Trânsito

Amrec sedia 1º Fórum de Transporte e Desenvolvimento Regional

Falhas na logística e tecnologia como aliada foram alguns dos assuntos abordados.

Foto: Vanessa Amando

A manhã desta terça-feira (15) iniciou cedo na sede da Associação dos Municípios da Região Carbonífera – Amrec, com a realização do 1º Fórum de Transporte e Desenvolvimento Regional. Idealizado pela Doutora em Planejamento de Transportes e Desenvolvimento Urbano pela Universidade de Tübingen, na Alemanha, Natália Martins Gonçalves, em parceria com a Amrec, o evento reuniu autoridades políticas, empresários, membros do terceiro setor, especialistas e a sociedade civil para debater e buscar soluções para a temática transporte – de cargas e passageiros – e alavancar o desenvolvimento da região.

Profissional de renome internacional e ampla atuação acadêmica, além de atuar em projetos voltados à iniciativa pública e privada, Natália lembrou a evolução dos transportes no Brasil e no mundo. “Os transportes redesenham o mundo. A matriz de transportes de um país está diretamente ligada ao seu desenvolvimento. No Brasil, no entanto, falta conectividade entre os modais e há limites para a expansão da infraestrutura. Somente o poder público não consegue resolver os problemas, é preciso mudar o padrão da gestão pública, mas também o da gestão privada. Empresas não investem onde não há infraestrutura, então seria importante que elas entendessem isso e passassem a investir nesse setor”, afirmou a especialista.

No Sul catarinense, ela foi responsável pelo planejamento operacional e implantação do Sistema Integrado de Transporte Coletivo de Criciúma, em 1996. “Trabalhamos o desenvolvimento urbano orientado pelo transporte. Foi um desafio muito grande para a época, planejamos em um dia e executamos de uma só vez o que outros municípios levariam anos para fazer. O processo foi intenso, mas gerou muito sucesso, tenho orgulho desse trabalho e apresento o projeto em cidades do mundo todo, sempre recebendo elogios”, destacou.

Natália também falou sobre a importância da conectividade na infraestrutura de transportes na região Sul de Santa Catarina. Segundo ela, os municípios de Criciúma, Forquilhinha, Içara, Jaguaruna e Imbituba estão servidos dos mais variados meios de transporte: rodoviário, ferroviário, aéreo e portuário. Entretanto, apresentam falhas de conectividade entre eles.

“Não dá mais para esperar para agir daqui 10 anos, é preciso pensar de forma estratégica hoje para ter os reflexos positivos no futuro. Como colocar passado e futuro em função do hoje? A tecnologia está aí como nossa aliada, assim como a comunicação. Também é preciso trabalhar mais o macro, o desenvolvimento da região como um todo, e não pensar somente nos problemas de um município específico”, concluiu a Doutora.

A participação do Estado

Foto: Vanessa Amando

O deputado estadual e ex-secretário de Infraestrutura do Governo do Estado, Luiz Fernando Cardoso, o Vampiro, também participou do debate e apresentou um briefing das obras encaminhadas e entregues pela Secretaria no Sul catarinense no último ano. Conforme ele, Santa Catarina é o estado que mais investe em infraestrutura no Brasil, contabilizando R$ 1,9 bilhões em investimentos em obras nos últimos meses em diversos municípios.

“Assumi a Secretaria em janeiro de 2017 e havia muitas obras paradas aqui no Sul, entre tantas outras em andamento no estado. Alguns exemplos de obras estagnadas eram a Serra do Corvo Branco, a SC-442, Via Rápida, o acesso Norte ao porto de Imbituba, Serra do Rio do Rastro, entre outras. A partir desse levantamento, trabalhamos para dar andamento às obras estruturantes na região Sul. Se somar todo o investimento em obras no Sul do estado chegamos a R$ 87 milhões somente no último ano”, ressaltou Vampiro.

Ainda de acordo com o deputado, a região Sul catarinense já sofreu muito com os anos de espera pela duplicação da BR-101. “É uma rodovia que nos massacrou de forma muito intensa. Houve um êxodo empresarial muito grande. Durante anos, esse foi um indicativo negativo para o estado, principalmente para a região Sul, por isso a importância de dar andamento às obras estruturantes nos últimos anos”, pontuou.

Içara e Forquilhinha como exemplos

Foto: Vanessa Amando

O prefeito de Içara, Murialdo Gastaldon, e o vice-prefeito de Forquilhinha, Felix Hobold, participaram de uma mesa-redonda para apresentar os cases dos municípios. Além de sugerir a Amrec a criação de um Consórcio Regional de Transporte, assim como já existe o Consórcio de Saúde, Gastaldon destacou como Içara cresceu a partir do desenvolvimento dos transportes.

“A chegada da ferrovia começou a mudar a aparência da nossa cidade, assim como a BR-101 e a SC-445. Ambas mudaram o eixo de desenvolvimento de Içara, a migração é notável ao longo dos anos. Também notamos isso com a instalação das empresas, já que, das 100 principais empresas de Içara, 80 estão localizadas nas margens dessas rodovias, sendo que elas não existiam antes das rodovias, elas se instalaram depois”, declarou Gastaldon.

Hobold ressaltou a importância da integração da região Sul. “A questão dos transportes é fundamental, mas eles precisam estar conectados. Forquilhinha possui três modais de transporte importantes: o rodoviário, ferroviário e aéreo, e eles servem toda a região, por isso as ações do Governo de Forquilhinha também representam os interesses da região”, afirmou.

Terminal Intermodal Sul e transporte ferroviário

O gerente geral do Terminal Intermodal Sul – TIS, Marcelo Siqueira, falou sobre os desafios da implantação do TIS, o qual promete ser um divisor de águas para a economia do município de Içara. “Hoje, os custos logísticos no Brasil equivalem a aproximadamente 11,5% do PIB nacional. Por isso é tão importante pensarmos no transporte ferroviário de cargas e na integração e multimodalidade na logística portuária. Em um cenário econômico de baixo crescimento e busca por eficiência, uma ferrovia oferece várias vantagens, entre elas o acesso sem filas aos portos”, afirmou.

O diretor da Ferrovia Tereza Cristina S/A – FTC, Benony Schmitz Filho, completou: “O Brasil possui uma vasta malha ferroviária, mas a maior parte está suspensa. A nossa colocação ruim no ranking da infraestrutura a nível mundial é proporcional aos investimentos na área e a falta de planejamento. O transporte rodoviário é muito intenso e competitivo, já o ferroviário pode alavancar o desenvolvimento regional”.

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InovAMFRI

Por fim, o gerente do InovAMFRI, João Luiz Demantova, apresentou o projeto que integra e planeja o futuro dos 11 municípios da região da Foz do Rio Itajaí, no Norte do estado. Trata-se de um projeto com três eixos: desenvolvimento econômico regional, formação de líderes para a gestão pública de qualidade e mobilidade urbana regional. O InovAMFRI já está sendo executado com recursos do Governo do Estado (R$ 8 milhões) e dos próprios municípios (R$ 800 mil), além de contar com a parceria de entidades como Sebrae/SC, Universidade do Vale do Itajaí – Univali, entre outras.

“O Sul também deve se mobilizar para criar um projeto nesses moldes dentro da Amrec, realizando estudos e projetos de mobilidade urbana regional integrada. A mobilidade é fundamental para o desenvolvimento de qualquer região”, ressaltou Demantova.

Colaboração: Vanessa Amando / Partner NBCom

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