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A coragem de uma mãe

Mamãe do bebê agredido pela professora incentiva que outros pais não se sintam intimidados e denunciem os casos à polícia

Ainda abalada com o triste episódio ocorrido com seu filhinho, a mãe do bebê de 1 ano e 5 meses, que sofreu maus tratos pela professora Hellen de Souza Cunha, de 29 anos, em uma sala de aula do Centro de Educação Infantil Recife, em Tubarão, conversou com a equipe do Jornal Notisul. A educadora foi presa pela Polícia Civil nesta segunda-feira, sob a acusação de tortura, e está no Presídio Feminino.

Rosimeri da Silva Maximiano, 30 anos, e sua família moram no mesmo bairro da creche. Ela afirma que não se arrepende de ter denunciado a professora. “Comecei a desconfiar porque meu filho não gostava de ir para a creche. Ficava em pânico e chorava muito quando chegava na escola. Em algumas vezes, eu ficava com pena e trazia ele para casa”, revela.

O bebê de 1 ano e 5 meses, que ainda não fala, estava na instituição há quatro meses e Rosimeri desconfia que as agressões já ocorriam neste período. A mãe relata que um dia ele chegou em casa com a orelha roxa. Em outras ocasiões, ele tinha marcas no rosto, braços e em outras partes do corpo.

“Uma vez questionei a professora e ela me respondeu: ‘Ah mãe, deve ter sido as crianças ou ele caiu, sabe como são’. Então comecei a ficar mais atenta. As noites de sono dele eram inquietantes, choramingava muito. Primeiro achei que era porque estava diminuindo a amamentação. Depois vi que ela era vítima da professora”, relata Rosimeri.

Como ela ainda o amamenta, achava que era manha de bebê. “Quando assisti ao vídeo, virei um bicho. Não tem explicação. Naquele momento, a escola estava fechada e hoje agradeço à Deus por isso. Se estivesse aberta, iria até lá grudar na mulher. Mas o delegado (Rubem Antônio Teston da Silva, responsável pelo caso) orientou-me que não fizesse nada, e ele tem razão, mas é difícil”, admite Rosimeri.

Como ocorreu a prisão

A professora do Centro Educacional Infantil Recife, em Tubarão, Hellen de Souza Cunha, 29 anos, foi presa preventivamente nesta segunda-feira, na instituição escolar. A equipe da Delegacia da Criança, do Adolescente e de Proteção à Mulher e ao Idoso cumpriu o mandado.

As primeiras denúncias foram feitas há cerca de dez dias, por alguns pais, à delegacia e ao Conselho Tutelar. Por meio das imagens, ficou comprovada as agressões aos pequeninos. A professora era responsável por 11 crianças, todas com idade entre 1 a 5 anos.

No vídeo, ela agride um bebê de 1 ano e 5 meses com tapas, soco na cabeça e fortes sacudidas. A criança chora desesperadamente. Hellen está no Presídio Feminino de Tubarão, no bairro São João-ME, onde aguardará a decisão da justiça. Ela foi presa pelo crime de tortura, em decorrência a maus tratos, e pode ser sentenciada a até oito anos de reclusão, caso as denúncia fiquem confirmadas.

A professora atua há 11 anos na área, é formada em história e atualmente cursava a 7ª fase do curso de pedagogia. Em seu depoimento à polícia, ela alegou estar estressada em decorrência da carga excessiva de trabalho, pois também trabalha em uma creche em Capivari de Baixo, e pelo baixo salário que recebe.

Mãe detalha atitudes da educadora

O bebê de 1 ano e 5 meses, que sofreu maus tratos nas mãos da professora Hellen de Souza Cunha, no CEI Recife, em Tubarão, não voltará a frequentar a escola por enquanto. Os pais pretendem colocá-lo em outra instituição, pois trabalham e dependem do serviço da creche.

Mas desta vez, garante a mãe Rosimeri da Silva Maximiano, prestarão muita atenção ao perfil do educador. “Estamos com uma necessidade intensa de protegê-lo, de dar muito amor e ficar com ele o tempo todo. Esta professora poderia ter feito algo pior com meu filho”, lamenta Rosimeri.

Indignada com a situação vivida por seu bebê, ela rebate os motivos da educara para mau tratar as crianças. Hellen alegou, em depoimento, que toma medicamentos, passar por problemas familiares e trabalha muito. “Isto não é desculpa para o que ela fez”, avalia Rosimeri.

A mãe afirma ainda que, além do seu filho, outros bebês eram maltratados no CEI Recife. “Ela fazia bolas com papel higiênico e colocava na boca das crianças para não chorarem. Chegou a trancar meu filho dentro do armário e sufocá-lo com travesseiro na hora de fazê-lo dormir”, descreve Rosimeri.

Notisul