Segurança

Polícia Civil instaura inquérito para apurar denúncias no Sindicato dos Mineiros de Criciúma

Foto: Daiana Carvalho/Engeplus

Foto: Daiana Carvalho/Engeplus

Após inúmeras denúncias realizadas pelo Sindicato dos Mineiros de Criciúma, a Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar possíveis irregularidades no período em que a entidade foi comandada pela antiga gestão. Conforme o site Engeplus, o delegado da 1ª Delegacia de Polícia de Criciúma, José Tadeu Vargas, aguarda os documentos solicitados para que a apuração sobre a possibilidade de desvio de dinheiro e uma série de outras denúncias seja executada. “Há fortes indícios de que as denúncias procedem e, por isso, vamos começar uma investigação”, afirma Vargas.

Na última sexta-feira, dia 31, a Polícia Civil deu início as investigações de um possível esquema de fraude na cobrança de exames feitos por meio de convênio com a Prefeitura de Criciúma. Já nesta segunda-feira, dia 3, foi oficializada o início dos trabalhos sobre as demais denúncias.

As denúncias – Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira, na sede do sindicato, a diretoria provisória da entidade apresentou as denúncias. Conforme a assessoria jurídica do sindicato, todos os livros de prestação de contas de 1999 até 2013 foram feitos no dia 30 de agosto de 2014, na mesma empresa de contabilidade e sem a apresentação de registro da prestação de contas feito em assembleia para a aprovação dos associados, conforme estabelece o estatuto.

A presença de proprietários de cooperativas na diretoria do sindicato também foi apontada. De acordo com os registos identificados nos arquivos do Sindicato, uma empresa fantasma foi criada com sede na casa de um dos integrantes da antiga direção para burlar a legislação e colocar os integrantes como associados do sindicato.

Além destas irregularidades, a diretoria provisória aponta uma dívida de R$ 1,5 milhão em nome da entidade e desvio de recurso público. “O sindicato possui mais de cinco mil sócios, o que resulta em uma arrecadação de R$ 3 milhões por ano, no entanto, eles declaravam R$ 400 mil. O prédio está penhorado, o sindicato deve R$ 866 mil ao fisco, deve R$ 500 mil contraídos como empréstimo da Cooperminas. Os médicos contratados pela entidade estavam com os salários atrasados há dois meses”, destaca o advogado, Chalton Schneider.

O sindicato também possui dois veículos, que estavam com dois meses de atraso nas parcelas. Um dos carros não era utilizado pelo sindicato e não possuía plotagem para identificação do veículo. “O automóvel foi encontrado na casa do antigo diretor do sindicato”, aponta Schneider ao destacar que nos dois meses que antecederam a entrada da diretoria provisória foram gastos cerca de R$ 13 mil em gasolina.

As 22 salas comerciais que o sindicato possui e que estão alugadas deveriam somar uma receita de R$ 76 mil, porém, o valor informado nos livros é de R$ 16 mil. “São R$ 60 mil que não aparecem nos relatórios”, destaca o presidente da diretoria provisória, Djonatan Mafei Elias.

O sindicato também paga o aluguel de um parque aquático para que os associados possam usufruir, entretanto, conforme Schneider, a antiga direção cedeu o espaço para uma empresa fazer marmitas na cozinha do estabelecimento e cobrava tarifa para os dependentes dos associados frequentarem o local. As condições da sede do sindicato e a forma de armazenamento dos arquivos também foi outro ponto destacado pela atual direção. "O prédio está em péssimo estado e parte dos arquivos do sindicato estão jogados na garagem", acrescenta Elias.

Ministério Público – Além da Polícia Civil, a diretoria provisória também protocolou denúncia no Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. O procurador do MPT responsável pelo caso, Francisco Gerson, da 7ª região da Procuradoria Regional do Trabalho, de Minas Gerais, adiantou que virá para a cidade para apurar as denúncias. “Está tendo muita denúncia. Vou para Criciúma nesta semana”, afirma. O Ministério Público Federal, por meio da assessoria confirmou que o procurador, Fábio de Oliveira, recebeu as denúncias e que está avaliando as informações para verificar a necessidade de instaurar um inquérito.

O antigo presidente do sindicato, Ivan Roberto Westphal, o Camisa, foi procurado pela equipe de reportagem do Portal Engeplus, mas não atendeu as ligações durante esta segunda-feira.