Saúde

Obstetras anunciam fim de plantão presencial no Hospital São Donato, em Içara

Foto: Daniel Búrigo / Arquivo A Tribuna

Foto: Daniel Búrigo / Arquivo A Tribuna

Os pagamentos atrasados em decorrência da falta de repasse do Governo do Estado, estão exigindo dos médicos da região a adoção de medidas mais drásticas. Os obstetras do Hospital São Donato, de Içara, anunciaram que caso não recebam os atrasados, pararão todos os serviços da maternidade a partir do dia 21 de junho. Mas, antes disso, outras mudanças ocorrerão quanto ao atendimento às gestantes. Em documento entregue à direção do hospital nesta segunda-feira (23), os médicos decidiram não realizar mais plantão presencial na instituição assim que o próximo mês iniciar.

O atendimento segue normalmente somente até a próxima semana. “Do dia 1º até o 21 eles trabalharão em condição de sobreaviso, caso necessitem do serviço. Mas, até agora, se chega uma gestante a qualquer hora, tem um médico à disposição da paciente”, explica  o gerente administrativo do hospital, Júlio César De Luca. Atualmente, o Hospital São Donato realiza de 90 à 100 partos por mês, sendo 50% da população de Içara e o restante de municípios adjacentes. Conforme o diretor, com débitos desde janeiro, o hospital espera receber aproximadamente R$ 2 milhões do Governo do Estado, em relação às produções médicas. 

“Só em incentivo para a maternidade, o valor da dívida chega a R$ 750 mil. Somos parceiros do Sistema Único de Saúde (SUS), mas não conseguimos trabalhar apenas com os valores da contratualização. Precisamos dos incentivos financeiros”, pondera.

Caos para Criciúma

Caso os serviços sejam suspensos, a demanda nos hospitais de Criciúma aumentará. No entanto, o secretário de saúde, Vitor Benincá, diz que o município não comporta esses 100 partos excedentes. "Criciúma hoje já atua em sua cota máxima e se isso acontecer os hospitais enfrentarão um verdadeiro pandemônio. Vai ter grávidas esperando atendimento e em situação de risco".

Para tratar da crise que tem se instalado na saúde pública por falta de verbas estaduais, uma reunião será realizada na tarde de hoje, a partir das 17h.  Participarão do encontro o prefeito de Içara, Murialdo Gastaldon, a Secretaria Municipal de Saúde, a diretoria do hospital e o Conselho Municipal e o Local de Saúde. O objetivo é debater o problema e buscar mobilizações políticas. 

“Queremos chamar a atenção do Estado e das autoridades, mas só vamos conseguir isto, com força política.  O município está em dia com o hospital, porem existe essa dívida e precisamos ajudar a cobrá-la. Vamos pressionar esse pagamento por meio dos políticos locais”,  afirma o secretário de Saúde de Içara, Tiago Marcolino. Para cobrar novamente esses repasses, o prefeito também já teria sinalizado uma reunião com o vice- governador, Eduardo Pinho Moreira.

Requerimento no Ministério Público

Conforme a assessoria da Associação de Munícipios da Região Carbonífera – Amrec, na semana passada o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina – Consem protocolou uma representação no Ministério Público solicitando providências para obrigar o Estado a manter a regularidade e periodicidade do repasse. A ação seria uma medida inédita no Estado.

Com informações do site Clicatribuna