Cultura

Na tranquilidade de Treviso, um museu religioso

Nilton Motta iniciou há 20 anos uma coleção de imagens sacras que hoje conta com aproximadamente mil santos

Foto: Daniel Búrigo / Clicatribuna

Foto: Daniel Búrigo / Clicatribuna

No interior de Treviso, na Vila Nesi, esconde-se um verdadeiro museu religioso. É na sua casa que Nilton Motta há 20 anos iniciou uma coleção de imagens sacras que hoje conta com aproximadamente mil santos. Saber quantos são exatamente é uma tarefa difícil, pois nesses anos todos ele foi acumulando, acumulando e hoje as imagens estão por toda a parte, desde a entrada da casa, até o jardim, quartos e cozinha, além de uma dispensa reservada apenas a elas. O interesse iniciou quando ele trabalhava em Florianópolis. “Eu tinha uma amiga lá que colecionava e eu também comecei a colecionar. Ela viajava muito para o exterior e trazia as imagens para mim, naquela época eu comecei”, relembra Motta.

Mesmo com tantos exemplares, todos são especiais para o colecionador que tem na memória o nome de todos. Não só o nome, também suas histórias de vida e peculiaridades. “Eu leio muito. À noite eu quase não durmo e fico lendo sobre história e também tenho um livro dos santos dos dias. Eu também assisto a Rede Vida (Canal de televisão religioso) e todos os dias de manhã eles falam qual é o santo do dia e eu tiro eles da estante e levo para a mesa. Mas são muitos, tem dia que é dia de mais de 25 santos”, comenta.

Para garantir que a coleção aumente cada vez mais, ele conta com os amigos que continuam trazendo imagens de suas viagens e também com os parentes de Treviso mesmo, que guardam em suas casas muitas raridades, como uma de Santa Ana que tem aproximadamente 150 anos, é toda entalhada em madeira e foi trazida para cá pelos imigrantes. Segundo ele, no Brasil é difícil encontrar santos que não são muito conhecidos da população, por isso a maioria de sua coleção veio de fora, principalmente da Itália. É o caso da Rosa Mística, que teve apenas 40 exemplares produzidos na Itália e um deles está na casa do colecionador, presente de um amigo que trouxe quatro delas para o Brasil.

São Jorge dá as boas-vindas

Motta é franciscano, fez voto de pobreza, mas não abre mão de deixar seu quintal caprichado e logo na entrada já se vê a imagem imponente de São Jorge. “Dizem que é bom botar São Jorge na entrada porque ele protege a casa”, afirma. São Francisco, seu exemplo de vida e de quem é devoto, também está no pátio. Mas as preferidas mesmo são a Nossa Senhora dos Campos e a Santa Bárbara, porém a imagem oficial da padroeira dos mineiros não está na casa de Motta, ela foi emprestada à igreja para a realização das novenas que antecipam a comemoração da santa, no dia 4 de dezembro. “Às vezes precisa de uma imagem para fazer alguma coisa na igreja e eles pegam emprestado. Também acontece às vezes de as procissões saírem aqui da minha casa”, conta.

Nessa época de Natal, o quintal do colecionador já está decorado com as luzes, mas o presépio ainda não está montado. “É que a tradição diz que o presépio deve ser montado no dia 17 de novembro. Estou esperando e vou montar aqui em casa e também lá na mina (Metropolitana, onde trabalha como jardineiro)”, declara Motta. Ainda que com uma coleção tão grande, Motta conta que existe um que ele ainda não tem “A Santa Genoveva, padroeira de Paris. Eu já procurei por tudo e não achei”, lamenta.

Com informações do site Clicatribuna