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Mulheres ampliam espaço no mercado

Foto: Divulgação

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Conquistar espaço no mercado de trabalho normalmente é uma tarefa árdua para qualquer profissional. Para as mulheres, esse caminho pode ser ainda mais complicado, apesar dos avanços inegáveis que têm sido conquistados por elas nas empresas. Ainda assim, cada vez mais o sexo feminino tem superado desafios e assegurado uma carreira de sucesso. 

Recentemente, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, disse que, apesar de a mulher receber salários menores que o dos homens, essa disparidade vem diminuindo. “No ano de 2013, as mulheres tiveram aumento real de salário em torno de 3,95% acima do dos homens. Mas falta muito para que isso se transforme em igualdade real”, declarou.

As estatísticas, porém, apontam que elas continuam ganhando menos que os homens, apesar de estudarem mais. Segundo pesquisa do IBGE, a população feminina recebe 68% da renda dos homens. O levantamento mostrou também que a mulher é mais escolarizada. Entre as trabalhadoras ocupadas, 19,2% têm nível superior, enquanto os homens somam 11,5%.

Os dados reforçam a percepção de que os homens estão mais presentes nos cargos de chefia do que as mulheres. Mesmo assim, baseadas em muita persistência, elas estão chegando lá. Na Ferrovia Teresa Cristina (FTC), Eliane Maria de Souza Fernandes, gerente de gestão de pessoas, é a única mulher a ocupar um cargo gerencial. 

Formada em Estudos Sociais e Administração, Elaine aponta que o primeiro passo para a mulher buscar seu espaço no mercado é exatamente acreditar que tem condições. “A mulher também não pode se inferiorizar. O espaço existe e ele pode ser ocupado por qualquer pessoa apta. As mulheres podem, sim, ocupar esse espaço”, salienta. 

Com 41 anos de carreira, Eliane percebe que houve muitas mudanças no perfil feminino neste período. “Vejo que as mulheres estão estudando mais, se relacionando melhor, lendo mais, se atualizando sempre. Isso é muito positivo, pois elas começam a querer novidades, buscar melhorias. A mulher evoluiu muito em função dentro do mercado de trabalho, por exemplo. Hoje, elas buscam cargos melhores e têm condições de disputá-los”, avalia. 

Em relação ao salário, Eliane diz que nunca sentiu diferença em relação aos homens. “Trabalhei muitos anos em estatal, hoje numa empresa, e sempre tive o mesmo salário que meus colegas na mesma função.  Considero também que mais mulheres estão chegando aos cargos mais altos e, logo, aos melhores salários, embora isso seja ainda uma conquista recente”, analisa.

Preparada para críticas

A gerente pensa que o nível de exigência da mulher é mais alto. “As vezes não é a questão de ser mais cobrada, mas sim o fato de que a mulher se cobra mais. Outro aspecto que a mulher deve ter em mente é que, ao assumir uma responsabilidade, ela será cobrada tanto quanto os homens, então, as respostas virão sem distinção. Ela tem que estar preparada para receber essa resposta, equilibrando com esse lado mais sensível que nós temos. Sempre digo que não é a pessoa que é criticada, mas sim o processo. Por isso, quando recebo uma crítica, reavalio o processo”, aponta. 

Outro aspecto destacado por Eliane é que buscar progredir na carreira ou mesmo direitos iguais aos do sexo oposto não significa perda de feminilidade ou de delicadeza. “Isso é característico do sexo feminino. Também não acho que direitos iguais tenha a ver com educação. O homem carregar algo para a mulher, ser gentil, abrir a porta do carro, isso é uma questão de educação, de gentileza”, observa.

Ela não tem medo do trabalho pesado e nem de encarar desafios

Aos 18 anos, Lizi Castro se formou como técnica em eletromecânica, iniciando uma carreira na qual ela sabia que seria minoria. “É uma profissão pouco buscada pelas mulheres, pois exige um esforço físico grande. Acredito que até por imaginar que será difícil entrar no mercado as mulheres procuram pouco profissões assim”, avalia.

O mercado, diz Lizi, realmente não é fácil para o sexo feminino. “Existem empresas que têm uma visão de que a mulher não vai conseguir segurar o que é exigido pelo trabalho. Na FTC existe um projeto, na verdade, que estimula que mulheres atuem em funções que são essencialmente masculinas, mas é uma visão diferenciada, porém, demonstra que já começa um outro olhar em algumas companhias”, detalha.

Lizi, que atua como artífice de manutenção mecânica na FTC, salienta que hoje, com 10 anos de empresa, não há mais dificuldades de aceitação. “No começo, porém, há uma certa diferenciação. Da chefia, vejo que é mais um cuidado, um certo receio de que o trabalho seja pesado demais para uma mulher. De colegas, porém, ocorre uma certa desconfiança. Hoje, no entanto, sou tratada por todos como uma igual. Sou a única mulher que atua na oficina, em uma equipe de 23 pessoas”, conta.

Para Lizi, que também é engenheira química e engenheira de Segurança do Trabalho, a mulher que busca áreas mais ocupadas pelo homem deve ter em mente que terá desafios. “Ela terá que provar sua competência, mais ainda que um homem, pois são funções que exigem algumas características que são mais masculinas mesmo. Mas não quer dizer que a mulher não possa fazer. Até porque, em muitos casos, o serviço exige técnica, e não força. É um mercado desafiador, mas há espaço para a mulher, sim”, acredita.

Colaboração: Diário do Sul