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Novo perfil do consumidor desafia supermercadistas

Nas últimas décadas, muitas mudanças foram sentidas no perfil do cliente, que prefere produtos mais saudáveis e maior diversidade

Foto: Samira Pereira

Foto: Samira Pereira

O perfil do cliente de supermercado mudou. E mudou pra valer. O público é diferente daquele de anos atrás, a venda de produtos industrializados aumentou, assim como a procura pelos naturais, e a idade do consumidor também variou. “A prioridade, hoje, é pela diversidade e pela qualidade dos alimentos. Percebemos que atualmente o cliente não vai mais em busca de um pedaço qualquer de carne, ele já pede, por exemplo, o filé mignon cortado em tiras para o estrogonofe. A exigência está cada vez maior”, exemplifica o diretor comercial da rede de supermercados Manentti, Nazareno Dorneles.

A Associação Brasileira de Supermercados confirma a informação. Conforme as estatísticas da entidade, até poucos anos o cenário era bem diferente do atual. As famílias eram maiores e as mulheres tinham mais tempo para se dedicar ao preparo das refeições. No entanto, a diversificação da cesta de compras do brasileiro e o maior acesso a diferenciadas categorias de consumo só foram possíveis com a estabilidade econômica, alcançada a partir da década de 90.

Neste período, os produtos light e diet despontaram como grandes apostas. Entre 1990 e 2001, por exemplo, a venda dos itens aumentou mais de 950%. “Os sem glúten e sem lactose também seguem no mesmo caminho”, comenta Dorneles. Quanto ao setor de hortifrutti, a diversificação é facilmente perceptível. “As donas de casa não querem somente tomate ou alface na salada. Elas buscam o broto de feijão, a rúcula com tomate seco, a mussarela de búfala para dar um toque de sofisticação ao prato. Procuram por facilidade também, e o reflexo disso é a linha Verde Fácil, que está em uma crescente nos supermercados. Os produtos já vêm selecionados e higienizados, prontos para o consumo”, completa.

Outro dado que aponta para a mudança do perfil é a idade do consumidor. Conforme Nazareno, o público do varejo, hoje, está mais maduro. “Antes, era comum ver jovens de 15 a 25 anos na loja. Hoje, a faixa etária média já ultrapassa os 30 anos. Os mais novos procuram conveniências, os mais velhos, supermercados”, avalia Nazareno.

Crianças são grandes influenciadores na hora da compra

Pequenos no tamanho, mas grandes no que diz respeito à influência sobre as compras. As crianças estão, cada vez mais, tornando-se fator determinante na hora de levar determinados produtos para a casa. Muito embora o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponte para o amadurecimento da população, é inegável que nunca houve uma geração de crianças tão influente como a de agora.

De acordo com Nazareno Dorneles, os pais costumam ser condescendentes e cedem à preferências dos pequenos, principalmente quando o assunto guloseimas está em jogo. “Eles estão muito conectados à televisão e à internet, de onde colhem informações e argumentos para conseguir ganhar aquilo que querem”, explana.

A informação de Dorneles é reafirmada por Marília Torres Serafim. Mãe de Athur, de quatro anos, ela conta que o menino tem poder de decisão, mas com certos limites. “Não faço compras mensais, por isso quase todos os dias estou no mercado comprando algo. Peço a opinião dele sempre que vou preparar determinados alimentos, como para fazer o recheio de um bolo, por exemplo”, pontua a mãe.

Conforme pesquisa do Instituto Qualibest, de 2013, 35% das crianças sempre vão ao supermercado com os pais; 64% vão às vezes e somente 1% nunca vai. Dos frequentadores, 64% sempre pedem para os progenitores comprarem aquilo que eles gostam e 30% atendem prontamente ao pedido. O outros 69% acatam o pedido às vezes e somente 1% nunca o fazem. “Muitas das minhas compras, hoje, são baseadas nas preferências do meu filho”, conta Deisi de Souza Bratti, mãe do pequeno Miguel, de apenas um ano. “Ele adora suco de goiaba e odeia o de caju. Iogurte, só de pêssego. Prefiro os sem lactose e sem conservantes. Além de serem mais saudáveis para ele, nós também entramos na dieta”, expõe a mãe.

Colaboração: Samira Pereira/Ápice Comunicação