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Serra do Corvo Branco: exército poderá assumir os trabalhos em trajeto que apresenta grande periculosidade

Serra do Corvo Branco exército poderá assumir os trabalhos em trajeto que apresenta grande periculosidade

Foto: Portal Notisul

Um dos roteiros obrigatórios para quem busca os trajetos mais belos de Santa Catarina é a Serra do Corvo Branco. A lendária estrada, que foi a ligação pioneira entre o litoral Sul e o planalto Serrano, reúne um misto de belezas naturais e aventuras inusitadas.

A via une os municípios de Grão Pará e Urubici, oportunizando explorar a natureza e os cartões-postais, como Morro da Igreja, Campo dos Padres, Canyon Espraiado e inúmeros recantos escondidos pelos paredões do Corvo Branco.

Subir à serra catarinense é iniciar uma impressionante viagem por um trajeto de curvas e mais curvas de até 180 graus, que proporcionam ângulos perfeitos para a observação e fotografia. Em meio a araucárias e um cenário típico da região Sul, o visual encanta a todos que por ali passam e contemplam as matas nativas, as imensas formações rochosas e descobrem que é possível o homem conviver em harmonia com a natureza.

O trajeto é carregado de histórias e lembranças de famílias que contribuíram para a abertura desse caminho tão sinuoso e imponente, considerado uma das estradas “mais temidas” do país. O tempo passou, e ela não perdeu magnitude.

No entanto, os avanços possibilitaram a pavimentação do local, que foi dividido em três segmentos. O primeiro com 20,6 quilômetros, foi entre a área urbana de Urubici até a serra do Corvo Branco, já inaugurada em março de 2012. O segundo, com 9,3 quilômetros, vai da subida da serra até a junção com o trecho pavimentado em Urubici. O terceiro lote da obra contempla pavimentação de 23,5 quilômetros e construção de três pontes. Apenas nesta etapa, o investimento é da ordem de R$ 41,3 milhões.

Terceiro segmento deve ser finalizado neste ano

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Foto: Portal Notisul

Com mais de 11 quilômetros com pavimentação asfáltica, a obra da rodovia SC-370, na Serra do Corvo Branco, em Grão Pará, já está mais de 70% concluída. São mais de 20 máquinas e 45 homens que finalizam 20 quilômetros de terraplanagem e sub-base e 11,5 quilômetros de base, paralelo a isso também são construídas as canaletas no trecho asfaltado. A obra já possui as três pontes concluídas.

Na última semana, iniciou a colocação de capa asfáltica em mais nove quilômetros, sentido Grão Pará à comunidade de Aiurê. Para conclusão dos trabalhos no lote 3, o governo do Estado, por meio do Deinfra, realiza os processos de indenizações dos moradores que têm suas propriedades às margens da rodovia. “Os pagamentos já foram autorizados para a maioria dos processos. Agora, falta a parte burocrática”, explica o engenheiro Vilson Giassi, que atua no Deinfra.

De acordo com o secretário da Agência de Desenvolvimento Regional – ADR de Braço do Norte, Ricardo Medeiros, o governo liberou mais de R$ 2 milhões para pagamento das indenizações de desapropriação de terra. “Com a finalização do pagamento das indenizações, a obra terá mais agilidade na conclusão”, enfatiza.

Exército pode assumir pavimentação

O segmento 2, que compreende o trajeto da serra com um pouco mais de nove quilômetros, ainda não tem previsão para a retomada dos trabalhos. Há quase dois anos, a empresa vencedora da licitação abandonou a obra devido ao alto grau de periculosidade do local.

Na última semana, o governador Raimundo Colombo, em conversa com integrantes da ADR de Braço do Norte, sinalizou que possui interesse em entregar a pavimentação da Serra do Corvo Branco para o Exército. “Na última sexta-feira, conversamos com o governador e ele sinalizou que esta possibilidade de o Exército assumir o trecho é bem grande”, afirma o secretário Ricardo Medeiros. Ele relata que a expectativa é que em até 15 dias o governo confirme o repasse para os militares.

Pavimentação anima comerciantes de Aiurê

Há mais de 20 anos, o comerciante Sinésio Michels, de 66 anos, morador do distrito de Aiurê, em Grão Pará aguarda a tão sonhada pavimentação da estrada que liga o município à serra. A comunidade, formada por agricultores, conta com pequenos pontos comerciais, como a loja de tecidos e o cartório de seu Sinésio. “Há muito tempo aguardamos por essa pavimentação. A maioria dos jovens foi embora por falta de opção”, dispara. Ele acredita que, com a melhoria da via, novos empreendedores poderão investir no local.

