“Non abbiate paura!”. Não Tenhais medo! Estas foram as palavras do saudoso Papa João Paulo II, em seu primeiro discurso na Praça de São Pedro, em Roma. A frase foi também o lema da ordenação do padre Eder Carminatti, em setembro de 2012, após 13 anos de muito preparo e intensos estudos.
As palavras que acompanharam o religioso nestes quase três anos de sacerdócio foram novamente entoadas durante a manhã desta terça-feira (28), em uma entrevista à Revista W3, servindo para ilustrar a decisão que o padre tomou ao se afastar da função de sacerdote.
O anúncio oficial foi feito no último sábado (25), com a igreja lotada de fieis. Representantes das 12 comunidades que integram a Paróquia São Pedro Apóstolo, a qual padre Eder coordenou por mais de um ano, em Balneário Arroio do Silva, registraram presença e fizeram questão de demonstrar todo o carinho e admiração que tem pelo religioso.
A santa missa foi marcada por homenagens e muita emoção. “Anunciei a todos que estou me afastando da função de sacerdote. Esta é uma decisão pessoal que já vem sendo refletida há aproximadamente cinco meses. Foi uma escolha fundamentada em muito diálogo, onde busquei orientações com o próprio Bispo, outras colegas padres e com a minha família, que apoiou totalmente minha decisão,” afirmou.
Mudança de hábito
Padre Eder afirma que precisava refletir com maior profundidade sobre o sacerdócio, sem estar dentro da igreja, que, segundo ele, é uma grande responsabilidade e vai muito além de apenas celebrar missas.
“O padre possui muitos encargos e responsabilidades. A missas e os demais sacramentos são apenas uma parte central, mas por traz disso existem muitas outras funções como visitas aos doentes, expediente paroquial, onde ouvimos e aconselhamos o povo. Temos ainda as funções administrativas que incluiu o zelo pelas questões patrimoniais e burocráticas de todas as 12 comunidades que compõe a paróquia,” afirmou.
Palavras que ferem
Padre Eder também desabafou sobre as calúnias e difamações do qual foi alvo após fazer o anúncio de se afastar da função. “Sempre preguei a autenticidade e não poderia agir diferente de um discurso que fez parte de toda minha vida como sacerdote. Não posso falar de uma forma e agir ao contrário. Sempre orientei meu rebanho para buscar a felicidade e a verdade. Achei que era o momento de colocar isso em prática na minha vida”, desabafou.
Em relação aos comentários maldosos que ouviu ou leu nas redes sociais, o religioso afirmou: “Minha saída nada tem a ver com crise de fé, com atritos internos na igreja ou com algum envolvimento amoroso, conforme chegou a ser ventilado. Me permiti parar e refletir sobre a minha vocação e só gostaria que as pessoas entendessem e respeitassem esta decisão que é pessoal. Não dou importância às calúnias que fazem a mim, mas percebo que a maldade de algumas pessoas tem sido tão grande que já envolvem um número ainda maior de pessoas que me cercam”, conta.