Geral

Trabalhadores fecham terminal de ônibus de Criciúma em protesto contra demissões

Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna

Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna

Sindicatos e trabalhadores demitidos protestaram no fim da tarde desta quarta-feira no terminal central de ônibus contra demissões recentes ocorridas no sistema de transporte urbano de Criciúma. O serviço foi interrompido por aproximadamente 40 minutos. Segundo eles, o Grupo Forquilhinha demitiu trabalhadores em retaliação à greve deflagrada em junho. A empresa, por outro lado, nega que as demissões tenham relação com a greve. Não estão previstos novos protestos.

Conforme o Portal Clicatribuna, o ato ocorreu a partir das 17h30min. O protesto foi encabeçado por outros sindicatos da região, uma vez que o sindicato dos motoristas de Criciúma não tem representatividade entre os trabalhadores. De acordo com os manifestantes, as demissões começaram a ocorrer tão logo se encerrou o período de estabilidade de três meses, imposto pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

“Eles (empresa) me tiraram da minha função e colocaram em outra porque disseram que receberam reclamações quanto ao meu serviço. Depois fui demitido. Mas fui me informar e fiquei sabendo que não tinha reclamação nenhuma”, disse o motorista Evilásio Alves. Segundo o trabalhador, ele estava há 11 anos na empresa, e participou da mobilização grevista de junho.

Recontratação é exigida

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários do Vale do Araranguá, Erivaldo da Cunha Cardoso, a exigência é a recontratação dos cerca de 20 trabalhadores que foram demitidos do fim da estabilidade. “Eles foram mandados embora arbitrariamente. São trabalhadores, pais de família, que foram demitidos apenas por terem reivindicado o direito deles. Identificaram os funcionários que participaram da greve pelas fotos que saíram nos jornais e depois demitiram”, afirmou.

Líderes sindicais dizem acreditar, também, que as demissões são uma forma que a empresa encontrou de impedir que os funcionários formem uma chapa para assumir o comando do sindicato que os representa. A antiga direção da entidade sindical foi afastada pela Justiça após ação ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que identificou irregularidades na gestão.

Ônibus ficaram enfileirados nas duas entradas dos terminais. Carros de emergência não passaram por dentro terminal durante o protesto. Parte dos usuários do serviço se mostraram insatisfeitos com o ato. “É uma falta de respeito, até porque não nos avisaram. Tem crianças esperando os pais na escola. Eu tenho que ir buscar minha sobrinha, que está me esperando”, reclamou a secretária Gabriela Campos da Silva. “Acho que deveríamos receber o dinheiro de volta. Paguei por um serviço que não pude usar”, finalizou. A Polícia Militar e a Guarda Municipal estiveram no terminal durante o protesto.

Empresa deve recorrer à Justiça para evitar novas interrupções

O Grupo Forquilhinha deve ajuizar já nessa quinta uma ação judicial para impedir novas interrupções do serviço de transporte coletivo em protestos. Segundo o advogado da empresa, Robinson Conti Kraemer, a medida seria um interdito proibitório.

A empresa ainda nega que as demissões tenham relação com a greve. Kraemer relata que os desligamentos são uma forma que a empresa tem de reduzir os custos operacionais do sistema, utilizados no cálculo que define a tarifa do transporte coletivo. “O empresário deve – e é um direito dele – promover o enxugamento do sistema onde ele vê que há excessos. As demissões não ocorreram apenas entre motoristas e cobradores. Elas também atingiram o setor administrativo da empresa”, relata.