O proprietário do pequeno mercado na comunidade, o Corvo Branco, Junior Nandi Carara, 30 anos, relata que a obra irá trazer maior movimento no trajeto. “Com certeza vai acabar com a poeira e depois de pronta vai aumentar muito o movimento no comércio local”, avalia.

Trajeto fomenta o crescimento econômico

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Foto: Portal Notisul

A agricultora Maria Blasius da Silva, de 58 anos, mora no trajeto da serra, e há cinco anos decidiu transformar sua residência em uma pousada. O local atrai turistas que querem desfrutar de sossego e contato com a natureza. Para a família de dona Maria, a pavimentação trará crescimento ao negócio. “O movimento já aumentou no último ano, principalmente no inverno. As pessoas ficam hospedadas em nossa casa, onde servimos as refeições. Passeiam a cavalo, visitam a cachoeira e outras atrações que temos aqui”, relata.

Além do turismo, o trajeto é muito utilizado por profissionais do agronegócio e de outros setores que possuem empreendimentos no planalto serrano. O orientador agrícola Leonam Ribeiro Teixeira, há cinco anos passa periodicamente pelo trecho para trabalhar. Ele acredita que a pavimentação trará desenvolvimento à região. “Para nós, que utilizamos o trecho, a estrada trará uma maior mobilidade, e o tráfego será mais seguro e rápido. Fica a minha pergunta: quanto ao trecho da serra, que somente foi iniciado e paralisado… Quando veremos a obra 100% concluída?”, indaga.

Formação rochosa atrai turistas e moradores de Grão Pará

A Serra do Corvo Branco é um local de encantos naturais. Mistura sossego e a adrenalina de passar pela sequência de curvas. O casal de Grão Pará, Mara de Oliveira e Ivo Müller, gostam de aproveitar os fins de semana para desbravar os pontos turísticos da região, e a serra faz parte do roteiro. “Sempre que dá, passeamos pela serra. Gostamos de fazer fotos e aproveitar esse lugar tão bonito, e fica pertinho de casa”, relata Mara.

O prefeito de Grão Pará, Marcio Borba Blasius, é natural da comunidade de Aiurê e comemora os avanços da pavimentação. “É gratificante poder ver algo que escuto desde a infância se tornar realidade. A pavimentação trará novas perspectivas para Grão Pará. Já estamos fazendo o projeto de uma nova ponte na entrada da cidade para facilitar aos turistas”, revela o prefeito.

O deputado José Nei Ascari, que também é natural de Grão Pará, é um dos incentivadores da obra e acompanha o processo desde o seu primeiro mandato, quando foi prefeito na cidade. “É uma conquista vermos a evolução dessa obra. A serra propicia integração entre as regiões e fomenta o turismo e a economia local”, sublinha.

Tudo começou em 1959

Desbravar a serra catarinense não era tarefa fácil no meio do século passado. Era para poucos corajosos e empreendedores. Pedro Fedolino Kuhnen foi um destes bravos homens com o ideal de dar uma vida melhor aos moradores da comunidade de Aiurê, distrito de Grão Pará. Em 1959, aos 39 anos, tomou frente para liderar a construção de um caminho que não fosse apenas uma picada onde transitavam pessoas a pé, a cavalo ou de carroça.

Munido de facão e picareta, começou a abrir a estrada entre os paredões da serra, que depois seria usada como traçado para a rodovia SC-370, antes SC-439. A força de trabalho era de Aiurê, distante 12 quilômetros do centro de Grão Pará e a 12 quilômetros do topo da Serra do Corvo Branco. Pedro registrou em livros os nomes dos participantes, que recebiam alimentos como pagamento.

“Temos até hoje os registros dele. Muitos o chamavam de louco e não acreditavam que a serra poderia ser aberta. Mas ele não desanimou e hoje o sonho da vida do meu pai se tornou realidade”, conta a filha mais nova de Pedro Kuhnen, Normelia Kuhnen Salvador. Em homenagem ao pioneiro e desbravador da estrada, a rodovia que liga Grão Pará à serra foi nomeada de rodovia Pedro Kuhnen.

Pedro faleceu há dez anos, aos 82 anos, e não viu a obra asfaltada, mas seus filhos e netos esperam passar por ela.

Com informações do Portal Notisul

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