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Gabriela se recupera em casa

Foto: Divulgação

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É difícil conter a emoção ao conversar com Gabriela Graciano Kraieski Mendes. No rosto da tubaronense de 22 anos, um misto de sorriso e tristeza desenha a expressão da jovem que está em recuperação após um acidente que resultou em 81% de seu corpo queimado. 

As marcas daquele dia são visíveis. Para a esposa que perdeu o marido, as lembranças são muito dolorosas. “Não me esqueço de antes de entrar em coma, olhar para o lado e ver o Glauco (marido), deitado no chão muito queimado, pedindo por favor para me salvarem. Ele gritava: ‘ela é mãe, podem me deixar morrer, mas salvem ela, salvem ela’”, lembra Grabriela, em lágrimas. 

Há quinze dias em casa, em Tubarão, depois de passar mais de dois meses internada no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) e ser transferida para uma unidade hospitalar em Florianópolis, onde ficou por quase 20 dias, a jovem continua em tratamento. “Sinto dores no peito, a falta do Glauco e muito pelos meus filhos. Esta agora é a parte mais difícil, como viver daqui em diante. Éramos uma família muito unida”, lamenta.

Para a jovem que casou aos 16 anos, tem dois filhos, um de 5 anos e outro de 3, a maior segurança hoje é ter ao lado os pais e os irmãos, que mudaram suas rotinas para cuidar dela e de suas crianças. “Hoje acredito que não adianta trabalharmos tanto, o melhor da vida é ficar perto das pessoas que amamos. Passar mais momentos juntos, isto é o que realmente importa”, destaca Gabriela.

O acidente

Gabriela e o marido Glauco da Cruz Mendes, de 24 anos, trabalhavam no bufê de um casamento no dia 13 de dezembro. Após colocarem fogo no suporte do fogareiro que aqueceria os alimentos, o equipamento explodiu e o casal foi atingido pelas chamas. Glauco teve 52% do corpo queimado e não resistiu aos ferimentos após ficar oito dias internado no Hospital Unimed, em Criciúma.

O fogo

Por volta das 22h10min, a dona da festa pediu para Gabriela servir uma champagne. Quando a jovem retornou com a garrafa, se aproximou do marido, que estava em frente à mesa com o suporte do fogareiro não mãos. “Lembro que cheguei perto dele e houve uma explosão. A garrafa no mesmo instante estourou e, como Glauco estava de costas, não vi como realmente ocorreu. Somente lembro que ele corria em chamas, tirando a roupa e pedindo socorro. Eu também queimava e algumas pessoas começaram a me jogar folhas de alface que estavam na água, em seguida desmaiei pela primeira vez”, conta Gabriela.

A recuperação

O tratamento de Gabriela segue com a realização de curativos a cada sete dias em Florianópolis, tomar alguns medicamentos e ter cuidados diários, como evitar a exposição ao sol ou à chuva. “Daqui a seis meses  farei a oitava cirurgia. Esta próxima operação será para eu conseguir movimentar novamente meu pescoço. Depois continuarei o tratamento por mais dois ou três anos com correções”, conta Gabriela, que aguarda a realização de fisioterapia e massagens nos locais onde foi necessário fazer enxertos de pele. “Fiquei mais queimada que o Glauco, mas sobrevivi porque acredito que esta era a vontade dele. Logo voltarei a cuidar de nossos filhos e da minha profissão de cabeleireira”, deseja a jovem.

Com informações do jornal Notisul