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Sindicato da Alimentação rompe negociação com JBS

Trabalhadores poderão paralisar atividades a partir desta sexta-feira

Foto: Ana Paula Cardoso/Arquivo Engeplus

Foto: Ana Paula Cardoso/Arquivo Engeplus

Em reunião realizada na tarde dessa quinta-feira entre representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Criciúma e Região (Sintiacri) e a empresa JBS foram rompidas as negociações entre as partes. “Com a postura da empresa saímos da mesa e terminou a negociação. Vamos informar a categoria e ver o que os trabalhadores preferem fazer”, destaca o presidente do Sintiacri, Célio Elias.

Conforme Elias, a JBS manteve a proposta antiga de 7,5% de reajuste salarial e se negou a negociar as reivindicações da categoria. “A empresa veio solicitar que o Sindicato mudasse a proposta e ficaram no 7,5%. Não quiseram discutir o plano de saúde e o direito de licença maternidade”, relata Elias ao destacar que a categoria pode optar pela paralisação nesta sexta-feira. "Vamos comunicar o fato e ver o que a categoria vai decidir", completou.

De acordo com o site Engeplus, o protesto também pode ser a alternativa adotada pelos avicultores. A adesão de 100% dos agricultores integrados a rede de produção de frangos da JBS ao novo contrato com a empresa, conforme o presidente da Associação dos Avicultores do Sul Catarinense (Avisulsc), Emir Tezza, foi a alternativa, temporária, encontrada pelos trabalhados e que deve ter novos desdobramentos em breve. “O avicultor está desamparado, a empresa está agindo de má-fé, pois os agricultores não tem alternativa. Todos estão apreensivos, assinaram porque eles tem uma dívida em banco e o terreno está em risco. É uma escravidão por endividamento”, destaca Tezza. De acordo com a associação o novo contrato impõe restrições que levam os agricultores a serem dependentes da avicultura. 

Uma ação movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) está em andamento para tentar promover mudanças no modelo de produção avícola, para que os avicultores possam ter melhores condições de trabalho. Nesse sentido a Avisulsc pretende questionar o contrato e mobilizar a categoria para promover um protesto. “Ficou acordado em 2013 que os contratos seriam redigidos com a colaboração da associação e isso não ocorreu. A empresa impôs o contrato, chamou os agricultores em pequenos grupos e praticamente obrigou os avicultores a assinar, porque eles sabem dos riscos que correm caso forem desligados da rede”, explica Tezza.

Condenação

Nessa terça-feira o Tribunal Superior do Trabalho (TST) condenou o Frigorífico Seara Alimentos, unidade de Forquilhinha, atualmente integrante do Grupo JBS, em R$ 10 milhões por danos morais coletivos em razão do descumprimento de medidas de proteção à saúde dos trabalhadores. O processo teve início com denúncias feitas pelo sindicato em 2006 ao Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre as condições inadequadas dos trabalhadores. "Fomos juntando várias denúncias e conseguimos comprovar as irregularidades da empresa”, relembra Elias.

Além da indenização o TST decidiu que a empresa deverá fazer adequações nas condições de trabalho concedendo pausas de 20 minutos a cada 1h40min trabalhada e proíbe a realização de horas extras em ambientes frios e adverte o ato de impedir o uso dos banheiros durante o expediente. A empresa, também, deverá emitir Comunicações de Acidentes de Trabalho em caso de suspeita ou confirmação de doenças ocupacionais, assegurar tratamento médico integral a todos os empregados com doenças ocupacionais e aceitar atestados médicos de profissionais não vinculados à empresa.