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Fórum das Imigrações detalha cenário do Sul catarinense

Evento debateu alternativas à imigração na região

Foto: Samira Pereira

Foto: Samira Pereira

A chegada de centenas de imigrantes africanos à região nos últimos meses levou representantes de diferentes entidades, na tarde desta segunda-feira, ao Auditório São José, no Centro de Criciúma. Eles participaram, do 1º Fórum das Imigrações. A situação que o município vive, com a vinda repentina destes estrangeiros, está sendo debatida por estudiosos, autoridades e voluntários.

Entre os presentes estavam os ganeses Fusseni Tahiru e Mohammed Aminu, que chegaram ao Brasil há pouco mais de um mês. Ainda desempregados, foram ao encontro acompanhados pelas integrantes do grupo Corrente por Gana. A intenção principal ao mudar de país, comenta Fusseni, é de encontrar, aqui, um bom emprego. “Sempre ouvi falar que os brasileiros eram gentis, acolhedores. Estou gostando muito”, explana. O companheiro Mohammed diz que, além de buscar uma nova oportunidade, decidiu vir para o Brasil por conta do futebol. “Quando criança, vi grandes estrelas jogando. O Pelé, inclusive. E quando tive a oportunidade, decidi mudar”, comenta.

Conforme a advogada e representante da subseção criciumense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Lia de Queiroz Carminatti, a instituição tem liderado, em diversos Estados brasileiros, campanhas que envolvem a questão. “Nos últimos meses, Santa Catarina tem sido alvo direto deste tipo de imigração, o que é reflexo da condição social e econômica em que vivem determinadas regiões do mundo. O Brasil, por exemplo, sente falta de mão-de-obra. Já alguns países africanos passam por carências humanitárias”, aponta a advogada. “Desde que fomos alertados sobre a situação, nos colocamos à disposição e passamos a encampanar a questão. A Ordem é o elo entre a população que precisa se adaptar à legislação e os órgãos que são aptos a fazer isso”, completa o presidente da subseção, Luiz Fernando Michalak.

Número de imigrantes impressiona autoridades

O prefeito de Criciúma, Márcio Búrigo, chamou a situação de “inusitada”, mas motivadora de preocupação. “Desde que os primeiros imigrantes chegaram, mesmo de que forma menos intensa, começamos a nos mobilizar para atender-lhes da melhor forma possível. Afinal, tratamos de seres humanos, dos nossos irmãos. A sociedade interagiu, abrigou, mas este número vem aumentando, por isso precisamos entender o que está acontecendo e dar apoio às pessoas que escolheram nosso país para viver”, explana o prefeito.

Conforme o presidente da Cáritas Diocesano, padre Onécimo Alberton, até o fim do mês de junho mais de 1,4 mil imigrantes haviam chegado à região de Criciúma. Por isso as entidades se mobilizaram em torno do fórum, a fim de conhecer a realidade destas pessoas, debater políticas e direitos, compreender a legislação migratória, entre outros assuntos. “Além disso, nosso objetivo é construir um Fórum Permanente das Imigrações”, destaca.

Também na oportunidade, o estudioso Jurandir Zamberlan, de Porto Alegre, apontou que é necessário entender o clássico impasse “queremos braços, e não pessoas”. “Desde a época da colonização, o Brasil nunca fez nenhum tipo de política pública em favor dos imigrantes. Nunca se preocupou com casa, saúde, educação e alimentação. No início, só funcionava, aqui, a política da atração. Depois, a da seleção e do controle. Mas queremos mudar este cenário, mostrar que nos preocupamos, sim, com a vida destes imigrantes em solos brasileiros”, aponta o estudioso.

Colaboração: Samira Pereira/Ápice Comunicação