Trânsito

Mortes em acidentes de trânsito aumentam 39%, conforme relatório da PMRv

Durante todo o ano de 2013, foram registrados 39 óbitos. Apesar de 2014 não ter chegado ao fim, a estatística já apresentou elevação. Até o dia 24 de novembro deste ano, data em que o relatório foi finalizado, o número subiu para 63

Um relatório realizado pela 2ª Companhia de Polícia Militar Rodoviária retrata uma triste realidade: a morte causada por acidentes de trânsito durante este ano aumentou 39% em relação a todo o ano de 2013. Tendo em vista que o ano ainda não chegou ao fim e que a tendência de acidentes é crescer durante o verão, até o fim de 2014, os dados serão ainda mais alarmantes.

Os números são relativos à 2ª Companhia/PMRv, que abrange os postos de Cocal do Sul, Içara, Gravatal e Guatá. Em 2013, foram registrados 39 óbitos. Até o dia 24 de novembro deste ano, data em que o relatório foi finalizado, o número subiu para 63. Destes, 79% são vítimas do sexo masculino. Os horários em que mais ocorrem acidentes com óbito está entre 20h e 21h e entre 4h e 6h.

De acordo com o comandante da 2ª Companhia/PMRv, major Darci Rodrigues Junior, na maioria dos casos, há uma infração no trânsito antes de ocorrer um acidente. “O maior bem a ser tutelado pelo estado é a nossa vida. As pessoas se preocupam tanto com a criminalidade no geral, mas ela não mata tanto quanto o trânsito. O trânsito mata mais do que guerras. Há muitas pessoas morrendo por conta de infrações e não se dá a devida atenção que isso merece, o motorista não percebe a gravidade”, destacou.

As infrações no trânsito que mais geram óbitos são ultrapassagem indevida e forçada, excesso de velocidade e realização de rachas. “O aumento das mortes se deve principalmente à falta de conscientização dos motoristas. As infrações mais cometidas antes das ocorrências são responsáveis pela colisão frontal, considerada o pior tipo de acidente que existe”.

Um exemplo disso foram as duas mortes ocasionadas pela colisão entre motocicletas, enquanto um dos condutores realizava ultrapassagem em uma curva. O acidente ocorreu na SC-443, rodovia que liga Criciúma a Morro da Fumaça, no dia 21 de novembro.

Esse acidente chama a atenção para dois dados retratados pela estatística. Segundo informações do relatório, a motocicleta foi o veículo que mais despontou em termos de óbito. Em 2012, 16 motocicletas estavam envolvidas nos acidentes. Em 2014, por sua vez, o número subiu para 29.

Um dos envolvidos na colisão era um jovem de 21. A idade está dentro da faixa etária das vítimas fatais de acidentes de trânsito, que atinge pessoas com idade entre 16 e 35 anos. “É a faixa mais produtiva da vida. Nós estamos perdendo juventude por conta de imprudência no volante”, lamentou.

O major explica ainda que a PMRv trabalha incessantemente na prevenção. “A estatística mostra que a infração mais recorrente na 2ª Companhia é o excesso de velocidade. Isso prova que os motoristas não estão muito preocupados com a consequência. Quanto maior a velocidade, maior será o dano em caso de um acidente”.

Legislação visa reduzir a tendência crescente de fatalidades

O governo brasileiro lançou a campanha "Parada – Pacto Nacional pela Redução de Acidentes – Um Pacto pela Vida". O país é signatário da Década Mundial de Ações para Segurança no Trânsito, lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU). O Pacto abrange o período de 2011 a 2020. A iniciativa se propõe a conter e reverter a tendência crescente de fatalidades e ferimentos graves em acidentes no trânsito, ocorridos em todo o mundo. O objetivo é diminuir o número em até 50%.

No dia 1º de novembro entrou em vigor a Lei 12.971/2014. A principal mudança, conforme major PM Darci, foi o aumento no valor das multas em casos de transitar pelo acostamento, realizar ultrapassagem forçada ou proibida e exceder os limites de velocidade, por exemplo. Houve alterações também na pena prevista para alguns crimes de trânsito, como a ingestão de álcool ou o envolvimento em rachas ou pegas.

“Continuamos com a mesma fiscalização, mas com a expectativa de que venha diminuir. Se o condutor não preza pela sua vida, que preze ao menos pelo seu bolso. Deve-se tem em mente o risco que está correndo ao cometer essas infrações. Infelizmente, há uma inversão de valores. Você está pensando em preservar o seu bolso e não a sua vida. Sua vida não tem mais volta, mas o dinheiro você recupera”, pontuou o comandante.

Para ele, o trabalho realizado pela PMRv é mal interpretado. “Na verdade o policial é uma espécie de anjo da guarda que está ali para te avisar das consequências, mas as pessoas o criticam por estar fazendo o seu trabalho de fiscalização. O reflexo disso é o número alarmante de mortes no trânsito. Se tu chegares no hospital agora, irás perceber que a maioria é vítima de acidente de trânsito. Com a reversão dessa situação, o Estado economizará muito dinheiro e sobrarão vagas. Isso afeta de maneira geral toda uma coletividade, já virou um problema de saúde pública”, salientou.

Ketully Beltrame

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