Segurança

Morador de Içara tem corpo queimado com gasolina

Foto: Divulgação/Içara News

Foto: Divulgação/Içara News

Morador do bairro Jardim Elizabete, em Içara, e usuário de crack há muitos anos, JJI, de 42 anos, foi até o bairro Renascer – antiga Mina Quatro – em Criciúma, no último domingo, dia 31, para comprar drogas. De lá, foi direto receber atendimento no Posto 24 horas com queimaduras de segundo grau. Acontece que, segundo ele mesmo relata, antes de conseguir comprar a pedra para consumo, foi abordado, apanhou e teve o corpo coberto de gasolina por um policial. JJI está internado no Hospital São Donato para tratar dos ferimentos.

“Ele é usuário,viciado em crack e sempre vai na Mina Quatro comprar droga. Na segunda-feira eu fui trabalhar e perto das 9h30 meu filho me ligou informando que o meu sobrinho, havia dito que eles estava todo queimado. Fui correndo ver o que era e me apavorei com o absurdo. O que ele nos diz foi que quem fez isso foi um policial, e não teria motivos nenhum para mentir”, relata a irmã da vítima.

Segundo ela, no mesmo dia estava ocorrendo um tiroteio provocado por traficantes com a polícia e, nesse meio, JJI acabou sendo abordado. “Os policiais perguntavam para ele quem tinha mandado ele comprar gasolina e se era para colocar fogo na viatura da polícia. Ele disse que não sabia de gasolina nenhuma, que não viu nenhum cara de moto e que estava ali só para comprar crack pra fumar. Nisso, mandaram ele ficar de costas, jogaram gasolina pelo corpo dele e depois atearam fogo”, conta.

De acordo com o site Içara News, a irmã de JJI, diz ainda que ele estava acompanhado da namorada que teve alguns ferimentos nas mãos e que outros policiais não queriam que esse único fizesse isso. “A namorada dele também é usuária e com medo, saiu correndo. Mas ela relata a mesma história e confirma tudo o que aconteceu naquela noite. Alguns policiais até disseram para o outro não fazer isso, mas ele disse: ‘vamos queimar esse vagabundo’. Colocar fogo em um ser humano é um absurdo, meu irmão implorava para que então dessem um tiro na cabeça dele ao invés de colocarem fogo”, indigna-se.

Pressão

Com o fogo consumindo os membros inferiores do corpo, JJI se jogou no chão na tentativa de apagar as chamas. Avistou uma viatura e pensou em se jogar dentro na tentativa de receber ajuda. Foram os próprios policiais, de acordo com a vítima, que apagaram o fogo com um extintor.

“Depois eles fizeram ele ir dirigindo o carro até a Unidade de Saúde 24 Horas. E lá ficaram por mais umas três horas fazendo pressão e ameaças. E disseram que não era para ele contar nada do que tinha ocorrido para ninguém. Hoje ele diz que não consegue identificar quem botou fogo nele porque estava de costas, mas a namorada dele diz que sabe quem é”, garante a irmã.

Uma advogada já foi contratada pela família e a orientação repassada por ela foi que além de registrar o boletim de ocorrência em Içara, fosse feita uma denúncia junto ao Batalhão da Polícia Militar em Criciúma. “Mas eu fui lá nessa terça-feira e o que me alegaram é que a denúncia tinha que ser feita por ele. O que eu achei um absurdo porque o meu irmão está hospitalizado, como pode? E se ele tivesse em coma?”, questiona a irmã.

Contraponto

De acordo com o major Fraga, da Polícia Militar de Criciúma, a informação não procede e quem cometeu o equívoco será penalizado. “A irmã poderia sim fazer a denúncia e estamos procurando saber quem passou a informação errada para aplicar uma punição”, afirma. 

Já sobre as investigações, o major ressalta que estão sendo apuradas para apurar os fatos e identificar os autores. “Ficamos sabendo sobre o fato na terça-feira e estamos apurando para identificar os possíveis autores. Estamos fazendo o levantamento e quando descobertos, os autores serão penalizados”, garante.

Com informações do Jornal Gazeta