Segurança

Falta de vagas no sistema prisional pode gerar caos, dizem delegados

Presos são mantidos na própria Delegacia de Polícia de Araranguá

O delegado responsável pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Araranguá, Jorge Giraldi, o delegadoLuís Otávio Pohlmann, responsável pela Delegacia de Polícia (DP) de Sombrio, Diego de Haro, da 1ª DP de Araranguá e Ari José Soto Riva, da DP de Santa Rosa do Sul, demonstraram preocupação com a falta de vagas no sistema prisional da região Sul de Santa Catarina.

Em entrevista coletiva concedida na manhã desta quinta-feira, os quatro destacaram que a Polícia Civil trabalha com o efetivo reduzido por conta da sequência de aposentadorias na categoria, e disse que policiais civis exercem, atualmente, o cargo de carcereiros.

“Os presos são mantidos em uma cela improvisada na própria delegacia. Antes disso, eles ficavam algemados a um banco. Agora, os policiais dobraram suas escalas de trabalho para poder cuidar dessa cela. Esses presos precisam ser removidos, pois não sabemos quantos dias permanecerão aqui”, disseram.

Os delegados frisaram, ainda, que sua revolta com a situação é legítima, uma vez que não existe o efetivo necessário para guarnecer os presos. “Não temos a obrigação legal de fazer esse trabalho. Os presos não devem ficar na delegacia depois que o flagrante foi lavrado ou que o mandado de prisão foi cumprido."

De acordo com os quatro, nenhum presídio da região Sul recebe presos atualmente. “O último foi o de Lages. Ontem conseguimos uma vaga em São Joaquim, para um preso acusado de estupro de vulnerável. Isso vem acontecendo há mais de dois anos, depois que os presídios foram interditados por conta de uma determinação legal por conta da superlotação. A responsabilidade de buscar uma solução junto à Justiça é do Deap (Departamento de Administração Prisional)”, esclareceu Giraldi.

Uma das maiores preocupações com relação ao assunto é a chegada do Verão, quando, segundo eles, o número de ocorrências aumenta consideravelmente. “Chegamos ao limite. Temos a promessa de que o número de vagas será aumentado no futuro, mas não sabemos quando esse futuro chegará.”

Apenas em 2014 mais de 300 autos de prisão em flagrante foram lavrados em Araranguá. Isso significa que mais de 400 pessoas foram autuadas. “O número de pessoas presas na região é muito grande. Isso nos traz a preocupação da superlotação, pois teremos que manter esses presos na delegacia", alertaram.

Riscos – Os delegados afirmaram que, diante da situação, o preso não possui a assistência necessária, pois em algumas situações os policiais não podem ajudá-los. “Como ajudaremos caso algum preso passe mal durante a madrugada? Isso é um risco”, exemplificou Giraldi.

Alguns dos reclusos são mantidos na mesma cela de presos considerados mais perigosos. Giraldi citou o caso de um homem que está encarcerado por não pagar a pensão alimentícia no mesmo local de um estuprador e um latrocida. “Também existem adolescentes nesta situação. Pedimos que o Ministério Público ajude a conseguir vagas nos Caseps da região.”

Caos – “Eu diria que se não houver uma solução rápida, o caos está instalado. Isso não quer dizer que o criminoso poderá se valer desta situação. O crime será combatido e ele será preso. O problema está em onde ele ficará depois disso. Tomamos a decisão de não soltar qualquer preso, mesmo que não tenhamos condições de mantê-los aqui. Não deixaremos a população refém desta situação”, pontuou Giraldi.

Com informações do site Engeplus

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