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Educação monta força-tarefa para garantir que alunos de comunidades distantes recebam atividades impressas

O mesmo esforço para entregar as atividades impressas para alunos sem acesso à internet está sendo feito por vários gestores escolares e professores da rede estadual.

Divulgação/Secom

Entregar as atividades para todos os alunos foi encarada como uma missão para Elizelaine Salete Salmoria Gomes, a diretora da Escola de Educação Básica Carlos Fries, localizada no município de Ipira, no Meio-Oeste de Santa Catarina. Como a família de muitos alunos não têm acesso à internet ou carro para deslocamento, ela recorreu a vizinhos, parentes ou até mesmo a professores da rede que passam próximos à casa de algum desses estudantes para fazer a entrega do material impresso durante o período de suspensão das aulas presenciais.

“Temos o privilégio de conhecer as famílias de nossos alunos, por sermos um município pequeno, e acabamos mergulhando na realidade de cada um. Não deixamos de entregar atividades para nenhum aluno. Isso tudo se dá através de um esforço conjunto de toda a equipe da escola. Fazemos semanalmente uma reunião online para expor todas as dificuldades da semana e assim vão surgindo possibilidades de soluções com o grupo”, destaca Elizelaine.

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O mesmo esforço para entregar as atividades impressas para alunos sem acesso à internet está sendo feito por vários gestores escolares e professores da rede estadual. Como em muitos casos não há possibilidade de deslocamento da família do aluno até a escola, vizinhos ou colegas que auxiliam na entrega são instruídos a seguirem as orientações sanitárias da Secretaria de Estado da Saúde, ao retirar o material na unidade de ensino e entregar ao estudante.

O secretário de Estado da Educação, Natalino Uggioni, destaca que o desafio durante a pandemia é inédito para a educação estadual e que tem sido possível por conta do envolvimento e comprometimento dos educadores. Além disso, ressalta que a participação dos pais nesse processo, acompanhando e participando das atividades com os filhos, é uma condição chave para obter êxito.

“O protagonismo das nossas equipes gestores, o protagonismo dos professores e a participação dos pais nesse processo têm sido determinantes para que a gente possa realizar as atividades não presenciais. Assim, podemos cumprir da melhor forma a responsabilidade para com as atividades correspondentes ao ano letivo de 2020”, afirma Uggioni.

Possibilidade de apoio do transporte escolar

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No caso de alunos que moram muito longe da escola ou em locais de difícil acesso, os gestores escolares podem solicitar apoio do transporte escolar para a Secretaria de Estado da Educação. Apesar de o contrato do transporte de alunos ter sido temporariamente suspenso em abril, por conta da interrupção das aulas presenciais, a SED fará o pagamento dos custos da operação de forma individual e imediata, quando houver a necessidade de apoio na distribuição da alimentação escolar ou de material de estudo para as atividades não presenciais.

A expectativa atual é que o transporte escolar seja utilizado para a entrega de materiais para ao menos 900 alunos na rede estadual. O levantamento continua sendo feito pelas Coordenadorias Regionais de Educação. A coordenadoria regional de Canoinhas solicitou apoio para a distribuição nos municípios de Bela Vista do Toldo, com 258 alunos, e Major Vieira, com 125 alunos. Na coordenadoria de Ibirama, será feita a entrega das atividades nas Reservas Indígenas de José Boiteux, onde cerca de 500 alunos são atendidos.

Travessia de balsa com os materiais

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Para muitos alunos da EEB Teixeira de Freitas, no município de Alto Bela Vista, no Oeste do Estado, o deslocamento até a escola envolve também uma travessia de balsa pelo Rio Uruguai. Como muitos alunos moram longe da escola, alguns a 18 quilômetros de distância, a entrega dos materiais impressos para os estudantes sem acesso à internet é um desafio ainda maior.

Para não deixar os alunos sem estudo durante esse período, a solução encontrada pela diretora da unidade, Rosangela Freis Schwingel, foi combinar com os pais de fazer o envio do material com os profissionais responsáveis pela travessia de balsa, sempre com os cuidados para evitar o contágio pelo novo coronavírus. Nos casos de alunos que a família não tem telefone, a escola entrou em contato com algum vizinho para informar aos pais do estudante e auxiliar na entrega do material.

