Economia

SC liderou a criação de postos de trabalho no país em 2014, diz MTE

Estado gerou 53.887 novos empregos durante o ano passado

Foto: Mariana de Ávila / G1 SC

Foto: Mariana de Ávila / G1 SC

Santa Catarina foi o estado que mais criou postos de trabalho no país em 2014. Ao todo, foram gerados 53.887 empregos com carteira de trabalho assinada no ano, segundo dados Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O setor de serviços foi o que mais empregou nas cidades catarinenses, com 30.217 novas vagas, seguido pelo comércio, com 11.392. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (23), pelo ministro Manoel Dias, na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/SC) em Florianópolis.

“Santa Catarina é um estado de economia vibrante, dinâmica. Isso colaborou para que os números absolutos de empregabilidade aqui fossem os maiores do país”, relatou o ministro. O estado concentrou 2,72% dos postos de trabalho do país, que alcançou um total de 396.993 empregos formais no ano de 2014. Durante todo o ano passado, 1.283.287 pessoas foram admitidas e 1.229.400 demitidas em Santa Catarina.

A indústria de transformação – que no balanço de criação de empregos no país teve saldo negativo, pois perdeu 163.817 postos de trabalhos -, apresentou crescimento em Santa Catarina, com 5.084 novas vagas. “Isso ocorreu pela capacidade do estado de se modernizar e dar condições a instalações de grandes fábricas, como a BMW [ em Araquari]”, disse o ministro. Conforme o site G1 SC, o setor agropecuária terminou o ano com pior resultado do estado, saldo negativo de 71 vagas a menos.

Em comparação a sequência história do Caged, entretanto, o saldo de criação de novos empregos é o mais baixo dos últimos 10 anos. Em 2003, foram criadas 51.176 vagas no estado, menor índice já registrado. Em 2013 foram criados 22.875 a mais do que em 2014, já que naquele ano 76.762 novos empregos foram gerados. O recorde de criação de postos de trabalhos formais em Santa Catarina ocorreu em 2010, com 112.398.

Panorama do país

O número de empregos criados em todo ano passado no país, 396.993, representa uma queda de 64,4% em relação às vagas abertas em 2013 – que somaram 1,11 milhão. O recorde de geração de empregos formais, para um ano fechado, aconteceu em 2010, quando foram criadas 2,54 milhões de vagas.

O resultado de 2014 foi o pior para um ano, considerando a série ajustada do Ministério do Trabalho, que tem início em 2002. Na série sem ajustes, é o pior resultado desde 1999, quando foram fechadas (demissões acima de contratações) 196 mil vagas formais de trabalho, segundo números do Ministério do Trabalho.

Vagas ficaram abaixo da expectativa

O número do ano passado também ficou bem distante da estimativa do ministro do Trabalho, Manoel Dias, divulgada até meados de 2014. A previsão do MTE era de que seriam abertas, pelo menos, 1 milhão de vagas formais no último ano.

"Foi um ano atípico. Um ano de Copa, um ano de eleições. Um ano de crise mundial. Isso tudo certamente influenciou na criação de novos empregos", afirmou o ministro do Trabalho, Manoel Dias, nesta sexta-feira em Florianópolis. Foi um ano atípico. Um ano de Copa, um ano de eleições. Um ano de crise mundial. Isso tudo certamente influenciou na criação de novos empregos", disse Manoel Dias.

Para este ano, Dias afirmou que o resultado será positivo: "Em 2015, não haverá queda no emprego. Pode haver flutuações, mas o saldo será positivo", apontou.

Ele descartou, ainda, reflexos por conta da crise da Petrobras, afetada por denúncias de corrupção: "O Brasil não vai parar, e os empregos não vão cessar pela questão da Petrobras. Eu, se tivesse ações para investir agora, investiria na empresa, para longo prazo", afirmou.

Mês de dezembro

Somente no mês de dezembro, ainda de acordo com dados oficiais, houve o fechamento (demissões superaram contratações) de 555,5 mil empregos com carteira assinada. O mês de dezembro tradicionalmente registra demissões.

O ano passado, porém, registrou o pior resultado para um mês de dezembro desde 2008 – quando houve o fechamento de 655 mil postos formais de emprego. Naquele momento, a economia enfrentava a crise financeira internacional, "inaugurada" em setembro de 2008 com o anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers.

Ano de 2014 por setores

O setor de serviços foi o que mais gerou postos de trabalho no ano passado. Foram 476.108 vagas, o que representa uma queda de 13% em relação ao número de empregos gerados em 2013 (546.917 vagas).

O comércio, por sua vez, gerou 180.814 vagas em 2014, o que representa um recuo de 40% em relação às vagas abertas em 2013 (301.095 empregos), enquanto que na administração pública foram 8.257 novos postos em 2014 – o que representa uma queda de 63,8% em relação ao patamar do ano anterior (22.841 vagas).

Na outra ponta, a indústria de transformação foi a que mais demitiu: o setor cortou 163.817 postos de trabalho. Em 2013, a indústria havia aberto 126.359 empregos com carteira assinada. Foi a primeira vez, pelo menos, desde 2002 que a indústria registrou demissões líquidas.

Segundo Manoel Dias, os cortes na indústria foram resultado da globalização e da falta de modernização das indústrias do país.

Houve cortes de emprego também na construção civil (-106.476) em 2014, algo que não acontecia desde 2003, contra a abertura de 107.024 em 2013. A indústria extrativa mineral também registrou 2.348 demissões em 2014, contra a abertura de 2.680 vagas no ano anterior. A agropecuária demitiu 370 trabalhadores no ano passado, enquanto que, em 2013, tinha aberto 1.872 vagas. Pelo menos, desde 2002, a indústria extrativa mineral e a agropecuária não faziam demissões no Brasil.

"Esse comportamento demonstra a continuidade na redução do ritmo de crescimento de postos de trabalho formal, iniciada em anos anteriores. De fato, a partir de 2010, o nível de emprego formal vem apresentando um arrefecimento no ritmo de expansão de postos de trabalho", informou o Ministério do Trabalho.

Regiões do país em 2014

Segundo números oficiais, o emprego formal cresceu em todas as regiões do país no ano passado. Entretanto, o ritmo de abertura de vagas também desacelerou (cresceu menos) em quatro das cinco regiões do país em 2014.

Em 2014, a Região Sudeste 121.689 empregos com carteira assinada, em comparação com 476.495 no ano anterior. Ao mesmo tempo, a Região Sul abriu 257.275 no último ano (contra 234.355 em 2013).

A região Centro-Oeste foi responsável pela abertura de 39.335 postos formais de emprego de em 2014, em comparação com a criação de 127.767 vagas no ano anterior, enquanto que a Região Norte teve a abertura de 17.652 postos de trabalho com carteira assinada no ano passado (contra 62.318 em 2013).

A Região Nordeste, por sua vez, registrou a abertura de 99.522 empregos com carteira em 2014, contra 193.316 vagas abertas no ano anterior.