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Madileine Niehues: mulher, mãe, avó e caminhoneira de profissão

Ela é a única motorista mulher do Grupo Fontanella e dirigi caminhão com carga pesada sem perder a feminilidade

Foto: Divulgação

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Já foi o tempo em que a profissão de caminhoneiro era exclusivamente dos homens. Hoje com as mulheres cada vez mais ocupando espaços na sociedade, aos poucos elas surgem para a profissão e se destacam na boleia dos veículos truculentos.

Madileine Niehues é a única motorista mulher do Grupo Fontanella. Está na empresa há três anos. Ela começou a dirigir caminhão aos 15 anos de idade, mas como a lei não permitia ela só foi se profissionalizar aos 18 anos, quando tirou sua primeira habilitação.

Hoje aos 47 anos de idade e com 29 de profissão, Madileine que já percorreu, com exceção de Roraima, todos os demais estados brasileiros e já fez, inclusive, entrega fora do país, na Bolívia, se diz uma mulher realizada pessoal e profissionalmente.

Natural de Braço do Norte, onde reside até hoje, Madileine é mãe de dois filhos: Erick de 28 anos e Helton de 23, que seguiram os mesmos passos da mãe e também são caminhoneiros. Ela também já é avó de uma neta, Emeli de 9 anos.

A partir de 1999 ela começou a viajar sozinha. Na época dirigia um caminhão Mercedes Benz toco, fazendo viagens para os estados do Mato Grosso e Rondônia. Pouco tempo depois passou para uma carreta e hoje dirige um bitrem da Fontanella Transportes.

Madileine Niehues, aproveitando o Mês da Mulher, concedeu entrevista ao Portal Sul in Foco e falou da sua paixão por caminhão e como é ser mulher em uma profissão que ainda é dominada pelos homens.

Sul in Foco – As pessoas, especialmente os homens, demonstram algum preconceito por você ser mulher e estar atrás do volante de um caminhão?

Madileine Niehues – Não existe mais preconceito neste ramo porque a mulher está sendo bem valorizada pelos homens. Eu sou bem recebida por onde passo. Quando chego aos postos de combustíveis muitos homens vêm conversar comigo porque eles acham interessante uma mulher estar conduzindo um caminhão enorme como é o caso do bitrem. Eles são na grande maioria gentis e educados e até dizem palavras de incentivo. A mentalidade das pessoas já mudou bastante.

Sul in Foco – É comum encontrar mais mulheres na estrada, nesta profissão?

Madileine Niehues – Na época em que eu fazia a região do Mato Grosso eu até encontrava muitas mulheres caminhoneiras, mas lá para a região Norte e Nordeste não vi nenhuma.

Sul in Foco – Como é ser mãe, motorista e dona de casa?

Madileine Niehues – É bem difícil ficar longe de casa. A saudade muitas vezes bate de uma forma intensa, mas ainda bem que hoje tem o telefone que ajuda a gente a manter contato e assim diminuir também um pouco deste sentimento. Eu já cheguei a ficar dois meses longe de casa, mas hoje eu estou ficando no máximo uma semana.

Sul in Foco – A família a apoia na profissão?

Madileine Niehues – Minha família é maravilhosa e me apoia muito. É fundamental essa compreensão, motivação e esse carinho da família. É isso que me dá forças para continuar e seguir em frente.

Sul in Foco – Você costuma receber cantadas ou ouvir piadinhas de mau gosto?

Madileine Niehues – Já recebi sim cantadas, mas como sou uma pessoa de respeito, procuro me valorizar e respeitar para ser respeitada também. Já aprendi a me defender e a sair das saias justas, em determinadas situações. Quanto as piadinhas, nunca ouvi ninguém falando nada neste sentido.

Sul in Foco – Com relação a vaidade e cuidados com corpo. É possível ter tempo para isso na estrada?

Madileine Niehues – Sim. Eu me cuido e sou vaidosa como toda mulher é. Não é porque eu sou motorista que vou andar mal arrumada e desleixada. Eu carrego comigo o meu estojo de maquiagem e sempre que paro em algum lugar, dou um retoque no batom, principalmente. Só não da para usar um salto alto, mas da para andar bem vestida e com os cabelos bem cuidados.

Sul in Foco – Como é o dia-a-dia na estrada?

Madileine Niehues – Na estrada a gente têm momentos bons, mas também têm alguns bem difíceis. Um desses momentos ruins é quando você chega a um determinado local para descarregar e não consegue arrumar um chapa (ajudante) para auxiliar na descarga.

Sul in Foco – Como é ser caminhoneira?

Madileine Niehues – Não sou uma pessoa orgulhosa, mas sinto muito orgulho pela profissão que exerço. Eu amo dirigir caminhão. Estar atrás do volante é a minha vida, é tudo pra mim. Posso garantir que sou uma pessoa realizada profissionalmente.