinho, da empresa J Dantas/Novatechna, de Minas Gerais. Ele tem 35 anos de experiência na área e já está na construção do quinto túnel.

O engenheiro confirma ainda que está na parte mais complicada dos trabalhos e espera a varação do túnel (quando as duas partes se encontram e finalmente está terminado o serviço de escavação). “Literalmente, roemos o osso, ou seja, encontramos rochas de tudo quanto é tipo. Fazemos as escavações e encontramos algumas dificuldades que são os emboques (aberturas). Os paredões são difíceis de acesso, são morros cheios de irregularidades”, afirma Antônio.

Obra está dentro do cronograma

O prazo final para a entrega do túnel do Morro do Formigão é fevereiro do próximo ano. Os engenheiros pretendem terminar todo o lado de fora da obra para focar na parte interna do túnel. Do emboque norte são 115 metros de escavação.  Já no emboque sul são 50 metros até agora. A extensão total é de 530 metros, com aproximadamente 12 metros de altura, por 15 de largura.

Na parte de acabamento externa, ainda tem a pista de 170 metros (antes, no norte) e 200 metros (depois, no sul). “O pavimento interno é rígido de concreto para evitar incêndio, ainda serão construídas passarelas para pedestres. Existe uma máquina chamada jumbo, que faz a perfuração da rocha para colocarmos 75 quilos de dinamites para a detonação diariamente. É uma ação árdua, envolve oito pessoas e leva cerca de oito horas. Todo processo merece muito cuidado com os quesitos de segurança. Precisamos ficar a 1,5 mil metros de distância da explosão”, detalha o encarregado geral da parte de operações, Raimundo Valadares.

Dá segurança e fé dos trabalhadores

As curiosidades de uma obra desta complexidade são várias. Desde os itens de segurança, até a religiosidade dos operários quem está envolvido com os trabalhos de construção no túnel do Morro do Formigão sempre tem uma história para contar. “Prezamos muito pelos cuidados com a proteção dos trabalhadores, principalmente na área operacional. Itens como protetores auditivos, protetor solar, botinas, cintos, capacetes, óculos e máscaras são indispensáveis”, avisa o engenheiro ambiental e de segurança do trabalho, Rodrigo Liberato.

Segundo o Jornal Notisul, um sistema de ventilação ajuda os trabalhos no interior do túnel. A temperatura chega a diminuir um pouco, cerca de dois graus, mas ainda assim o calor é excessivo. “Tem que tirar o excesso de material, fazer concreto, furas as rochas, e colocar as cambotas (ferros de sustentação). Tudo isso em ritmo acelerado, é uma correria grande porque toda obra tem um prazo para ser cumprido”, explica um dos encarregados operacionais, Sebastião Maia.

Uma variedade de sotaques

Há uma verdadeira mistura de sotaques dos trabalhadores do túnel do Morro do Formigão. É tanta gente de diversas partes do país que as culturas são variadas. Tem capixaba, mineiro, baiano, potiguar. “Por incrível que pareça, os catarinenses são minorias por aqui. Temos dificuldades de encontrar mão de obra local. Temos que buscar operários do norte e nordeste do Brasil”, ressalta o engenheiro responsável pela obra, Antônio Vitor Souza Sobrinho.

E as mais diferentes profissões também podem ser encontradas no canteiro de obras do túnel do Morro da Formigão. Enfermeiras, faxineiras, auxiliares administrativas, recursos humanos, engenheiros. Deste pessoal todo, 10% do efetivo são mulheres. Entre elas, Ana Maria Castor é apontadora e analista de qualidade. Ela é natural de Tupã, interior de São Paulo e trabalha no turno da tarde e noite. “É um desafio deixar a família, apesar de estar acompanhado do meu esposo aqui em Tubarão. Existe um respeito dos outros funcionários com as mulheres da obra. Gosto muito do que faço e estou feliz de saber que faço parte desta grande empreendimento”, expõe Ana Maria Castor.

A fé entre as rochas

Em cada emborque do túnel, há uma imagem de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros e trabalhadores. Eles levam a religião a sério e costumam fazer suas orações para proteger cada dia de trabalho.

Saiba mais sobre o túnel

• Todo o excesso é levado para outros lugares (bota-fora)
•  90% do material retirado são aproveitados
• O local de destino das rochas é: Pedreira Falchetti (Tubarão) e aterro que será utilizado para continuidade das obras de duplicação da BR-101
 • Quando pronta, a obra totalizará 900 metros (450 metros de extensão em rocha escavada e mais 450 metros nos acessos necessários às duas entradas)
•  O local está sinalizado e identificado.
 • O valor da obra é de R$ 56,74 milhões. O túnel terá 900 metros de extensão, duas pistas com duas faixas de cada lado, sistema de segurança contra incêndios, além do acostamento.

Detalhes da obra

• Total de trabalhadores: 235 pessoas
• 24 horas de atividades
• Folga no domingo
• 8 pessoas atuam no momento da detonação das rochas
• Não fica ninguém dentro do túnel no momento da detonação por motivo de segurança
• Existem banheiros e armários para os funcionários
• 261 páginas do projeto