Economia

Preços do arroz e da carne apresentam aumento gradativo nas prateleiras

Depois do feijão e do litro de leite, outros produtos da cesta básica do brasileiro estão sofrendo aumento em seu preço. As condições climáticas desfavoráveis para a agricultura, aliadas a alta nas exportações, acabam tornando os itens mais caros para o bolso do consumidor. Conforme dados do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – CEPA/Epagri, ontem o preço mínimo no fardo de 30 quilos do grão estava sendo vendido por R$ 68,50 no atacado Sul Catarinense, na diária de preços agrícolas.

Nos supermercados, o arroz esta custando R$ 0,30 a mais que o mês anterior, sendo que os preços variam entre R$ 2,15 e R$ 2,90, conforme a marca do produto. Mesmo que o aumento pareça pouco significativo no orçamento, a tendência é que a cada mês os valores subam um pouco mais. Esta crescente deve se manter até o mês de setembro, pelo menos. Isso é resultado de um plantio e de uma colheita de arroz prejudicados pelo tempo.

Segundo o meteorologista Márcio Sônego, a perda da safra do Rio Grande do Sul, o maior fornecedor do grão, aconteceu pela vinda do fenômeno El Niño em outubro do ano passado. Muito, devido ao grande índice de chuva em abril, época da colheita. “A quebra da safra do Rio Grande do Sul influência, uma vez que ele é o principal produtor de arroz do país. Houve muita chuva na hora da colheita”, diz Glaucia Padrão, analista de economia da CEPA.

Ainda, conforme o economista Dimas Estevam, é comum que os produtos inflacionem durante o período de inverno. Mas, muito se deve pela alta procura pelo alimento, tanto interna quanto externa. Tanto no arroz, quanto na carne, as redes de supermercado apontam um pequeno acréscimo de valores. Conforme o gerente comercial em uma das redes, Rodrigo Cardoso, o aumento acontece de forma geral, mas como são alimentos básicos do dia a dia, as ofertass oferecidas buscam equilibrar os valores e condições.

Segundo Cardoso, café e óleo foram outros itens que tiveram aumento nesse último mês. “Infelizmente temos que repassar esses valores para o consumidor. Mas, temos a nossa política de descontos, onde costumamos dar ofertas nos itens da cesta básica”, afirma.

Carne R$ 1 mais cara

Mas, as consequências da geada e frio intenso também seguem custando mais aos consumidores. Assim como o leite, a carne bovina é diretamente influenciada pela perda do pasto de qualidade, responsável pela alimentação dos animais. Com as baixas temperaturas, o plantio foi perdido, fazendo com que os produtores recorressem a suplementos alternativos para alimentar vacas e bois. Conforme o coordenador regional do programa de pecuária da Epagri, Marcelo Pedroso, 60% da produção de carne de Santa Catarina são fornecidos por outros estados, mas o restante é abastecido localmente.

“Esses 40% sofreram impactos com a geada, que é onde acontece a dificuldade e também o aumento”, diz.  De acordo com dados do CEPA, o preço da venda de produtores para os frigoríferos aumentou 0,6% nesse último mês, refletindo em um aumento de R$ 1. A carcaça bovina limpa passou da média de R$ 158,03 para R$ 158,96, conforme o analista socioeconômico, Alexandre Luis Giehl. O aumento também tem sido gerado pelo crescente ritmo na exportação, que ocorre desde outubro. Mas, agora, a perda de pastagem afetaram ainda mais a indústria de carnes.

“Esse é um aumento pequeno, mas constante em Santa Catarina desde o ano passado. A exportação de maio se mostrou 14,5% maior que a de 2015 e o estoque interno ficou escasso. Também existem menos gados gordos, que estariam prontos para o abate”, afirma. Ainda assim, a perspectiva é que nos próximos períodos o pasto melhore para os agricultores. Porém, para que os valores não sofram interferência, o gado ainda deverá engordar para o abate, o que deverá demorar um pouco.

O açougueiro e proprietário Dilnei Fernandes Alves diz ainda não ter sofrido aumento em suas peças. Mas, já ficará de olho em relação ao que tem comprado. “Essa questão do pasto nos faz pensar que logo estará mais caro. Esperamos que isso não aconteça”, afirma

Aumento de produção de arroz

Apesar das perdas geradas pelo El Niño, a região Sul de Santa Catarina ainda apresentou aumento na produção do grão. Araranguá, Criciúma e Tubarão produziram 676 mil toneladas de arroz na safra 2015/2016, gerando um valor bruto de R$ 568 milhões. A localidade de Criciúma teve produtividade média 5,5% acima da registrada na safra 2014/2015. Os números foram apresentados na 24ª edição da reunião anual de avaliação de safra do arroz irrigado no Sul catarinense, realizada pela Epagri.

“O resultado da última safra no foi considerado bom, sendo 4,9% superior quando comparado ao rendimento médio das últimas nove safras. Isso, aliado ao bom preço do arroz no mercado, tem deixado os produtores animados”, avalia Douglas George de Oliveira, extensionista da Epagri na Gerência Regional de Araranguá.

Com informações de Denise Possebon / Clicatribuna 

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