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24 de março: Vidas são perdidas e Tubarão registra a pior catástrofe do sul catarinense

Foto: Acervo Histórico de Tubarão

Foto: Acervo Histórico de Tubarão

A grande enchente foi em 24 de Março de 1974. No dia 22, sexta-feira, as chuvas da tarde foram mais intensas nos costões da Serra, fazendo com que o rio aumentasse sensivelmente seu volume, alagando as áreas baixas.

A vila Presidente Médici foi o primeiro bairro a ser atingido. No Sábado, dia 23 a Prefeitura e o Corpo de Bombeiros haviam se mobilizado para socorrer a população dos bairros mais alagados.

A cidade entrou em estado de alerta, sem pânico. A Rádio Tuba prestava serviço de informações, alertando a população de perigo e pedindo calma. As escolas dispensaram os alunos. Os campos já estavam embaixo submersos. À tarde a chuva caia forte e densa. Já havia muitos desabrigados. Várias pessoas estavam deixando suas casas e indo para lugares mais elevados, como por exemplo, o morro da Catedral.

Mas, alguns moradores, permaneceram em suas casas, sem acreditar muito que a água fosse além do que estavam vendo.

Uma multidão espreitava nas margens do rio que subia rapidamente. Por volta das 18 horas, a ponte pênsil foi tragada, a partir daquele momento as águas invadiram o centro comercial.

Oficinas e a margem esquerda foram tomadas por água que variavam de 20 centímetros a 1 metro.

O comandante da época da 3º Cia. Proibiu a Radio Tuba de dar noticias sobre a enchente alegando, que a emissora estaria promovendo sensacionalismo, transmitindo pânico à população.

Com isso a população ficou desorientada e desinformada. No dia 24 Domingo os bairros continuavam alagados, mas o nível do rio estava estabilizado.

No fim da tarde a chuva voltou com a mesma intensidade da noite anterior. Na noite de Domingo foi dramática para os moradores das áreas pouco inundadas, na noite de Sábado, sentiram, repentinamente a água invadindo as suas casas e rapidamente crescendo com forte correnteza. Muitos dormiam e acordaram com os pés nas águas.

Muitos subiram no forro da casa, e deste, para o telhado. Alguns na tentativa de se salvar morreram, e outros foram levados juntos com sua casa. Às 9h, apagaram-se as luzes, os telefones já estavam mudos. A cidade ficou sem comunicação, isolada.

Dia 25, segunda-feira, ao clarear do dia, a chuva continuava intensa, águas subindo e destruindo. Um único helicóptero fazia o trabalho de salvamento. Sobrevoava sobre as casas , cujos tetos apareciam, agitavam-se, desesperadamente, panos de todas as cores.

As residências no morro da Catedral recebiam toda a espécie de flagelados em desespero. Não havia alimentos para todos, por isso aconteceu um saque ao Supermercado Angeloni.

No Colégio Gallotti, um grupo de professores se organizou e se dirigiu ao vizinho supermercado Carradore (que não existe mais) e requisitaram alimentos para os refugiados daquele estabelecimento de ensino.

No dia 27 o sol despertou radiante. As águas começaram a baixar deixando atrás de si uma impressionante camada de lodo que variava de 30 centímetros a 1,20 metros. As ruas se apresentavam com enormes buracos, entulhados de lodo, madeiras e restos do material das casas demolidas. Entre as informações desencontradas, “oficialmente” são registradas 199 mortes.