Economia

Número de famílias endividadas fecha 2013 com alta de 7,5%

Manter as contas em dia tem se tornado cada vez mais uma tarefa difícil para a população

Foto: Reprodução Internet

Foto: Reprodução Internet

O endividamento se tornou um problema mais grave em 2013. O ano passado teve 7,5% de crescimento no número de famílias endividadas no país, atingindo 62,5% da população, segundo o Perfil do Endividamento das Famílias Brasileiras em 2013, realizado pela Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A tendência é que isso se reflita na inadimplência nos próximos meses. 

A análise é do economista Jailson Coelho, que aponta que o número mostra que manter as contas em dia tem se tornado cada vez mais uma tarefa difícil para a população. “Vamos avaliar que, entre as pessoas endividadas, nem todas estão com contas atrasadas, algumas têm dívidas, mas estão pagando. Acontece que alguns fatores podem contribuir para que essas pessoas não consigam manter suas contas em dia”, observa. 

Segundo ele, a taxa básica de juros – a Selic – está aumentando e a tendência é que novas altas sejam fixadas pelo Banco Central. “Isso indica que, dependendo das dívidas que a pessoa tem, elas podem sofrer reajustes nos juros. Além disso, existe uma previsão que haja uma redução na oferta de empregos, o que também vai afetar a economia”, aponta. 

Outro complicador, diz o economista, são as despesas extras de começo de ano. “Nessa época, as famílias têm gastos com material escolar, IPVA, IPTU, férias. Como muitas utilizaram o 13° salário para pagar dívidas, esses gastos podem contribuir para o aumento da inadimplência”, detalha. 

O estudo da CNC sinaliza que a análise de Jailson já se reflete nos dados. Conforme a pesquisa, os indicadores de inadimplência não apresentaram a mesma tendência, mas mostraram crescimento anual apenas no segundo semestre. “Isso indica que o aumento do endividamento já começou a se refletir em inadimplência na segunda metade do ano passado”, pontua o economista. 

Para não se endividar, a dica é apertar o cinto e manter um planejamento financeiro rígido. “O endividamento é uma consequência do crédito facilitado em associação com a falta de educação financeira, característica em muitas pessoas no Brasil. Então, é preciso lembrar das despesas extras, e se planejar para não contrair mais dívidas, somente o que caiba no orçamento”, enfatiza Jailson.

Quem já está com contas atrasadas, porém, precisa buscar a negociação. “Deve-se priorizar o pagamento à vista das dívidas com juros mais alto, como cartão de crédito, empréstimo e outros. Renegociar o que for possível, sempre calculando para que as parcelas sejam viáveis dentro da possibilidade financeira da família, para mantê-las em dia, e não fazer novos gastos”, ensina o economista. 

Dentro do programado

Segundo Jailson, o cenário regional segue a tendência nacional, com possibilidade de algumas variações. Algumas entrevistas realizadas pelo Jornal Diário do Sul , mostram que muitos estão de olho no planejamento para não contrair dívidas. 

A auxiliar administrativa Patrícia Oliveira, por exemplo, aponta que tem contas, mas está em dia com os compromissos financeiros. “Eu tenho contas, mas não tenho dívidas. Procuro sempre planejar antes de comprar, para não ter problemas”, salienta. 

Márcia Rosane Bastides Goulart, que trabalha como autônoma, afirma que procura usar pouco o cartão de crédito e sempre que possível opta pelo pagamento à vista. “Tenho contas feitas dentro do que foi programado, mas nenhuma dívida. É preciso ter muito cuidado e pensar bem antes de comprar, pois hoje temos muita oferta de crédito e fica fácil se endividar”, analisa. Já o técnico em informática Daniel Carvalho adota uma medida bem simples, mas eficaz. “Primeiro eu ganho, para depois gastar. Não uso cartão de crédito nem crediário, opto sempre pelo pagamento à vista. Agora, por exemplo, eu saí para comprar um tênis. Vim bem tranquilo, com tempo, e vou passando, olhando os produtos e vendo os melhores preços. Sempre peço desconto também. Dessa forma, consigo me mandar sem dívidas”, ensina.