Segurança

Adolescentes “justiceiro” e latrocidas ganham liberdade, em Criciúma

Foto: Divulgação

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Três adolescentes, considerados de alta periculosidade e envolvidos em graves ocorrências, resultando em mortes, inclusive, já estão nas ruas. Um deles, atualmente com 17 anos, foi apreendido pela Divisão de Investigação Criminal – DIC de Criciúma em maio do ano passado pelo envolvimento na morte de seis pessoas em um intervalo de 30 dias. O adolescente intitulava-se "justiceiro" e alegava que só assassinava ladrão e estuprador.

Conforme o comandante da Polícia Militar de Criciúma, tenente-coronel Evandro de Andrade Fraga, o infrator saiu recentemente do Centro de Atendimento Socioeducativo – Case de Joinville. "Temos informações de que ele estaria novamente na região do trilho", informou o comandante.

Além dos seis assassinatos ocorridos na cidade, ele ainda teria cometido quatro homicídios e um de forma tentada, em Balneário Camboriú, de onde é natural.  Em depoimento, na época, ao delegado Ulisses Gabriel, o menor não mostrou nenhum tipo de arrependimento, zombou durante o procedimento policial e ameaçou uma conselheira tutelar. Ele foi apreendido por estar com um mandado de busca e apreensão por roubo, da Comarca de Urussanga, e confessou os assassinatos, a maioria cometido na região do Bairro Pinheirinho.

Também estão soltos os dois adolescentes, de 16 e 17 anos, que cometeram ao menos quatro assaltos e um latrocínio, em Criciúma e Içara. A dupla foi apreendida pela Polícia Civil, no Bairro Pinheirinho, no fim de setembro, após assaltar um policial civil aposentado no Bairro Santa Augusta. Minutos antes, eles tentaram roubar um oficial de Justiça, mas não conseguiram levar o carro, ao contrário do roubo contra a autoridade policial. Um deles ainda cometeu um roubo contra uma tenente do Exército, no Bairro Jardim Angélica.

Morto em tentativa de assalto

Apesar do perfil semelhante das vítimas, eles não tinham ciência de suas profissões. A dupla cometeu também um roubo em Içara e o caso mais grave: o latrocínio que vitimou o jovem Paulo Daniel Sebastião Brasil, de 22 anos, na noite de 5 de setembro, no Bairro Cidade Mineira Velha, em uma tentativa de assalto a veículo. Conforme o delegado Fernando Possamai, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso – DPCAMI de Criciúma, os menores estavam apreendidos pelos dois roubos, um consumado, contra o delegado aposentado, e outro tentado, contra o oficial de Justiça. "Os autos do latrocínio já foram encaminhados ao Fórum, mas não tenho conhecimento se neste caso a internação foi deferida, ou não", conta a autoridade policial.

Sobre o motivo das solturas, a Vara da Infância e Juventude não oferece informações, por conta de processos envolvendo adolescentes tramitarem em segredo de Justiça. Porém geralmente decisões de soltura de infratores ocorrem devido ao magistrado entender que, "soltos, eles não oferecem risco à sociedade". Quando já internados de forma definitiva, o que pode durar até três anos, eles ainda passam por avaliações de seis em seis meses, podendo ganhar a liberdade num desses procedimentos. No caso dos assaltantes e latrocidas confessos, uma das hipóteses é de que venceu o prazo de internação provisória, de 45 dias, não havendo outra decisão acerca da internação definitiva pela Justiça, sendo eles, então, postos em liberdade.

Autoridades caracterizaram como um absurdo, relatando desânimo, até por conta de que, em ambos os casos, além de se tratar de crimes graves, eles confessaram, proferindo a já velha expressão da segurança pública de "estamos enxugando gelo".

Com informações de Talise Freitas / Clicatribuna