Economia

Situação econômica do país preocupa empresários

Foto: Lucas Sabino/Jornal da Manhã

Foto: Lucas Sabino/Jornal da Manhã

Maior custo da energia elétrica, com a adoção da bandeira tarifária vermelha, fornecimento de gás natural no limite, combustíveis mais caros, taxas de juros elevadas. Motivos não faltam para a classe empresarial começar o ano preocupada. Esses fatores aumentam o custo de produção, em uma economia já retraída, e começam a afetar também o Sul do Estado.

“Estamos esperando um ano muito recessivo. O último PIB (Produto Interno Bruto) ficou em 0,2% e a expectativa para 2015 era de 0,3%. Recentemente, o ministro Joaquim Levy (da Fazenda), falou em PIB estável, mas esperamos um índice negativo. Apesar da presidente Dilma Rousseff ter colocado um ministro de mercado, não sabemos o que ela pensa”, afirma o presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), César Smielevski.

Segundo ele, o resultado imediato nesse início de ano é a paralisação dos investimentos. “Os empresários estão mantendo o dinheiro em caixa, para poder aguentar a tempestade. Não sabemos quanto tempo ela durará, mas não se vislumbra uma melhora a curto prazo. Acabamos de ter um aumento de 0,5% nos juros e vem aí um ‘tarifaço’ na energia, que deve chegar a 40%, e a energia elétrica é importante para todo o sistema produtivo. Temos os combustíveis mais caros do mundo e a gasolina deve aumentar 8% e o diesel, 5%. A empresa nacional já não tem competição e vai perder ainda mais em competitividade”, analisa.

Outro reflexo da situação são as demissões. “O empresariado já começou a demitir. Se a venda reduz, é preciso reduzir custos. Não sabemos a intensidade e duração da tempestade, por isso temos que tomar medidas para nos resguardar”, aponta Smielevski. Ele não acredita, entretanto, na possibilidade de um fechamento de empresas maior do que o registrado em média. “O que deve acontecer é menor abertura de empresas, o não crescimento e até a redução daquelas já existentes”, considera.

Vice-presidente Regional Sul da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Diomício Vidal cita outro fator que contribui para a insegurança dos empregadores: mudanças na área trabalhista. “Antes, quando um funcionário era afastado por motivo de doença, a empresa pagava 15 dias (de afastamento). Agora, são mais 15 dias e outras medidas ainda podem vir. Isso causa preocupação, além de uma série de outros fatores”, expõe.

Ele explica que, graças ao trabalho desenvolvido pela classe empresarial no Estado, Santa Catarina consegue ter índices de desempenho acima dos registrados no restante do país. “Mas até quando? Sempre que acontecia uma situação (de abalo na economia) assim, geralmente atingia um setor. Hoje, a agroindústria, pelas vendas que têm no exterior, está se mantendo, mas outros segmentos tiveram um decréscimo na produção e venda”, aponta.

Conforme o empresário, a Fiesc ainda está elaborando um relatório sobre a situação do setor industrial. “Mas não acredito em um número elevado de demissões. Encontrar mão de obra qualificada é muito difícil e quem tem sua equipe formada não vai querer se desfazer”, entende.

Vidal projeta pelo menos 90 dias em momento mais crítico para a economia. “A perspectiva é de que melhore no segundo semestre, quando as empresas já estarão adaptadas à nova realidade”, conclui.

Com informações do Jornal da Manhã