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Programa da Unisul abre portas para deficientes

Com o Programa de Promoção de Acessibilidade (PPA), a Universidade presta atendimento diferenciado a estudantes com deficiência auditiva, física, visual e mental

Foto: Cilene Macedo/Assessoria de Comunicação da Unisul

Foto: Cilene Macedo/Assessoria de Comunicação da Unisul

Em 2010 o Censo da Educação Superior revelou um dado preocupantes. Dos 6,3 milhões de brasileiros matriculados em cursos de graduação, apenas 16 mil são identificados como pessoas com deficiência. Desse número, dez mil estão em rede privada. O dado mostra a dificuldade do ingresso e permanência dos universitários com deficiência no Brasil. Por isso a importância do Programa de Promoção de Acessibilidade (PPA) da Unisul, que atualmente conta com 59 participantes nos campi Tubarão, Florianópolis e Virtual. Destes, 10 tem deficiência auditiva, 17 física, 13 visuais, dois intelectual, 10 transtorno mental, um transtorno global de desenvolvimento e seis têm dificuldade de aprendizagem.

O programa busca promover condições igualitárias de acesso ao ensino. O processo inicia com a matrícula. “Quando ele preenche o formulário, já informa se tem alguma necessidade especial. A cada semestre a gente faz uma busca dos alunos que estão entrando e têm alguma necessidade especial”, informa a coordenadora do programa, Vera Lucia Anselmo Neves. A partir desse momento, o contato entre a Universidade e o ingressante é mantido. De acordo com cada deficiência, são repassados os recursos necessários.

A atuação dentro da Unisul ocorre de várias formas. Há acessibilidade nas estruturas físicas, nos meios de transporte, na comunicação interpessoal e nas técnicas pedagógicas. Também fazem parte os instrumentos de estudo, usabilidade de recursos computacionais, superação das barreiras políticas públicas e nas atitudes pró-inclusão social. Além disso, há orientação e execução na adaptação do espaço de estágio externo e palestras informativas em disciplinas dos cursos.

Os professores são orientados no começo de cada semestre, considerando os alunos que farão a disciplina. No caso de deficiência intelectual, o atendimento é constante. “Profissionais orientam por métodos de estudo, ajudam e fazem ponte com o professor pra ajudar o aluno”, explica a coordenadora. Todo esse esforço é feito para garantir os direitos de cada um deles e facilitar a comunicação. O principal objetivo é preparar os alunos para a autonomia. “Nós precisamos dar uma força pra eles chegarem lá, para que eles consigam ter um nível de igualdade em relação aos outros”, frisa a professora Vera.

O acompanhamento é dado até o final da graduação. No campus Tubarão, o acompanhamento conta com a professora MárciaVolpato Meurer Nunes, que é especialista em educação especial, e Marize Tonon Schmidt. Também fazem parte da equipe os intérpretes Eduardo Vieira e Maria Conceição de Souza Bittencourt.

A intérprete Maria Conceição acompanha o acadêmico de Engenharia Civil Mauricio Oliveira Domingos, de 27 anos, desde o seu primeiro dia de aula dentro da Unisul. Para ela, o aluno, que tem deficiência auditiva, procura sempre cumprir sua obrigação acadêmica, sem usufruir de qualquer vantagem. “Podemos observar a dedicação e esforço. Mesmo com as dificuldades encontradas, ele está com as notas dentro da média dos demais alunos”, conta Conceição.

Apesar de achar fundamental saber a Língua Brasileira de Sinais (Libras), isso não impede a comunicação chegar ao aluno surdo, e vice-versa. Por isso, a intérprete afirma sempre estimular a interação de Mauricio com os professores. “Incentivamos sempre para que o aluno pergunte ao professor, para que ele não fique dependente do interprete”, explica. Antes de começar as aulas, cada professor é orientado através de e-mails e orientações sobre como ministrar a aula para que o aluno consiga acompanhar. O auxilio é exigido apenas dentro da sala de aula, mas o compromisso da Maria foi além das palestras e avaliações. “Sempre vamos com ele até os locais da Universidade, como o SAIAC, a biblioteca e a coordenação. Logo, será menos dependente com o tempo e mais adaptado ao meio”, ressalta.

Mauricio Oliveira Domingos é um dos 9,7 milhões de brasileiros com deficiência auditiva. Esse dado foi informado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 5,1% da população. Para esses casos, a comunicação é feita através da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e leitura labial. Para esses casos é oferecido acompanhamento de intérprete nas avaliações presenciais e durante a aula, tradução e interpretação em web conferência e web aula, livros em Libras e documento eletrônico.

Apesar de ter um bom conhecimento da língua portuguesa e saber ler e escrever, o jovem tem dificuldades em interpretação de texto. No ensino fundamental e médio, Maurício contava com ajuda dos amigos para compreender o conteúdo, pois não tinha intérprete. “O programa só beneficia, pois a comunicação é muito difícil. Se não houvesse a intérprete, eu não estaria aqui”, conta o aluno. Atualmente ele trabalha na Alcoa, como técnico em Engenharia Mecânica. O sonho dele é se formar para estar melhor capacitado. “Adoro trabalhar e quero evoluir cada vez mais. Pessoalmente quero aumentar minha família, tendo filhos, e ter estabilidade financeira”, diz Maurício.

“Sinto-me orgulhosa de ter sido eu a primeira professora do ensino regular do Maurício quando ele tinha 5 anos de idade. Hoje me deparo com ele na Universidade fazendo Engenharia Civil, que é um curso que julgo como bastante difícil”, conta Maria Conceição.

Para conhecer melhor o Programa de Acessibilidade da Unisul visite o site http://e.unisul.br/acessibilidade

Colaboração: Cilene Macedo/Assessoria de Comunicação da Unisul