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Moradora de Turvo doa rim à amiga

Foto: Divulgação/Fernanda Guidi/RevistaW3

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Este é o caso de uma história de amor e amizade que aconteceu quase por acaso, e que partiu da iniciativa altruísta da comerciária Magali Possamai Fávero de 36 anos, que quase por acaso, descobriu com o amigo, Marcos Rosa, que poderia oferecer muito mais a ele e sua família do que os votos de boa sorte para a esposa dele, Janaína Nagel Manenti de 38 anos, diagnosticada há nove anos como portadora de insuficiência renal.

“Eu conhecia a Janaína há uns 20 anos, mas minha amizade mesmo era com o Marcos. Eu sabia que ela tinha a doença, e que era grave, e que se não fizesse um transplante de rim, em pouco tempo teria que se submeter à hemodiálise”, conta Magali, que diz que um dia, por curiosidade, perguntou a Marcos o tipo sanguíneo de Janaína:

“Ele me respondeu que era O-, e então eu percebi que realmente poderia ser útil”, explica Magali, cujo sangue é O+ e que desde criança já sabia que os tipos sanguíneos O, embora possam doar a qualquer pessoa, só podem receber sangue da mesma tipagem sanguínea.

Decisão

 Ao saber que a esposa de Marcos só poderia receber sangue tipo O e que em função disso, provavelmente poderia receber um de seus rins, ela levou a sério a proposta e procurou por Janaína. “No início, ela não queria acreditar. Ela queria desistir, tinha pena de mim, não entendia o que me impulsionou a fazer a doação. Sinceramente, o motivo foi meu filho, Henrique, 11 e a filha dela, Gabriela, 9. Foi pelas crianças, e principalmente, para trazer para meu filho  um exemplo bom, uma mensagem de que amar a Deus é orar em ação, que eu quis fazer isso por ela e por mim também”, afirma.

Luta

Há uma distância entre o querer e o poder, mas para Magali, que tinha certeza desde o início de que poderia realizar a boa ação que salvaria a vida da amiga, nunca houve espaço para a dúvida. Mesmo assim, ela e Janaína passaram um ano e um mês realizando exames que provariam a compatibilidade do órgão doado por Magali à amiga.

A luta não se resumiu aos exames, já que pela legislação, por não terem parentesco até o quarto grau, o caso teve que parar na Justiça: “Eu tive que provar que a doação foi espontânea, que éramos compatíveis e que não houve nenhuma negociação em dinheiro”, afirma Magali, que diz que apesar dos pesares, é interessante que a Justiça investigue as intenções do doador:

“A médica que atende a Janaína me contou que dos cinco doadores espontâneos que ela atendeu, eu fui a única que não pediu dinheiro em troca do órgão”, lamenta.

Cirurgia

Desde a semana passada, Janaína está internada no Hospital Celso Ramos, em Florianópolis, onde a cirurgia aconteceu. Lá, ela precisou se submeter a sessões de homodiálise, para fortalecer o organismo e prepara-lo para receber o novo rim.

Na segunda-feira (19), foi a vez da amiga buscar a internação no mesmo hospital, afim de se preparar para a cirurgia, que ela sabe ser bastante dolorosa: “A dor a gente aguenta só por saber que minha amiga agora tem condições de uma vida longa e que vai trazer a possibilidade de ver a filha crescer”.

A cirurgia foi realizada com sucesso na quarta-feira (27) e agora, as duas se recuperam bem no hospital da Capital.

A filha, aliás, foi batizada no sábado passado (23) e a madrinha escolhida foi Magali, que diz que a doação criou um vínculo sólido entre as famílias: “Hoje eu amo a Janaína, o Marcos e a Gabriela como se fossem presentes trazidos por Deus, e sei que eles sentem o mesmo por mim e minha família”, comemora a doadora de Turvo, que entre gemidos de dor, tem a satisfação em saber que salvou a vida da amiga, e que isto é para sempre.

Matéria especial da repórter Fernanda Guidi da RevistaW3