Economia

Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul buscam a liderança na produção de leite do país

Foto: Ana Ceron

Foto: Ana Ceron

Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul oficializaram a criação da Aliança Láctea Sul Brasileira e pretendem liderar a produção de leite no Brasil a partir de 2015. Os três estados concentrarão 35% da produção do setor, 2% além da atual produtividade, que está em 10,8 milhões de toneladas de leite por ano. Para selar essa união em prol da cadeia produtiva do leite, os representante dos governos catarinense, gaúcho e paranaense assinaram nessa terça-feira (2), um protocolo de intenções. O ato aconteceu em Esteio (RS), durante a Expointer, e teve a presença do governador em exercício de Santa Catarina, Nelson Schaefer Martins. Os governos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul anunciaram ainda a ampliação do corredor de passagem da BR-101, que agora permite a entrada de produtos de origem animal provenientes do estado gaúcho com destino ao restante do país.

Com a Aliança Láctea Sul Brasileira, os três estados querem fazer do leite mais uma estrela do agronegócio da região. O Oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná são hoje a região que mais cresce em produtividade do leite no Brasil. Com cerca de 300 mil produtores distribuídos por quase todos os municípios, o Sul é responsável por 33% da produção brasileira de leite. A expectativa é de que em 10 anos, a produção aumente 77%, chegando a 19,5 milhões de toneladas de leite por ano.

O governador em exercício de Santa Catarina, Nelson Schaefer Martins, acredita que a criação da aliança representa uma transformação na realidade da cadeia produtiva do leite do sul do país. "A união dos três estados representa a redenção de milhares de famílias, pessoas que dedicam suas vidas ao desenvolvimento do setor leiteiro. O futuro trará o progresso e o desenvolvimento, que se alcançam com ciência, tecnologia, pesquisa, muito trabalho e muito comprometimento".

O secretário da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Airton Spies, destaca que a cadeia produtiva do leite possui um enorme potencial a ser explorado na região. As condições de clima, solo, estrutura fundiária e a tradição dos agricultores da região na lida com animais mostram que o sul do país tem condições favoráveis para o desenvolvimento da cadeia leiteira. "A aliança é um salto para o futuro. Queremos aumentar não só a produção do leite, mas também a qualidade a ponto de se tornar um produto competitivo no mercado global”.

O secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, Claudio Fioreze, ressalta a qualidade do leite produzido nos três estados, responsável pela principal cadeia produtiva da agricultura familiar na região: "Nós temos certeza de que o leite do Sul do Brasil é um leite de excelente qualidade. É um leite trabalhado desde a pesquisa, assistência técnica e defesa".

Entre os desafios que os três estados terão pela frente está a sanidade dos rebanhos e a logística da produção e distribuição. O secretário Airton Spies acredita que esses problemas comuns podem ser melhores resolvidos com o engajamento dos estados que integram a aliança. A melhoria da imagem e da segurança alimentar do leite também está na pauta de ações da aliança, a ideia é acabar definitivamente com as fraudes.

Em relação à sanidade do rebanho, as maiores preocupações são com a brucelose, tuberculose e febre aftosa. Santa Catarina é o único Estado do país reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal como área livre de febre aftosa sem vacinação, portanto exige vigilância permanente para manter seu status sanitário.

A logística de coleta e transporte deverá ser melhorada para evitar os custos desnecessários, tornando a cadeia produtiva do leite mais eficiente. Outro desafio apontado pelo secretário catarinense é o investimento em tecnologias que podem ser apoiados pelo trabalho de assistência técnica com desenvolvimento de soluções e estratégias de geração e difusão de tecnologias na área de produção de leite.

O presidente da Comissão de Bovinocultura de Leite da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ronei Volpi, apresentou os dados oficiais da produção de leite no período de 2000 a 2012. Segundo Volpi, nesse período a produção mundial cresceu 27%, a produção brasileiras cresceu 63%, e a produção da região Sul cresceu 119%. O Sul passou de uma produção de 5 milhões de toneladas de leite/ano para 10,7 milhões de toneladas de leite/ano. As previsões para 2020 são de que a região sul produzirá 19 milhões de toneladas leite/ano.

Santa Catarina é hoje o quinto produtor nacional de leite, com um crescimento médio de 8,6% ao ano, é responsável por 7,9% da produção do Brasil. Airton Spies destaca que o Estado possui condições naturais muito favoráveis, que aliadas ao investimento em tecnologias e organização da cadeia produtiva permitem almejar que o setor lácteo se torne tão competitivo no mercado mundial como são hoje a avicultura e a suinocultura catarinense.

Corredor de Passagem

O governador em exercício de Santa Catarina, Nelson Schaefer Martins, e o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, Claudio Fioreze, também anunciaram a ampliação do corredor de passagem da BR-101. A partir de agora, será permitida a passagem de produtos de origem animal que pela legislação sanitária já podem ingressar em Santa Catarina. Desde abril, os produtos lácteos com origem no Rio Grande do Sul com destino a outros estados já estavam autorizados a passar pelos postos de divisa de Torres e Garuva.

A fiscalização agropecuária será realizada a partir dos por funcionários da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e não será permitida a passagem de animais vivos e miúdos de bovinos. Atualmente, 95% das cargas de produtos de origem animal que saem do Rio Grande do Sul são de leite UHT. O acordo entre os governos gaúcho e catarinense visa melhorar a logística da produção agropecuária do Rio Grande do Sul e a distribuição de cargas nas rodovias, atualmente concentradas na BR-116 e BR-153. A medida é válida também para cargas com origem em outros estados e com destino ao Rio Grande do Sul.

Hoje Santa Catarina possui seis corredores sanitários por onde é permitida a passagem de animais e produtos de origem animal com o uso de lacres aplicados pela Cidasc nas fronteiras. O Estado conta com 63 barreiras sanitárias com o Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina que controlam a entrada e a saída de produtos agropecuários. A fiscalização nas fronteiras tem por finalidade proteger o rebanho catarinense de doenças como a febre aftosa, da qual Santa Catarina é área livre sem vacinação certificada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Colaboração: Ana Ceron