Esporte

A eterna lembrança de 1986

Foto: Fernando Geremias / Arquivo pessoal

Foto: Fernando Geremias / Arquivo pessoal

Há exatos 30 anos, o jornalista Fernando Vanucci anunciava para todo Brasil, no Globo Esporte, o primeiro título da história do Tricolor após a mudança de Comerciário para o Criciúma. "Criciúma, campeão Catarinense de 1986, a festa da torcida e a vibração da galera", comentou.

Desde então, a equipe cresceu, conquistou a Copa do Brasil, ganhou o cenário nacional e ajudou no desenvolvimento da cidade. Em série de três capítulos, em conjunto com a Rádio Som Maior, no programa Jornal das Nove, até sexta-feira, a história da primeira taça do clube com o novo nome, que colocou o Criciúma e a cidade no cenário nacional.

A fundação da equipe surgiu ainda em 1947, no dia 13 de maio, com um grupo de jovens se reunindo na Praça Nereu Ramos para a criação do clube. O objetivo era dar lazer e entretenimento a uma cidade que estava impulsionada pelo carvão e inflamada pela necessidade deste minério por todo o pais.

"Criciúma era uma cidade de porte médio e muito acanhada, tinha uma indústria forte no carvão", conta o historiador Archimedes Naspolini Filho. Com a criação do Comerciário, nasceu também a rivalidade dos clubes que eram movidos pelas carboníferas: Metropol, Próspera e o Atlético Operário são alguns dos times que brigaram fortemente com a equipe do centro.

Rivalidade acirrada

O time teve força até a década de 1970, mas o Metropol era melhor, disputando até partidas no exterior. "Foi uma rivalidade criada entre os clubes e tinha aquela situação: quando jogava Comerciário e Metropol, todo mundo torcia para o Metropol, porque era o clube dos trabalhadores, dos operários", menciona o torcedor Pedro Paulo Milanez Canella.

O problema da forte competitividade é que ninguém se destacava e a quantidade de times na cidade atrapalhava o desenvolvimento, porque o investimento não poderia ser concentrado em só um clube. Até que em 1979 a rivalidade ficou de lado e os clubes se uniram para criar o Criciúma Esporte Clube, que logo mais tarde viria a ser com as cores preta, por causa do carvão, amarela, para representar o ouro da região, e branca, para simbolizar a paz.

Superar o Joinville

Com o Criciúma, o próximo objetivo foi tentar conquistar espaço nos campos de futebol do estado. A equipe, por mais que seria difícil superar Joinville, que tinha uma hegemonia no Campeonato Catarinense, contava com a força dos empresários e do bom momento da extração de carvão para o cenário brasileiro para fortalecer o grupo. Por mais que existisse o apoio de empresários, o Tigre ainda bateu na trave nos anos de 1980, 1981 e 1982, ficando em segundo lugar, perdendo as três taças para o Joinville.

No final de 1985, sem o sucesso de alcançar o topo do estado, Millioli Neto foi chamado pelo presidente Moacir Fernandes para dar um jeito na equipe e colocar o clube nos eixos. Na primeira ação dele, mandou 20 profissionais embora. "Era preciso chacoalhar internamente, porque estava uma bagunça, e eu tinha pedido carta branca para o presidente Moacir Fernandes, ele autorizou e fiz tudo isso", relembra. Nesta época, a cidade passava por um momento melhor, ao qual o diretor recorda. "A cidade estava em constante investimento e o futebol foi um fator primordial para impulsionar", ressalta.

No ano seguinte, o Criciúma mudou, conquistou o título do Campeonato Catarinense em 1986 (confira o pôster), o primeiro com o novo nome, e passou a ganhar espaço no cenário estadual. .

Com informações de Mateus Mastella / Clicatribuna