Segurança

Polícia conclui que morte de jovem envolvendo PMs foi execução

Foto: Mayara Cardoso/Clicatribuna

Foto: Mayara Cardoso/Clicatribuna

A Polícia Civil de Siderópolis chegou à conclusão, após a reconstituição realizada na manhã desta sexta-feira, que o jovem metalúrgico Denis Aderbal Gomes, de 21 anos, morto no dia 8 de março, após perseguição de dois policiais militares, foi, na verdade, executado. “O que ocorreu foi uma execução. A cena do crime foi totalmente desfigurada com a intenção de parecer que o Denis estava fora do carro quando recebeu os disparos, mas com os laudos e a reconstituição nós concluímos que ele ainda estava dentro do carro quando recebeu os tiros, depois foi tirado para fora do carro e, já agonizando, recebeu mais um disparo no peito. Também foi plantada uma arma junto a ele, mas ficou comprovado que ele não efetuou disparos”, afirma o delegado José Tadeu Vargas, responsável pelo caso, em entrevista para o site Clicatribuna.

No dia do crime, a perseguição realizada por dois policiais militares de Criciúma, começou no Bairro Metropol, mas terminou no Bairro Vila São Jorge, em Siderópolis, quando Denis perdeu o controle do carro e caiu em um valo. 

Um dos policiais que estava presente na perseguição e que estava preso desde o dia 11 de abril foi solto na última terça-feira e participou da reconstituição. Ele foi liberado porque ficou comprovado que nenhum dos oito projéteis encontrados – tanto os quatro que atingiram a vítima, quanto os dois na porta do carro e os dois no encontrados no barranco – saíram de sua arma. Já o seu companheiro continua detido na sede do 9º Batalhão da Polícia Militar. “Já ficou comprovado que os projéteis não saíram da arma dele e ele também já confessou como ocorreram os fatos, mas disse que não participou da execução. O outro que está preso se recusa a falar”, explica o delegado. 

Denis não tinha passagens pela polícia e, segundo Vargas, a motivação da execução não foi identificada, mas ele acredita que o jovem tenha desobedecido uma ordem de parada, pois estava sem habilitação. Com os dados coletados, Vargas afirma que já está com o inquérito quase concluído. “O policial que está preso deve ser indiciado por homicídio duplamente qualificado porque executou por motivo fútil e deixou a vítima sem possibilidade de defesa. Mas ainda tenho que analisar a participação do outro, porque os projéteis não saíram da arma dele, mas ele estava de caroneiro e alguns tiros foram disparados com o carro em movimento. O motorista teria que dirigir com a mão esquerda e atirar com a mão direita, porque era destro. Então eu ainda preciso analisar a participação desse policial”, argumenta. 

O carro utilizado na reconstituição é o da própria vítima que foi transportado por um caminhão guincho até o local na manhã desta sexta-feira.