Alternativas para a escola que atende alunos de 32 municípios

Na coordenadoria regional de educação de Lages, a maior em extensão territorial, alguns gestores escolares também tiveram que elaborar um cronograma de entrega. Na EEB Leovegildo Esmerio da Silva, em São José do Cerrito, a diretora identificou os alunos que não podem buscar o material e tem visitado a família para fazer a distribuição das atividades impressas.

No caso da unidade agrícola do Cedup Caetano Costa, em São José do Cerrito, que atende estudantes que moram em 32 municípios da região, a comunidade escolar propôs uma alternativa para auxiliar os alunos que não podem se deslocar até a escola. Alguns pais vão até a escola, retiram o material do filho e também de alguns colegas e levam para a cidade onde residem. Os familiares dos demais alunos do município vão até o portão da casa de quem trouxe as atividades e recebem o material, sempre seguindo os devidos cuidados de higiene e evitando aglomerações.

Outra situação que exigiu ações da escola e da coordenadoria foi uma aluna de Lages que mora com a mãe no município e tem a guarda compartilhada com o pai, que mora em Florianópolis. Como ela estava com o pai no início do período de isolamento social, ela teve que permanecer longe da escola e não tinha como retirar as atividades impressas. As coordenadorias de Lages e Florianópolis atuaram para encontrar uma unidade de ensino estadual próxima da residência do pai, ele por sua vez foi até a unidade de ensino retirar as atividades impressas elaboradas e enviadas por e-mail pelos professores da aluna.

Apoio dos meios de comunicação para divulgar a retirada

A coordenadora regional de Lages, Claudia Maris Coelho Pezzi, destaca que os gestores escolares enviam as informações das datas e horários de retirada dos materiais para as rádios locais, que têm alcance entre a comunidade escolar de alguns municípios. Até porque, conforme a coordenadora, algumas escolas têm muitos estudantes sem acesso à internet para acompanhar as últimas informações, as quais também podem ser consultadas pelo 0800 644 7890 da SED.

A coordenadoria regional de Jaraguá do Sul também tem apostado na comunicação por vários canais para informar aos alunos sem acesso à internet. A equipe técnica criou uma planilha online para atender as ligações do 0800 regionalizado e informar rapidamente às famílias as datas e os horários para retirada do material impresso e os detalhes das atividades não presenciais que estão sendo entregues.

Quando a família não consegue buscar, os gestores escolares e a coordenadoria regional providenciam a entrega na residência das atividades. Conforme Fernando Alflen, coordenador da regional, os canais de divulgação incluem o site da SED e a página da escola, além das rádios e dos jornais locais para atender os alunos sem telefone ou que moram em local sem cobertura de telefonia.

Orientação aos pais com acesso à internet

As coordenadorias também identificaram que alguns pais com acesso à internet têm comparecido à escola para fazer a retirada das atividades impressas. A coordenadora regional de Itajaí, Cleonice Monteiro Berejuk, explica que tem orientado os familiares para que o estudante acesse o ambiente virtual preparado pela SED para interagir com os demais alunos e professores, de forma que as atividades impressas sejam retiradas apenas por alunos com acesso restrito ou sem internet.

Em Criciúma, a coordenadoria regional tem usado diversos canais para tirar as dúvidas dos pais e alunos sobre as novas ferramentas. Além de grupos no WhatsApp com a comunidade escolar e vídeos de professores para os alunos, a coordenadoria agendou horários individuais com professores e estudantes de forma presencial, com todos os cuidados de higiene, para tirar as principais dúvidas e facilitar a continuidade das atividades.

“Estamos trabalhando junto às nossas escolas a importância de utilizar as ferramentas digitais que estão à disposição dos professores e estudantes. Este momento é essencial para que a tecnologia chegue de forma efetiva na aprendizagem dos alunos. É um grande desafio, mas, com esforço e vontade de todos, estamos atingindo nossos objetivos”, completa a coordenadora regional de Criciúma, Ronisi Silva Guimarães.

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