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Praia do Gravatá recebe abraço por preservação ambiental

O dia lindo de sol contribuiu para enaltecer a beleza da praia do Gravatá, em Laguna. Neste domingo, turistas e moradores, mais uma vez, caminharam pelas trilhas da praia. Desta vez, não foi apenas para passear pela região, mas sim, lutar pela sua preservação. Um abraço coletivo, com mais de 400 pessoas, representou a luta pela preservação do meio ambiente.

O guia ambiental, Júlio César Vicente, um dos organizadores salienta, que o local já é preservado por lei federal. “Precisa ser respeitada. Os empreendimentos imobiliários estão de olho no nosso paraíso”, disse.

Durante a trilha, o guia informou aos visitantes a história do local, suas características naturais e a região onde se pretende construir resorts, campings e casas para veraneio.

“Estamos mostrando nosso respeito pelo meio ambiente e, principalmente, pelo nosso patrimônio”, disse o vereador Eduardo Carneiro, que apresentou emendas para transformar o local num Parque Municipal Natural Morro do Gravatá dentro do Plano Diretor, mas foi rejeitada. 

A medida é uma solicitação para preservar o local e deixá-lo intocável. Na última semana, os vereadores derrubaram o veto do prefeito Everaldo dos Santos em primeira votação, autorizando a urbanização na área protegida. A emenda está dentro do Plano Diretor que recentemente foi discutido, recebeu emendas dos parlamentares. Ocasionando revolta popular, manifestações por toda a cidade, recomendações do Ministério Público e abaixo-assinado.

A professora Dina Maria Martins Pinho frequenta o local há anos. “Não dá para acreditar que queiram tirar acabar com esta maravilha”, disse.

O morador da comunidade Ponta da Barra, principal acesso á Praia do Gravatá, Itamar Santos nem gosta de pensar na destruição do paraíso. “Estou triste. É uma obra de deus, que precisa ficar como está”, declarou emocionado.

A água é outra preocupação da localidade de 1.5 mil moradores. Uma das reservas de água que abastece a comunidade fica entre os morros do Gravatá e Italaia. “Sem água, como vamos sobreviver ?”, questiona o morador.

Luta pela preservação começou na década de 70

Um dia de junho de 1979, a comunidade da Ponta da Barra amanheceu cercada. Os empresários, que diziam donos da terra ao redor da praia do Gravatá, contrataram capatazes para construir uma cerca de arame e não deixar mais ninguém ter acesso á praia. Indignados, um grupo de moradores decidiu por um fim a manobra de apropriação do local, um paraíso para uso de todos.

O mais corajoso deles Manoel Astrogildo Vieira, 46 anos, ia á frente do grupo pedindo para tirar as grades de arames. O líder acabou levando um tiro na cabeça e morreu no local. O assassinato foi preso e julgado. A cerca nunca mais foi colocada. 

Passado 34 anos, sua filha Lenir Vieira Ribeiro, não abandonou o sonho do pai em ver a praia um local preservado, onde todos podem apreciar a natureza. Neste domingo levou filhos e parentes para fazer parte da manifestação. “Local é maravilhoso, não vamos deixar interesseiros estragarem”, disse. Mesmo depois da tragédia, Zenir continuou morando na localidade, onde criou os filhos que têm a praia como quintal de casa, como tanto o avô queria.
 

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