Economia

Mel catarinense é eleito o melhor do mundo em congresso na Ucrânia

Foto: Caio Marcelo/Agencia RBS

Foto: Caio Marcelo/Agencia RBS

Gosto, aroma e consistência qualificaram o mel da Prodapys, de Araranguá, no Sul de Santa Catarina, como o melhor do mundo em um congresso na Ucrânia. Atualmente, o Estado é o quinto maior produtor do país e possui cerca de 350 mil colmeias. De olho no mercado interno, um programa de de incentivo promete aumentar a produção melífera catarinense.

Critérios como gosto, aroma e consistência classificaram o mel de Araranguá, no Sul de Santa Catarina, como o melhor do mundo e renderam ao país uma medalha de ouro, conquistada durante um congresso de apicultores na Ucrânia neste mês.

Mas o mel de melato de bracatinga, campeão entre os 86 países concorrentes, não interessa tanto ao consumidor brasileiro. Célio da Silva, fundador e diretor da Prodapys, diz que o motivo pelo qual o produto que mais agradou os jurados estrangeiros não está nas prateleiras dos supermercados porque até recentemente não tinha valor comercial.

“Primeiro porque as pessoas não gostavam do sabor dele, e segundo porque os apicultores não gostavam de trabalhar com ele. Mas descobrimos que esse mel tinha uma ótima aceitação na Alemanha. Hoje é o nosso produto mais caro e que paga mais ao apicultor”.

Presente desde 1989 nos congressos da Federação Internacional de Associações de Apicultores (Apimondia), a Prodapys é uma das principais exportadoras de mel no país. A empresa chega a processar cerca de 3 mil toneladas de mel por ano, e exporta anualmente 150 contêineres com destino a Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Espanha e Japão. Além disso, a empresa compra mel de apicultores de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Maranhão.

Perspectiva de expansão do mercado brasileiro

Tarciano Santos da Silva, gerente de Exportação da Prodapys, conta que é mais prático exportar, enquanto que no Brasil o esforço ainda é hercúleo para vender muito menos.

“O Brasil não tem cultura de consumir mel como alimento. Aqui se come geleia e não mel”, aponta.

A medalha de ouro, no entanto, gerou a vontade de sair das prateleiras das casas de produtos naturais, onde a versão comestível do produto final é comercializada, para entrar também nas gôndolas dos supermercados brasileiros.

“No ano que vem queremos mudar isso. Muita gente não compra porque tem receio de que o mel seja adulterado. Queremos promover as medalhas e certificações que a empresa tem e o fato de que quem avaliou que esse mel é gostoso foram pessoas especializadas”.

Incentivo aos produtores

Santa Catarina, que já foi líder nacional em produção de mel, vem perdendo espaço para Estados maiores. Atenta a esse cenário, a Secretaria da Agricultura e Pesca lança hoje um programa de incentivo aos apicultores.

Trata-se do financiamento, a partir de janeiro do próximo ano, para a compra de 490 kits com equipamentos para a produção de mel, no valor de R$ 1,8 mil cada. Cada kit é composto por seis colmeias, macacão com máscara, fumegador, luvas, cera especial e mais outros 10 instrumentos.

Ao adquiri-lo, o produtor terá dois anos de prazo para pagamento com parcela anual. Se o pagamento for único, o produtor terá desconto e vai pagar R$ 1.260. Os interessados devem procurar – a partir de janeiro – os escritórios da Epagri em suas cidades.

Mais por quilômetro quadrado

Santa Catarina pode não ter a maior produção de mel do Brasil – hoje o Estado ocupa a quinta posição – mas, segundo Walter Miguel, veterinário e gerente da Cidade das Abelhas da Epagri, Santa Catarina se destaca na qualidade e na diversidade do produto. Além disso, é o Estado brasileiro que mais produz mel por quilômetro quadrado.

O território catarinense tem mais de 30 mil famílias rurais dedicadas à apicultura, com um total de 350 mil colmeias instaladas e uma produção média de seis mil toneladas de mel por ano, de acordo com a Federação e Associação dos Apicultores do Estado (Faasc).

O veterinário da Epagri afirma que a maioria dos produtores de mel catarinenses encara a atividade como uma cultura paralela.Na região Sul, os apicultores são considerados profissionais, com dedicação integral à produção de mel e adeptos da apicultura migratória.

Na modalidade, explica Miguel, os agricultores movem suas colmeias para diferentes regiões, como os campos de maçã e pera do Estado.

“A produção de mel é uma excelente alternativa para o produtor rural, principalmente porque o custo inicial não é alto”, aponta o veterinário.

Segundo ele, é possível iniciar uma produção com 50 colmeias por cerca de R$ 5 mil. No primeiro ano de atividade, a margem de lucro costuma ficar em 70% e, no segundo, é possível alcançar 100% de lucratividade. Hoje o quilo de mel para o produtor vale em torno de R$ 6.

Walter Miguel ressalta que o produtor precisa buscar capacitação e aprender técnicas e formas de manejo que vão aumentar a sua produtividade.

Com informações do Jornal Diário Catarinense