Geral

Fórum de Restauração e Revitalização do Rio Mãe Luzia já é realidade

Representantes da Unesc e cidades de Nova Veneza, Siderópolis, Forquilhinha, Maracajá e Treviso integram iniciativa

Foto: Davi Carrer

Foto: Davi Carrer

“Eu vi a morte do Rio Mãe Luzia e não verei a ressurreição, mas desejo que nossos bisnetos vejam esse Rio recuperado. Isso vai ser a alegria do povo, porque não tem coisa melhor do que ter água pura”. A afirmação é do aposentado Gilberto Nuremberg, de 81 anos. Ele lembrou que no passado tomou banho e pescou no Rio Mãe Luzia, quando ali ainda tinha peixe e vida. O depoimento foi dado na manhã dessa sexta-feira (28), durante o ato de criação do “Fórum Permanente de Restauração e Revitalização do Rio Mãe Luzia”. O evento ocorreu no Palácio das Águas, em Nova Veneza.

Um grande público, entre comunidade, prefeitos, vereadores e autoridades, participou do evento. “Fico feliz que a Unesc esteja inserida neste momento. Temos um compromisso de promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Eu quero ver esse Rio limpo e despoluído. Quero ver crianças tomando banho. Quero ver crianças pescando”, comentou o reitor da Unesc, Gildo Volpato.

“Esse momento nos leva a uma reflexão: o que queremos para o futuro, para nossos filhos e netos? Temos de encarar isso de uma forma muito séria e hoje damos um primeiro passo para isso”, destacou o prefeito de Nova Veneza, Evandro Gava.

O Fórum

O Fórum será responsável por articular um movimento para cuidar e tratar do Rio Mãe Luzia. “Só a atuação judicial e a ação do Ministério Público não funcionam se não vierem acompanhados de uma conscientização da comunidade”, lembrou o procurador da república Darlan Airton Dias.

“Não podemos falar em restauração se não resolvermos o problema da poluição como um todo”, salientou o professor doutor Carlyle Torres Bezerra de Menezes, integrante da comissão do Rio Mãe Luzia.

O deputado federal Ronaldo Benedet e o presidente da Câmara de Vereadores de Nova Veneza, que integra a comissão do Rio, Alberto Ranacoski, também participaram da mesa de criação do Fórum.

O carvão

O procurador da república Darlan Airton Dias explicou que por décadas a mineração foi feita sem muitos cuidados, sendo que o Rio era usado, inclusive, como lavador do carvão. “De cada 100 toneladas retiradas na região, apenas 35 toneladas são de carvão. O restante é pirita”, comentou. A pirita, em contato com a água, forma o ácido sulfúrico. “O carvão não é a única fonte de poluição do Rio, mas com certeza é a que mais contribuiu para isso”, destacou.

Darlan trouxe dados sobre a mineração na região. Atualmente há 807 bocas de mina, sendo que 189 delas lançam água poluída. “São mais de 5 mil hectares de área degradada. E metade dessa área afeta o Rio Mãe Luzia”, informou.

Era uma vez o Rio Mãe Luzia

Tudo começou a partir do livro “Era uma vez o Rio Mãe Luzia”, escrito pelo professor do curso de História da Unesc, Carlos Carola, e pelo egresso, também do curso de História, Nilso Dassi. Após o lançamento da obra, Carola foi procurado para dar vida à restauração do Rio. Foi então que se formou uma comissão, formada por representantes das cidades de Nova Veneza, Siderópolis, Forquilhinha, Maracajá e Treviso, além da Unesc, que vai dar suporte técnico ao Fórum.

O trajeto do rio

O Mãe Luzia nasce no município de Treviso, passando, aproximadamente, nove quilômetros distantes do centro de Siderópolis, percorrendo as áreas centrais das cidades de Nova Veneza, Forquilhinha e Maracajá. Quando se junta com o Rio Itoupava forma o maior rio da região sul-catarinense: o Rio Araranguá. O Mãe Luzia recebe afluentes de diversos rios menores. Pela margem direita, Pio, Manim, Jordão, Dondolo (ou Vargem), São Bento (Gurapari), Manoel Alves e Itoupava; pela margem esquerda, rios Dória, Ferreira, Morosini, Fiorita e Sangão.

Colaboração: Davi Carrer/Assessoria de Imprensa da Unesc