Segurança

Morte de menina completa um mês sem solução

Foto: Jornal Diário do Sul

Foto: Jornal Diário do Sul

Trinta dias se passaram e o som da voz da pequena Carol Seidler Calegari não será mais ouvido pela nona e o nono. Os brinquedos e as fotos foram guardados para tentar amenizar a dor da lembrança. Porém, vontade de saber o que ocorreu no dia 22 de dezembro do ano passado, dia em que receberam a notícia de que a neta havia sido assassinada, é a busca incessante dos avós paternos Neide Botega Calegari e Gentil Calegari.

Com a voz embargada pela emoção e com os olhos marejados, a nona, como era chamada por Carol, conta que a menina era seu xodó. “Ela era nossa alegria. Vivia na nossa casa. E agora? Agora ela não está mais aqui e nós nem sabemos explicar o motivo”, desabafa a avó, enquanto remexe nas fotos de Carol. 

A menina de sorriso largo foi encontrada dentro de uma caixa de brinquedos, coberta por roupas, dentro da casa onde morava com a mãe, Silvana Seidler, e o irmão materno, em Tubarão. Carol foi dada como desaparecida pela mãe em um primeiro momento, contudo, horas depois foi encontrada com sinais de estrangulamento. 

A mãe de Carol, Silvana, é apontada como suspeita do crime. Desde a morte da menina, Silvana foi vista pela última vez no dia 22 de dezembro, depois que foi registrar um Boletim de Ocorrência na delegacia. Desde então, ela saiu do local e não foi mais vista. A polícia procura a mãe para dar explicações sobre o assassinato de Carol.

“Não tem explicação o que aconteceu com minha netinha. É um mês que passamos este sofrimento que não desejo para ninguém. Ela não volta mais, infelizmente. Agora fica o vazio em nossas vidas”, diz o avô. 

Pai busca justiça por Carol

Ainda sem saber o que teria motivado o assassinato de sua filha, Gilson Calegari acredita que Carol tenha sido morta por sua ex-esposa. “Não tem como não ser ela. Se não foi, por que ela desapareceu? Por que não pediu socorro?”, diz o pai, e informa que Silvana e ele tinham um bom relacionamento desde que se separaram. 

Sobre Silvana, Gilson destaca que era uma mãe zelosa. “Ela comprava boas roupas para a Carol, estava sempre presente. Ao contrário do que dizem, nunca quis tirar a Carol da Silvana. Nunca pedi a guarda dela. O que queria era a felicidade da minha filha. Apenas isso. Independentemente de onde ela estivesse”, ressalta o pai. 

Sobre o sumiço de Silvana após a morte de Carol, Gilson é categórico. “A Silvana está viva e deve estar desorientada. Nem um animal faz o que ela fez. Se ela queria me punir de alguma forma, por que não fez comigo?”, fala o pai de Carol. “Quero apenas que a justiça seja feita. Que a Silvana apareça e nos diga o que aconteceu naquele dia, que jamais vou esquecer”, afirma Gilson. 

Sobre a motivação do assassinato, Gilson destaca que já pensou diversas situações. “Por mais que tente encontrar uma resposta, não consigo acreditar em tudo o que penso. Se a Silvana quis me ferir de alguma maneira, ela mesma feriu a todos, inclusive a ela. Só quero uma resposta para tudo isso”, desabafa o pai. 

Investigação prossegue sobre caso

Um mês após o crime, a polícia ainda busca informações para o desfecho do assassinato de Carol. Cuidando do caso desde o ocorrido, o delegado da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Tubarão, Rubem Antônio Teston da Silva, antecipa que não há novidades sobre a investigação do homicídio. “Não temos mais o que falar sobre este caso. Precisa-se mudar o foco. As investigações prosseguem para que se possa elucidar o homicídio”, fala o delegado. 

No dia da morte de Carol, segundo a avó paterna da menina, Gilson foi até a casa da ex-mulher. “Foi quando ela disse que a menina tinha sumido. O que nos estranha é que ela estava calma. Na data, ela estava com a máquina de lavar em funcionamento e não quis abrir o cômodo onde a Carol foi encontrada. Além disso, ela (mãe) estava tranquila. Tudo isso nos leva a crer que foi ela que cometeu essa atrocidade”, diz Neide. 

Psicóloga diz que violência é multifatorial

Em busca de respostas para o que houve no caso do assassinato de Carol, a reportagem do DS esteve em contato com a psicóloga tubaronense Ligia Pereira. Sem se ater especificamente a Silvana, apontada como suspeita da morte da filha, Ligia fala das causas que podem levar uma pessoa a cometer algum ato violento. 

“Não posso me deter somente no caso isolado da pessoa em questão, pois não tenho como avaliá-la e realmente saber o que aconteceu”, informa a psicóloga. No entanto, sobre a violência humana, se tratando de um caso que chocou Tubarão, pois Carol foi estrangulada, Ligia destaca que as causas da violência são multifatoriais, envolvem fatores genéticos, psicológicos e sociais. 

“Dentre esses fatores podemos citar pobreza, desemprego, falta de um teto, abuso de substancias químicas, depressão, esquizofrenia, organização da sociedade. O abismo entre ricos e pobres, a falta de oportunidades e de emprego para os jovens, as deficiências do sistema educacional etc. Um desses fatores isolado geralmente não vai levar a um caso de violência, porém, esses fatores isolados ou juntos intensificados podem provocar a violência”, diz a psicóloga. 

Para Ligia, a avaliação de um ato violento depende do conhecimento científico do indivíduo, causa da violência e do ato. “A realidade não é simples e o conhecimento científico de seus meandros é que permite lidar com cada caso da maneira mais justa: condenação ou tratamento? Prisão ou hospitalização? Nesse campo da violência, qualquer deslize pode causar uma violência ainda maior”, diz a psicóloga. 

Irmão de Silvana espera por retorno 

“Não podemos esconder o drama que estamos vivendo”. Assim, Eduardo Seidler, irmão de Silvana, fala de como a família materna de Carol tem passado os últimos trinta dias. Eduardo conta que não consegue imaginar que a irmã tenha cometido o crime. “Até pela criação que tivemos”, destaca o irmão. 

Para ele e sua família, a morte de Carol foi um choque. “Gostaria que ela (Silvana) voltasse para casa. Vamos ajudá-la a elucidar isso, mesmo que seja ela a culpada”, diz o irmão. Eduardo teve o último contato com Silvana na delegacia antes de encontrarem o corpo de Carol. 

Neste meio tempo, receberam a informação de que uma menina havia sido encontrada na rodoviária. Eles foram até lá e depois voltaram para a delegacia. Conforme Eduardo, Silvana desapareceu e não foi mais vista.

Com informações do jornal Diário do Sul