Segurança

Vigilantes do Fórum de Criciúma são indiciados por furto de 38 armas

Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

Dois homens que trabalhavam como vigilantes no Fórum de Criciúma foram identificados pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) como autores do furto de 38 armas de dentro do depósito do próprio prédio da Justiça. As armas, conforme o delegado André Milanese, foram subtraídas entre março e setembro desse ano, porém a Polícia Civil só foi informada pela Secretaria do Fórum – responsável pelo depósito -, em 14 de outubro, quando notou a ausência dos objetos, dando início as investigações. Além disso, 15 celulares também foram levados do depósito, sendo 11 já recuperados. A maioria dos aparelhos foi repassada, em sua maioria, a familiares dos acusados. O inquérito policial foi concluído hoje e detalhado em coletiva de imprensa na sede da DIC.

S.M.A., 38 anos, foi caracterizado como o mentor crime. Ele foi preso em outro local de trabalho, uma instituição de ensino no Bairro Próspera, em 3 de dezembro, e desde então segue recluso no Presídio Santa Augusta. Já M.S.Z., 42 anos, responde em liberdade por ter colaborado nas investigações, e por, segundo a autoridade policial, ter menos participação na ação criminosa. Ele foi intimado e compareceu na última semana na sede da DIC, onde ficou recluso temporariamente, e foi posto em liberdade na última sexta-feira. “S. relutou mais em confirmar participação e um jogava a culpa no outro. Ambos mostraram arrependimento”, disse Milanese.

De acordo com o delegado, as armas foram vendidas para seguranças privados, e seis delas já foram recuperadas, sendo três revólveres calibre 38, dois calibre 32 e uma pistola 380. Todas estavam com os números de identificação raspados. Os compradores irão responder em liberdade pelo crime de receptação e posse irregular de arma de fogo. Seis deles já foram identificados. Já a dupla foi indiciada por furto triplamente qualificado (arrombamento, abuso de confiança e concurso de dois ou mais agentes), além da adulteração de sinal identificador das armas. As penas podem chegar a 14 anos de reclusão.

Acesso foi pelo telhado

Para ter acesso ao depósito, os acusados escalaram até o último andar do prédio, onde ficam as armas, cortaram uma manta térmica abaixo das telhas, e arrombaram a porta do depósito. “Eles fecharam a porta de um modo que não deu para perceber que a porta tinha sido arrombada. Quando fomos informados, nos dirigimos até o local, e com auxílio da perícia, foram identificados os arrombamentos, tanto da porta, quanto do telhado. S. já teve acesso por algumas vezes a esse depósito devido o trabalho. Ele atuava no Fórum há cerca de dois anos. Já M., era um profissional eventual, que cobria férias, por exemplo,”, explica o delegado.

As 38 armas não foram levadas de uma vez só. “Foi um furto picado. Eles entravam no depósito e pegavam de uma a duas armas. S. tinha conhecimento e contatos, por isso foi considerado o mentor, o principal “cabeça” desse esquema. Seguimos no trabalho de apreender as outras armas. Temos conhecimento que algumas até fora do estado já estão e acredito que nenhuma tenha parado na mão de algum marginal, mas somente de seguranças privados, que alegam que, devido ao trabalho, precisam estar armados para se protegeram”, relata Milanese.

Comparsa entregou arma que estava enterrada

Na semana passada, M. levou os policiais da DIC até o prédio da instituição de ensino onde o comparsa trabalhava, para entregar uma arma, que estava até enferrujada. O revólver calibre 38 estava dentro de um saco, enterrado nos fundos da instituição, e não tinha sido ainda negociado. A ação foi gravada em vídeo pela polícia.

M., segundo destacou Milanese, era quem atuava na entrega das armas, negociadas por S.. “Um revólver calibre 38, por exemplo, que custa em torno de R$ 2 mil, era vendido por R$ 500. Estima-se que o prejuízo total seja no mínimo de R$ 20 mil”, soma a autoridade policial, acrescentando que após o primeiro furto, não está descartado que as subtrações de armas ocorriam sob encomenda dos futuros compradores. 

Furtos podem prejudicar processos

As armas apreendidas pela polícia passam por perícia e depois ficam guardadas no Fórum até o encerramento do processo, em transitado em julgado, e posteriormente são destruídas. O delegado acredita que a não localização das armas que ainda não foram recuperadas, podem prejudicar os processos. “As armas são apreendidas, ou em decorrências de assaltos, homicídios e tentativas, ou mesmo por posse ilegal. Se fosse um advogado, com certeza usaria essa tese de que não existe a prova do crime. Como se mata se não tem arma? Se fosse defensor, bateria nessa tecla”, ressaltou Milanese.

O trabalho da DIC ainda segue no intuito de apreender as 32 armas que foram levadas do Fórum. “O trabalho da polícia de recuperar uma arma já é bastante complicado. Caso uma arma dessas fosse parar com o tráfico de drogas, com certeza seria usada contra os policiais. Nesse caso, eles furtaram 38 armas de um local a qual tinham a função de zelar, de proteger”, acrescentou.

Juiz não foi localizado

A reportagem do A Tribuna tentou contato com o diretor do Fórum de Criciúma, juiz Giancarlo Bremer Nones – que também é titular da Vara da Infância e Juventude -, porém ele não foi localizado devido ao recesso.

Outros furtos de armas em Fóruns

Em 2005, 14 armas foram furtadas do Fórum de Urussanga
Em 2004, 500 armas foram furtadas do Fórum de Criciúma

Com informações do Portal Clicatribuna